Com um abanão com a minha mão, desligo a televisão, e começo a colocar a comida da mesa.
— Oh, bom dia, senhor — digo eu, parecendo espantada, com os pratos de comida na mão.
— Bom dia Liz. O que é o pequeno almoço? — pergunta a esfregar os olhos.
— O costume, senhor. Mas hoje decidi fazer uns ovos, bacon e salsichas. Calculei que estivesse com mais fome devido ao jantar de ontem e visto que não comeu nada antes de dormir. Quer sumo ou leite?
— Quero sumo — responde, com um ar confuso — Espere — com a sua ordem paro o que estou a fazer e olho para ele.
— Diga senhor. — respondo com o jarro de sumo na mão.
— Porque é que estavas já a por a comida na mesa se eu podia vir mais tarde? — questiona— Podia ficar fria.
— Oh, pode não parecer, mas eu já o conheço, senhor. Desde a primeira semana que cá vive, tenho monitorizado as suas horas de sonho, resultando num período médio de 10 horas por noite. Logo, a julgar pela hora que se deitou ontem, calculei que hoje acordasse mais ou menos às nove. Que horas são? — olho para o meu relógio de pulso — 9:15.
— Isso é incrível — responde, com um ar inédito.
— Não é incrível, senhor. É uma certeza matemática. Mas por favor, sente-se — aponto para a cadeira que lhe é destinada.
— Por falar nisso — responde enquanto se senta — Quem me levou lá para cima?
— Fui eu, senhor. Achei que acordá-lo não seria a melhor opção, e muito menos ficar a dormir no sofá, por isso eu mesma decidi levá-lo lá para cima com os meus próprios braços.
— Tu? Como? Eu peso 70 quilos — responde.
— Não sei senhor. Parece que desde pequena que tenho facilidade em levantar pesos, sem qualquer problema ou dor — minto, rindo por dentro.
Fica de boca aberta.
— Por favor, senta-te — convida-me ele.
— Com licença — sento-me no topo da mesa, de forma a ficar frente-a-frente com George. Pego no jarro de sumo e deito um pouco para o meu copo.
— Não há lugar para a Jane?
— Claro que há, senhor. Ou melhor; haverá. Ontem a menina ficou acordada até tarde por estar a trabalhar, por isso ela ficará a dormir mais ou menos até às 10:30. Tenho que fazer um pequeno almoço leve para a menina. Talvez umas torradas — digo a comer delicadamente o que tinha no garfo.
— Elizabeth, o que estás a fazer é arrepiante.
— Não faço nada mais do que aquilo que uma governanta deveria fazer, senhor.
— Bem, sendo assim muito obrigado, por fazeres bem o teu trabalho — de nada, querido.
— Obrigado, senhor. Agora coma. Parece esfomeado.
— Elizabeth, diz-me.
— Diga, senhor.
— Que história era aquela? — pergunta a começar a comer os seus ovos mexidos.
— Que história, senhor? — já sei perfeitamente do que é que ele está a falar.
— Aquela sobre a Jane.
— Oh, sim. Eu previ.
— Como assim "prever"?
— Senhor George. Como já lho tinha dito antes, eu vejo coisas. Coisas que as outras pessoas não veem, e com isso quero dizer que consigo prever o futuro.
— Queres dizer que consegues ler a cina?
— Sim, mais ou menos. Mas não preciso de ver a mão de ninguém para ver o seu futuro. Basta se encontrar no mesmo local que eu e eu sinto a sua energia, por menos poderosa que seja, é inevitável.
— Isso é incrível. Desde quando é que tens estes poderes?
— Desde os meus 12 anos, senhor.
— E como é que soubeste que era realmente... um dom?
— Bem, de início eram pequenas coisas. Como sonhos. Sonhava com o meu futuro. Nada de muito complicado, só que a iria chover no dia ou na semana seguinte. Claro que naquele tempo ninguém poderia imaginar que a previsão do tempo era possível. Nunca contei a ninguém do meu dote, mas não conseguia estar numa sala com mais de 20 pessoas, ou a minha mente explodia.
— E hoje como controlas isso? — pergunta a olhar fixamente para mim.
— Vai fazer 50 anos que descobri este dom. É claro que durante 5 décadas é necessário saber controlar o nosso poder.
Vejo-o a refletir um pouco por si próprio. A minha capacidade de telepatia está a dar a entender que ele está a perceber que aquilo que eu lhe disse não foi inventado.
— E... que mais vê no meu futuro? — olho para ele como se desse a entender que me estou a tentar concentrar e ler o futuro do homem.
— Não consigo ver, senhor — minto eu.
— Como assim não consegues ver? — pergunta irritado.
— Lamento, senhor. Mas a sua aura revela uma pessoa reservada e tímida. Quer deixar as suas coisas serem as suas coisas sem mostrar a ninguém.
— Ena — diz meio espantado — E o futuro da Jane?
De repente, a Jane entra na cozinha com o cabelo despenteado, uma t-shirt laranja que lhe chega até aos joelhos, descalça e ainda a bocejar.
— A Jane o quê? — pergunta a fechar a boca.
— Oh, eu e a Elizabeth estávamos a falar sobre... — olho para George. Estou a larçar-lhe um olhar que quero que ele interprete como se não revelasse nada à sua namorada a cerca de nossa conversa de agora.
— Sobre... ?— pergunta ela à espera que George continue.
— Sobre... a sua história em Nova Iorque. Ela vivia no Texas e depois veio viver para Brooklyn, não é engraçado? — responde, a tentar disfarçar o melhor possível. Olho para George e lanço-lhe um sorriso leve, dando-lhe a entender que fez um bom trabalho.
— É verdade. Estava a contar a cerca de uma tia minha que já morreu e que era como uma mãe para mim — minto enquanto bebo a minha chávena de café — Menina, acordou cedo, deixe-me preparar-lhe o seu pequeno almoço. Sente-se.
Enquanto o casal estava prestes a dialogar, sinto uma dor forte no peito, deixando um prato que tinha na minha mão cair no chão, deixando-o em destroços.
Acho que foi alguma coisa que aconteceu em Veramer.
Acho que foi alguma coisa que aconteceu com os meus sobrinhos.
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A Empregada Extraterrestre
Научная фантастикаElizabeth Dunn conta neste livro a sua verdadeira história. A sua missão, enquanto habita no planeta Terra, é encontrar um herdeiro digno dos seus poderes: George Clark. Apesar de ser contra as leis do seu planeta, Elizabeth conta com a ajuda do se...
15 - Perguntas
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