— Dália! — Exclama com urgência, posso ver um pouco de tristeza em seu olhar e posso sentir o desespero em sua voz, ele puxa minhas mãos, tentando afastar meus dedos da raiz em que aperto. — Quer parar e me escutar, por favor?

— O que? — Sinto as lágrimas encherem meus olhos de novo.

— Por que está achando que vou pedir para você ficar? — Questiona ainda olhando dentro de meus olhos, pisco cansada. — Nós acabamos de nos casar, Dália, somos um casal, somos parceiros e sempre foi assim! Antes mesmo de oficializarmos, porque o que fizemos foi só oficializar! — Sua voz abaixa agora que sabe que estou ouvindo, mas os olhos continuam presos ao meu, como se quisesse provar sua verdade. — Eu estou preocupado assim como você, sei que está nervosa, sei que seu desespero é válido, sei disso! Não estou menosprezando sua dor, sua tristeza, estou querendo que você se acalme, estando nervosa desse jeito, não vai conseguir chegar nem ao hotel inteira! — Chris que sempre parece calmo, agora parece estar nervoso, bem nervoso, respiro fundo e ele solta um suspiro. — E são nossos filhos! Ouviu? Nossos! São nossas responsabilidades, eu assinei aqueles papeis no mesmo dia e horário com você! Fiz pelos três e não só porque amo você, amo os três! — Sua mão direita larga meu braço e sobe até os meus fios de cabelo, ele afaga, ajeita, passa paz e carinho com um toque, fecho os olhos me sentindo mais calma. — Vocês são a minha família, poxa, pensei que isso já estava claro.

Solto um suspiro meio sôfrego, pendo minha cabeça para o lado com os olhos fechados e estico minha mão direita até a minha nuca e massageio com as pontas dos dedos; Chris está certo, realmente me exaltei e somente o fato dele ter entendido, dá relevância no quanto ele me conhece,  sinto uma culpa por ter dito aquilo sobre as crianças, ele vem caminhando conosco por dez anos sem pedir nada em troca, foi maldade da minha parte falar que eram meus filhos e que estávamos sozinhos. Fui explosiva e não pensei direito antes de sair falando bobagem, mas quem é a mãe que pensa racionalmente sabendo que os filhos correm perigo? Não conheço nenhuma e já deixei claro que não sou esse tipo de pessoa para qualquer tipo de situação, sou explosiva sempre e assim como fui agora, vou dar o braço a torcer e me desculpar com Chris.

Abro os olhos e me endireito, ele continua parado me observando, esperando que eu falar alguma coisa.

— Certo me desculpe, Chris. Eu me exaltei, entrei em completo desespero. — Acaricio seu rosto e então vejo pelo canto do olho nosso carro se aproximando. — Desculpe ter falado aquilo sobre as crianças, você tem direitos tanto quanto eu, fui egoísta, mas quero ir embora hoje mesmo, por favor! — Exclamo sucinta, Christopher me olha com carinho e sorri. — Estou falando sério, Christopher! Vamos pedir para o piloto do jatinho vir ainda hoje, na próxima hora seria essencial! 

Christopher solta uma risadinha e me puxa para seus braços, bem quando o homem se aproxima e entrega a chave do carro, agradecemos e assim, depois de acomodados e com os cintos, Chris volta a falar.

— Tudo bem, Lia, é normal perder o controle em momentos como esses. — Segura minha mão e leva até os lábios, beijando com carinho. — Mas não sei o piloto vai atender logo cedo, dei os dias de folga para ele. Qualquer coisa a gente gasta todo o dinheiro do Eduardo para alugar um helicóptero e nos levar até o aeroporto.  

— Estou tão preocupada com eles, Christopher! — Murmuro colocando a mão no peito e esfregando, um aperto desconexo. — Estou com um aperto estranho no coração, aqui sabe? Nessa região do peito. — Ele acena depois de olhar rapidamente em minha direção e depois volta a olhar para a avenida movimentada e cheio de luzes por toda a parte. — Algo aqui dentro está me falando para ir pra casa, estou sentindo que alguma coisa vai acontecer...!

— Minha mãe sempre diz que pressentimento de mãe é sério e sempre acontece. — Ele murmura e logo parece se arrepender pois me olha alarmado, sinto meu coração se agitar. — Calma, não significa que com a gente isso vai acontecer. 

A Babá Fantástica |REVISADO|Where stories live. Discover now