— Eu...

— Sei que quer ir embora, que quer voltar para casa e que planeja fugir, é nítida a sua falta de vontade de morar aqui, mas ficar lá ofereceria um grande risco a sua vida, a minha vida e a vida do bebê.

Desvio o olhar, não gosto que ele esteja chorando assim.

— Sou tão digno de você quanto Sven, sou digno do seu afeto e da sua atenção tanto quanto qualquer outro e não pode me negar o direito de tentar cativá-la. Por favor, não me despreze mais, ok?

— Não desprezo, mas não me apeteço das suas escolhas.

— Não deve concordar, mas se quisermos ser felizes temos que deixar as diferenças de lado e tentar vivermos juntos e bem.

— E quanto aos meus pais? Minha família?

— Falarei com vovô e estudaremos uma forma de voltarmos para lá, mas apenas quando as coisas estiverem mais calmas, até lá eles podem vir te visitar a cada quinze dias.

Suspiro, não gosto de não poder ficar perto dos meus pais, mas também detesto olhar para ele e me sentir mal por pensar que terei que deixá-lo.

— Não deveria ter feito sexo com você, isso sim.

Ele sorri e me abraça novamente, devolvo o abraço e o beijo com um sorriso nos lábios, mesmo que não deva ou possa, mesmo que seja o maior erro que estou cometendo em toda a minha existência.

— Cuidarei de você, Mic, protegerei você.

Empurro-o pelo ombro e sou puxada, rolamos na cama e ele beija meu pescoço, mas isso me faz cócegas e acabo rindo muito alto, empurro-o novamente e rolamos mais uma vez, nesse momento escuto o som da porta do quarto sendo aberta e Virgo puxa os lençóis da cama nos cobrindo até o pescoço, me escondo embaixo dos lençóis coberta de vergonha.

— Mamãe! — exclama ele irritado.

— Ah, que alívio, consumaram o casamento, teria que chamar o seu irmão para anular caso ela persistisse em esperar pelos pais dela — escuto a mãe dele falar com a voz cheia de tédio. — Escutem-me os dois, seu avô não poderá vir então decidi remarcar para amanhã um jantar com a família, Hielena, foi consensual?

— Minha mãe! — agora ele está realmente ofendido.

— Sim senhora minha sogra — respondo colocando a cabeça de fora.

— É importante que seja, mesmo que conheça o caráter do meu filho ainda tenho plena certeza de que é homem e homens algumas vezes fazem coisas estúpidas, aproveitem a noite e descansem bastante — ela está retirando a mesa e colocando os pratos em uma bandeja sob a mesinha com rodas.

Depois que fala ela sai do quarto empurrando o carrinho, fecha a porta atrás de si, Virgo me olha e depois sorri com uma cara de bobo, acredito que essa seja a primeira vez que o vejo me olhar dessa forma.

— Sua mãe quis dizer que tem homens que violam suas esposas na primeira noite após o casamento, não é?

Ele para de sorrir e depois se acomoda ao meu lado na cama.

— Temos tido muitas queixas, essa é uma das nossas pautas para investirmos mais sobre educação sexual, ainda assim muitos homens em diversos momentos são violentos com as esposas em suas primeiras vezes.

— Talvez isso ocorra justamente por eles não terem a oportunidade de terem relações na adolescência, como era com os antigos povos.

— Não seja tão complacente com os homens, muitas mulheres também esperam e nem por isso as faz agir como animais na hora do sexo, não tem a ver com o voto de castidade, isso seria facilmente resolvido, para mim só faz sentido pensar que a natureza de algumas pessoas é de fato violenta — ele segura a minha mão e a ergue depois a beija. — Nada seria diferente se fizessem sexo antes a prova disso são os exilados e os desertores, eles têm suas próprias regras e fazem o que bem entender, há relatos de muitas moças que sofrem abusos de seus pais ou irmãos, todas que conseguem fugir e retornam demonstram gratidão por serem preservadas e protegidas do convívio deles.

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