𝟎𝟑 : ❛serpentes no jardim do luto❜

Începe de la început
                                    

Ela não soube negar à Deianyra, mesmo que quisesse permanecer sozinha sob o luto, digerindo os próprios sentimentos. No fundo, a Targaryen almejava desesperadamente os braços calorosos, que emanariam fogo de brasa aos seus, o cheiro de lavanda fresca e morango silvestres do corpo feminino, tal como as palavras belas e gentis em seu ouvido. Rhaenyra não tinha a mínima noção de como pedir, falar ou agir — não com sua mente processando a morte de sua mãe por um herdeiro.

"Foi uma morte em batalha" diria Rainha Aemma.

Existiam muitas coisas das quais Deianyra desprezava, mais ainda das quais estimava e certamente as que permaneciam além de seu controle, instauram a sensação de impotência. Ali, sobre uma pilastra em um ponto cego do castelo, apreciando o vento sobre sua face, cogitando a forma mais apropriada de invadir os aposentos de Rhaenyra e a confortar, afirmar que continuaria ao seu lado, acariciar seus cabelos e beijar seu rosto, livrando-a de tamanho desconforto, do luto que seria eterno, uma ferida inflamável que sangrava permanentemente.

Escutou passos, a presença masculina ao seu lado, Daemon Targaryen.

Ele detinha noção que Deianyra cederia os intermináveis afagos à sua sobrinha — quem ele encontrava-se preocupado — mas, existia um aspecto do qual seria irreparável, soube que a Velaryon presenciou a cena, a morte em trabalho de parto, da relação íntima que detinha com Aemma, mesmo que não fosse sua mãe, recebia diversos mimos, inclusive era defendida e suas aias diziam o quão bondosa a mulher poderia ser acobertando falhas de comportamento da menina.

Isso é claro, sem contar o facto central de Aemma ter sido a madrinha de Deianyra Targaryen em toda a sua vida.

De alguma forma, desde que retornou, enxergou o amadurecimento precoce da jovem, pouco entendia o motivo, Rhaenyra — que vivia ao seu lado — não exibia em seus olhos, tampouco em suas ações tamanho temor, hesitação pelo futuro, por uma guerra.

Ele percebia a hesitação, a inquietação, captava as ações impacientes, a paixão pela arte da luta não era meramente um passatempo, deveria ser uma necessidade, havia ansiedade. Pela segunda vez, de alguma forma, poderia jurar vê-la revirar-se, gritar com toda força de seus pulmões que uma tempestade viria.

— Os deuses realmente parecerem querê-lo no trono, príncipe Targaryen — ela usou a forma de tratamento que arrancou uma expressão semicerrada.

Ouvir palavras sobre o trono não era exatamente o que esperava de Deianyra, especialmente após momentos em um funeral. Ao notar a falta de resposta, ela o fitou.

— Não há tempo para luto, não com a tempestade que se aproxima, especialmente com as cobras que serpenteiam o castelo.

Dessa vez, quis rir. Embora, compreendesse a fala, mais do que ciente de que deveria ser realidade. Céus, não poderia descrever a forma que apostava que seu irmão seria completamente manipulado pelos membros do pequeno conselho mas, ressoava irônico ao notar que Coryls Velaryon — o pai da protagonista — fazia parte da pequena cópula.

— Se não há tempo para luto, por que o faz sozinha? — Daemon atreveu-se a indagar, tocando em sua ferida. — Pode não derramar lágrimas mas é visível em seu semblante, você está sofrendo.

Existia um senso de cautela, a mocinha não era a única a estar afetada. A diferença, no entanto, habitava em como Daemon lidava e reagia, enxergar a dor latente de seu próprio irmão, Viserys, mesmo que sem dizer em voz alta, o perfurou tanto quanto a força que Rhaenyra apertou as mãos de Deianyra em busca de conforto.

Sobre a camada selvagem e impetuosa do homem, habitava um homem severamente consternado, perturbado e rejeitado. Ele, mesmo que soubesse ser ideal, não aproximava-se, não por ninguém, mas por si mesmo. Houve uma força desconhecida em seu interior, que o forçou, quis falar com a mais nova, mais do que deveria.

VALENTE✧ HOUSE OF THE DRAGON ¹ ✓Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum