EM CASA

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- Shopia. Vamos! O jantar está na mesa. Venha logo, imaginei que estaria aqui, nunca sai desse lugar só vive nesse campo sem fazer nada. Anda logo!

Olhei para trás e era meu pai me chamando.

"Que raiva, ele nunca me deixa em paz, só vive me questionando."

- Já estou indo. - O dia estava acabando e o sol tardia no céu, me levantei e caminhei sobre aquelas flores.

Cheguei em casa e meu pai estava com a cara fechada. Tomei banho e fui jantar.

- Eu não quero você indo para aquele lugar, ainda mais perto de escurecer. Já basta aquela merda de livro que você lê. Se continuar assim vou te proibir de ir la no campo e vou jogar aquela porcaria fora.

- Minha bíblia não é uma porcaria. E fui ao campo no período da tarde.

- Não interessa! Olha a hora que você entrou já é 18:00hs. Você acha que está certa?

Minha vontade era de explodir um monte de palavras para meu pai, mas respirei fundo e me calei. Entrei em meu quarto e tranquei a porta, sempre fui questionada por ser cristã. E o ateísmo sempre foi algo que meu pai adotou desde que minha mãe morreu. Deus para ele não existe e se existisse não existiria mais. o ateísmo se apoderou dele como um refúgio para tamanha dor e sofrimento.

Ele acredita que Deus matou minha mãe. Eu também achava, até que, quando duvidei da situação, pude perceber que nada acontece se não for permissão de Deus, se Deus à levou. É porque Ele quis poupa-la da dor e sofrimento.

Minha mãe sofria de leucemia e todos os dias a doença à machucava, enfraquecendo seus ossos e seu sangue já não era o mesmo, e por causa dessa doença, pude acreditar nos propósitos de Deus e em sua existência, mesmo não podendo vê-lo. Mas senti-lo.

Antes de ser cristã eu apenas vivia minha vida, sem se importar com qualquer outra coisa que me impedisse de fazer o que quisesse, só saia com os amigos, não parava dentro de casa. Minha mãe por ser cristã, sempre me falou sobre Deus. Mas nunca cheguei à acreditar muito. O que me satisfazia, era viver o momento e aproveitar o máximo da vida, sem se importar com nada.

Sempre que deitava a cabeça no travesseiro; vinha o seguinte pensamento. "Tenho cama, mas não tenho sono. Tenho dinheiro, mas não tenho saúde, tenho do bom e do melhor, mais algo ainda me falta."

Eu sentia um vazio enorme dentro do meu coração, mesmo tentando encontrar felicidade onde não havia.

Buscava em outras inúmeras coisas para satisfazer o meu prazer, mas nunca era feliz de verdade. Havia noites que chorava sem nenhum motivo depois de chegar em casa das festas, sem ao menos entender o porquê das lágrimas derramadas no travesseiro. E no dia seguinte, acordava fazendo as mesmas coisas. Até que recebi uma  notícia que me paralisou.

Minha mãe, estava toda intubada na cama do hospital, sem cabelos, olhando para mim com olhos fundos e desgastados. Quando vi aquilo, me desesperei. E foi a partir daí que tive o meu primeiro encontro e minha primeira experiência.

De repente, senti algo diferente no coração.

Era como se todos os avisos que ela havia me dado sobre Deus, parecesse como flashbacks na minha cabeça. Ela dizia que só Quando eu sentisse uma dor verdadeiramente incontrolável iria me lembrar das promessas de Deus. E foi o que aconteceu, naquele momento me lembrei de seu sorriso, na qual sempre surgia ao falar sobre a bíblia.

Ao me lembrar de todas as coisas que me falará, vi uma luz branca no meio de um monte de escuridão em minha mente. E verdadeiramente aquelas lembranças  trouxe uma felicidade através daquela situação dolorosa.

"Acho que era o começo da fé em meio a tanta dor e sofrimento."

"Porque eu não ouvirá minha mãe antes!"

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