Prólogo

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Misaki Mei

Algumas horas são mais sombrias que outras. De que adiantaram as correrias desesperadas para salvar vidas, se no fim tudo parece se desfazer diante da ameaça implacável da Salme?

Será que Yuki ainda confia em mim? E se a resposta for não, estaremos destinados ao fracasso?

O maior dilema é buscar apoio após cometer um erro, pois uma vez que falhamos, perdemos a confiança de todos ao nosso redor.

Falando em confiança, veja só este exemplo: A.R.A.O. (Acordo da Resistência Ante Ocidental), a causa da divisão que assola metade do mundo. Tudo começou com a arrogância de um homem que se considerava superior aos outros. Ele elaborou planos sinistros, distorcendo os fatos para que sua visão prevalecesse. E ao ver sua ideologia se espalhar entre os ingênuos, pensou: "Por que não ampliar minhas mentiras, formando um exército de seguidores?”

Esses pensamentos me fazem questionar a essência da palavra alienação. Há uma união mórbida, alimentada pela má fé, de países que se uniram contra a suposta opressão ocidental. Um conceito deturpado que se espalhou como uma praga nos países Orientais.

O mundo que conheci foi dilacerado, dando origem à Terceira Guerra Mundial. A Salme, um produto desse conflito, transformou-se em uma ameaça maior do que a própria guerra. Os infectados foram caçados, marginalizados, vistos como abominações a serem erradicadas. E ainda assim, a força do A.R.A.O. permaneceu inabalável.

Os novos humanos foram reduzidos a meros sobreviventes, lutando para preservar sua humanidade em meio ao caos. Sakay, uma cidade arruinada, tornou-se refúgio para muitos desses "Seres". No sudoeste, uma parcela consciente encontrou abrigo na chamada Assistência.

Se esse não fosse meu único lar, talvez eu reclamasse. Mas agora, tudo o que consigo pensar é no quão precioso é ter qualquer lugar mim. Mesmo diante das condições precárias, é aqui que encontro pertencimento. E agora, enquanto minha mente se torna turva e a consciência escapa aos poucos, é como se o chão se abrisse sob meus pés.

O pior de tudo é imaginar o A.R.A.O. assumindo o controle da minha vida, transformando-me em mais um fantoche em suas mãos cruéis. E Neko... o que será dela? E eu? O que será de mim? Essas perguntas me assombram enquanto me vejo lutando contra a escuridão que se aproxima...

Esses pensamentos me fazem questionar se minha vida foi realmente tão ruim assim. Adeus, Pai. Adeus, barraca.

Essas despedidas ecoam em minha mente, como um sinal de que tudo está prestes a se desvanecer...

Neko TamuraWhere stories live. Discover now