Entre austeridades: Contos

O castelo do ogro que colecionava dentes

Para Daniela seria um dia difícil, daqueles que uma ida ao dentista com sua filha proporcionava. Seu marido Thiago, trabalhava, de manhã até a tarde. O casal tinha uma filha, Bia de 9 anos, era portadora de autismo no nível 2. A ida ao dentista seria em uma sexta-feira, enfrentariam o trânsito pesado de Recife. Thiago e Daniela acordaram, tomaram banho, prepararam o café da manhã juntos e depois acordaram Bia. Ele despediu-se e foi trabalhar, enquanto Daniela ajudava Bia a tomar o café, disse: "Bia, hoje iremos ao dentista." A criança ficou inquieta, pois lembrou que lá era o castelo do Ogro que colecionava dentes. A mãe e começou a entrar na fantasia: "Não se preocupe filha, vou levar o arco mágico (que era a bolsa de colo) e você levará seu cajado mágico, nada irá nos acontecer". A menina se preparou, sabia que no caminho apareceriam monstros e outras criaturas. Ao fechar a porta da casa, um mundo fantástico surgiu. Logo se depararam com uma caixa que servia de transporte para o subsolo do castelo onde e eram guardados os veículos mágicos. Essa caixa era transportada por um unicórnio alado. Chegando no subsolo A "Maga Bia", lançou o feitiço que ligava o automóvel (Arqueira Daniela conduzia) e outro feitiço no portão que logo abriu entrando em uma rua com veículos, onde era possível encontrar cavalos rápidos e jericos lentos. Fadas das luzes regulavam o fluxo do trânsito, eram tão poderosas que quando emitiam o vermelho paravam o trânsito, o amarelo era atenção e o verde liberava os carros. Passaram por lugares mágicos, pontes e viadutos gigantescos, até que finalmente chegaram ao castelo do Ogro. Saíram do transporte mágico, sentiram um calor imenso que aumentava à medida que se aproximavam da entrada do castelo. Logo a frente tinha uma porta mágica que não precisava falar "mellon", ela abria apenas se aproximando. Mal entraram e vários goblins surgiram dos cantos menos inesperados, a Maga e a Arqueira com suas armas os derrubavam, um após o outro, até que pararam na caixa transportadora que as fariam subir, esta usava a força de um dragão barulhento. De repente, o transporte parou e elas se prepararam, para enfrentar uma bruxa que estava em uma plataforma de madeira, foi difícil vencê-la! Chegaram em tempo de ver uma vítima do Ogro sair da sala de torturas, caminhando com a boca torta, provavelmente ele tinha acabado de arrancar um dente ou até mais, coitada. A menina conjurou uma magia de proteção e sua mãe entrou com uma flecha no arco, não adiantou muito pois o Ogro era muito poderoso, aplicou em Bia um líquido e ela logo adormeceu. Quando Bia acordou já havia passado das 5 horas da tarde e estava próximo do seu pai chegar. Ela lembrou-se de tudo, mas logo ficou tranquila, apesar de sentir a boca ainda um pouco dormente, pensou: O que teria acontecido com o Ogro?