Capítulo 41

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- Fábio Narrando -

Sabe quando você tenta processar uma informação e não consegue? No mesmo susto que veio a notícia de um novo filho, logo em seguida o aborto se tornou a questão principal da história. Eu não concordava de jeito nenhum com aborto, nada me fazia entender ou aceitar, e isso estava fudendo a minha cabeça. Estou há uns quatro dias tentando falar com a Laís porém a mesma não me respondia e mesmo eu indo na casa dela não adiantava. Hoje tentei mais uma vez e agora quem me atendeu foi o pai dela, se a situação estava ruim, piorou um pouco mais.

- A Laís está aí? - perguntei e ele assentiu

- Entra aí - deu espaço e eu entrei - Ela tá no quarto

- Acho que não vou demorar muito - falei olhando pra ele e o mesmo fechou o portão

- Só tentem manter a calma - pediu e eu suspirei

- Difícil - confessei - Não acha?

- Eu estou com a Dani há 14 anos e há 14 eu escuto que não devo ter opiniões sobre certas coisas porque não cabe a mim - falou simples - Com o tempo pude entender o que ela queria dizer e principalmente que eu nunca irei entender algumas coisas

- Pode ser - falei pensativo - Mas pensamos de forma oposta nesse quesito

- Normal - falou e entramos, ele informou que faria algo na rua mas logo voltava, subi e após bater na porta do quarto da Laís escutei a voz dela mandando entrar

- Fábio - falou assustada e eu fechei a porta

- Não dá pra adiar essa conversa - falei e me sentei

- Precisamos? - perguntou e eu me sentei

- Lógico que sim - falei óbvio - Você não pode falar aquelas coisas e simplesmente ir embora

- Na minha cabeça o certo era te contar - falou e deu uma pausa - E eu sabia que você jamais concordaria, já conversamos por alto sobre o assunto

- É, conversamos - concordei - Mas eu nunca pensei que você realmente consideraria isso

- Não é algo que eu apenas apoio - falou e eu assenti

- Percebi - resmunguei - Mas porquê?

- Já te expliquei - falou e eu neguei

- Você falou um monte de coisas e eu eu tive a minha confirmação que foi o seu trauma falando - falei e ela me olhou incrédula

- Não, não fala isso - negou e riu nervosa - São coisas completamente diferentes

- Não são - insisti - Porra, Laís

- Fábio, por favor - suspirou e passou a mão no rosto - Temos que ter essa conversa?

- Você está colocando o seu trauma na história - falei e ela negou - Como não, Laís? A única explicação pra isso é você ser traumatizada com a situação, não tem explicação pra você matar uma criança

- Matar, Fábio? - riu incrédula - É apenas um feto e nem formado está ainda pra ser chamado de bebê, e eu sei que no fundo você sabe disso, né? É bastante inteligente e tem informação o suficiente

- Mesmo assim eu acho - tentei falar e ela negou com a cabeça

- Eu realmente estou decidida - falou séria - Isso não tem relação com trauma, o que mexia comigo eram as festinhas na escola ou as coisas que citavam uma mãe e nunca tinha o que falar, Fábio, eu não querer prosseguir com a gravidez é o simples fato de não ter vontade de ser mãe - respirou fundo - E isso também está incluso passar por uma gravidez, entende? Aí eu considero a sua proposta de simplesmente entregar a criança pra ti - falou e eu assenti - Como largo uma criança contigo e fico tranquila sabendo que ela vai passar por todas as coisas que eu? Vou ficar naquele processo de gravidez que não é bom nem pra quem quer e no final abandono?

- E vai ficar tranquila com o aborto? - perguntei sério

- Eu vou conseguir superar - falou baixo - Por que eu sei que não serei uma boa mãe, Fábio, eu estou com uns pensamentos estranhos em relação a gravidez e eu realmente não quero estar grávida

- Não quer estar grávida - ri incrédulo - Eu entendo que não é a sua vontade ou o seu sonho mas porra já aconteceu e já está aí, você não pode pensar melhor e talvez mudar de ideia?

- Mudar de ideia colocando o meu coração no rolo? - perguntou e eu fiquei não respondi - É isso que você está me pedindo, tá pedindo para eu pensar no seu sentimento e se eu for pensar vou ficar com pena de você e vou recuar, merda - xingou e limpou o rosto rapidamente - Mas aí, eu vou enfrentar uma gravidez fudida, com a minha cabeça na casa do caralho e se "de boa" já não seria fácil, imagina com a pressão

- Meu deus - respirei fundo e passei a mão no rosto, eu sabia que não tinha mais o que eu fazer - Tem um médico no Leblon e que faz essas coisas, é tudo certinho e não esses açougueiros, ele atende quem tem muita grana e quer algo seguro - peguei um cartão no bolso da calça e entreguei pra ela - Às 10:30 de manhã tem um horário pra você, só dar o seu nome e está tudo certo

- É só ir lá? - perguntou e eu entreguei o cortão

- Só - confirmei

- Você vai fazer alguma coisa comigo? - perguntou e parecia assustada

- Te sequestrar e manter você presa até o nascimento do bebê? - perguntei irônico - Não, não vou

- Fábio - tentou falar e eu me levantei

- Eu não concordo com isso - falei sério - Consigo até entender os seus motivos, mas não concordo, e nada vai fazer eu mudar de ideia em relação a aborto, não sou favor e nunca serei - senti os meus olhos arder e respirei fundo - Mas eu não posso fazer nada, essa é uma decisão sua e eu só posso respeitar

- E-eu - gaguejou e as lágrimas começaram a descer sem parar - Me desculpa, Fábio, eu só não consigo

- Tudo bem - olhei pra cima tentando impedir que as lágrimas descessem - Não precisa se desculpar, é o que você sente e são os seus limites, você não deve ir além deles

- É - falou baixo

- Eu preciso ir - cocei a cabeça - Se cuida

- Você também - falou baixinho e eu saí do quarto, agradeci por não encontrar o pai dela e saí sem falar com ninguém

Piranha Where stories live. Discover now