Capítulo 1

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Assim que os sensores de luz em volta da casa indicaram que o sol havia se posto, as persianas blackout blindadas foram levantadas, indicando uma bela noite lá fora. No relógio, 19:15.

Acordo com sede. Na última semana tenho me sentido assim. Uma sede fora do normal. Mas não a nada estranho nisso, é apenas um sinal. Um sinal que estou atingindo a maioridade. Ao mesmo que tenho que tenho esperado por esse momento, também me encontro receosa por tudo que inclui nesse novo estágio.

Ouço passos se aproximando da minha porta. Um dos benefícios que estou adquirindo. Não era necessário que minha mãe batesse na porta, mas mesmo assim ela o fez.

- Pode entrar. – Digo em tom baixo. Sei que é o suficiente para ela escutasse.

Lilian, vulgo minha mãe, adentrou o quarto cautelosamente.

- Você está bem? – Ela pergunta me analisando.

Essa pergunta era feita com frequência. Aparentemente, aqueles que atingiam a maturidade ficavam agressivos em seus últimos dias de transição. Não era meu caso. No começo houve estranhamento relacionado ao fato que eu me manter calma, porém apresento todos os demais sinais.

- Estou sim, mamãe.

Ela assente a cabeça positivamente. No fim, sabia que minha mãe estava feliz por eu passar por essa transição de forma tranquila.

- Está com sede?

Viro imediatamente em sua direção. Meus caninos automaticamente alongaram, revelando minhas presas. Passo a língua as sentindo. Outra coisa que gostava na minha mudança.

- Estou. Muita. – Falo seriamente.

Lilian se senta próxima a mim na cama. Ela arregaça a manga expondo seu pulso para mim. Não hesito. Finco meus caninos em seu pulso e sugo seu sangue. Dessa vez estava diferente. Sempre me alimentei de minha mãe. Isso estava para mudar. Após apenas um minuto, paro.

- O gosto está esquisito. – Falei. – Não está bom...

- Seu corpo está começando a rejeitar meu sangue. – Ela fala pensativa. – Acredito que você tenha mais um dia só até completar sua maioridade. Precisamos conversar como será sua alimentação daqui para frente... Quando seu pai acordar, desça para falarmos sobre o assunto.

Ela se retirou do quarto apressada.

Um dia? Está muito cedo! Achei que teria mais tempo.

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Não demorou muito para que ouvisse meus pais se reunindo na sala. Eles me aguardavam.

Me cubro com o roupão de seda por cima do pijama que usava. Desço as escadas com hesitação. Não tinha certeza se estava preparada para a completa mudança.

- Sente-se, Lena – Meu pai ordena assim que adentro a sala. Obedeço imediatamente.

Lionel sempre foi autoritário e sério. Também não era para menos, meu pai era o mais antigo de nossa espécie. Assim como eu, nasceu com a linhagem de vampiro e passou pela transição. Minha avó, já morta, treinou-o para ser sucessor da linhagem nobre dos Luthors, a primeira família. E agora, é minha vez.

- Sua mãe me contou que provavelmente sua transição acontecerá em breve. – Ele se recostou na cadeira e sorriu. Um de seus raros sorrisos. – Estou muito feliz com a novidade.

- Que bom, papai. Se o senhor está feliz, também estou feliz.

Ele alargou mais o sorriso e me permito retribuir com um sorriso mais contido.

- Sobre a alimentação dela... – Minha mãe começou.

- Sim, vamos falar disso. – Meu pai voltou a ficar sério. – Minha filha, sua mãe e eu conversamos. Decidimos que deixaremos você escolher.

Desde o momento em que nasci, permaneci nessa casa. Um vampiro que não completou a transição é muito frágil. E meus pais sempre temeram por mim. A procriação dentro de nossa espécie é raro e ocorre apenas nas linhagens de sague puro. Minha mãe costuma dizer que meu nascimento foi um milagre, assim como do meu pai. As únicas pessoas com quem convivi foram meus pais e seus amigos mais próximos.

- Escolher o que? – Perguntei curiosa.

- De quem você irá se alimentar daqui para frente. – Lionel falou calmo. – É seu presente.

Franzo os olhos. Meu pai tinha um amigo fiel de longa data, Luke Spheer. Já havia sido discutido a possibilidade que eu iria entrelaçar minha alma com a do seu filho de criação, Jack. Quando dois vampiros se alimentam um do outro, suas almas se entrelaçam. Em nossa espécie seria o equivalente a um casamento.

- É Jack? – Pergunto confusa. – Ou será outro?

- Como sabe sobre Jack? – Minha mãe pergunta trocando olhares com meu pai.

- Eu ouvi da última vez que o Sr. Spheer veio aqui.

- Sua audição anda muito boa, minha filha. – Meu pai diz com orgulho. – Mas não achamos apropriado você se ligar a alguém no momento. Você é muito nova.

Suspirei aliviada. Não me agradava a ideia de ter minha alma entrelaçada tão cedo, ainda mais com alguém que nem conhecia. Então uma preocupação se apossou de mim.

- Como irei me alimentar? – Pergunto olhando para meus pais.

Meu pai segurou a mão de minha mãe antes de prosseguir.

- Você escolherá um humano.

Humano.

- Será seu escravo de sangue.

Escravo de sangue?

Escrava de Sangue - SuperCorpTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon