Colcha de retalhos
Esse peso sempre volta
Não posso encarar seu final
Me põe para dormir
Por horas eu desejo não existirDesfaço no ar para não ser percebida
Sim, está certa
Me culpo por ter nascido
E não posso impedir está avalanche de dor
Toda vez que meu aniversário se aproximaSou a escória, o caos motivador
A assombração desta casa
Uma pedra em seus sapatos
Um sangue suga indesejável
Não aceito seu carinho piedosoNão enxergo motivos
Entre tantos escombros desta sensação
Ainda poderia me entregar a cova destes leões famintosSou uma sensível pena que flutua
Pode se desfazer ao mero toque
Odeio todas minhas singularidades
Simplesmente por não serem minhasEntendes? Não tenho direito de existência
Meu eu é a soma de ideais e expectativas
Que se quebra sozinho
Volta a remendar-se
Uma colcha de retalhosNeste universo tão vasto
Sou meramente um átomo solitário
Em processo de frixao
Prestes a desmontarEu não poderia me amar ou odiar
Sem a opinião de outro alguém
Porque não existo
Não penso, mal sintoPoesia monta as silhuetas
De quem eu poderia ser
De quem talvez eu seja, mas não permito
És meu único refúgio
Em meio às ondas terríveis que me pressionam ao fimMeramente sob toque bruto deste lírio rosa
Desfaço no arPara sempre este remendo de expectativas
Onde a linha da costura é movida pelo medo singelo
Apegado a alma destes recortes
Que tão bem emendo em minha carne
Para que não quebre sob a tempestade
De seus olhos castanhosPara que em frente a este espelho
Fulmine a falsa identidade cravada em minhas sinapses
E sustente este fino fio
Que minha vida se equilibra
Não por maestria, mas sim pelo medo da queda.— Saturna
M.B
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Angústia & Poesia
ŞiirO poeta sempre será produto da angústia ____ • Plágio é crime! ___ ☆ #1 Indagações (18/10)