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Minhas mãos estavam suadas, meu corpo tremendo como nunca, mas eu insistia em dizer para os meus pais que daria conta de tudo.

— Não precisa se preocupar mãe, eu já tenho 19.
— Mas você ainda é um bebê pra mim, Lua. — Ela me envolveu em um abraço apertado e papai juntou-se a nós.
— Qualquer coisa é só ligar. Ahhh, e colocamos uns biscoitos na geladeira, tem pasta de amendoim também, por favor não fique sem comer.
— Eu vou ficar bem mãe, prometo.
— Não esquece o remédio de asma.
— Pai, eu não tive ataque de asma desde a quinta série.
— Eu sei querida mas...
— Pessoal, ta tudo bem, sério, eu consigo.
— A gente acredita em você Lua.
— Obrigada.

Me abraçaram mais uma vez, dessa vez ainda mais forte, seguido de vários beijos no meu rosto, e saíram pela porta no meu mais novo apartamento em Seattle.

Da janela do décimo sexto andar olhei ambos entrando no carro e partindo, de volta para Tennessee, o lugar que eu não veria tão cedo. Não antes de me formar em Jornalismo.

Nunca pensei que fosse mudar de cidade, mas quando ganhei uma bolsa para a universidade dos meus sonhos, não pensei muito e decidi vir, eu sabia que seria difícil, haveria dias horríveis de solidão e medo, mas era um sonho, e sonhos precisam ser realizados, além disso, quem correria atrás deles, se não eu? abracei a oportunidade com toda força.

***

Depois de ler a carta de aceitação fiquei gritando de alegria no meu quarto, pro outro lado, a reação dos meus pais não foi como eu esperava.

— Mas é tão longe. — Papai disse com os olhos ainda na tv.
— E você nem conhece Washington. — Mamãe mostrou definitivamente que os dois seriam um time. — Você pode fazer aqui mesmo, na sua cidade, com sua família.
— Mas mãe, eu sempre sonhei com esse dia, com mudanças, vida nova, pessoas novas, lugares novos, sabe?
— E se você não conseguir ficar sem a gente?
— Eu consigo pai. Quer dizer, eu vou tentar, vou dar o meu máximo. Eu preciso sair da minha zona de conforto, e quero a ajuda de vocês, por favor, confiem em mim.
— Olha...
— Pai, eu prometo, não vou decepcionar vocês.
— Não queremos que você engravide querida.
— Mãe?!!!
— Júlia, nossa menina não faria uma coisa dessas. — Papai jogou um olhar furioso pra mamãe, e depois pra mim. — Não é mesmo?
— Mas é óbvio que não, eu ainda nem aprendi cuidar de mim mesma, porque eu iria querer ter filhos?
— Eu sei amor, só estamos falando por precaução, e por favor, não faça nenhuma tatuagem.
— Nem piercing Lua, você sabe que sua vó odeia isso. Muito menos na língua.
— Jesus Cristo! vocês acham mesmo que eu vou morar sozinha e automaticamente um roqueiro ateu vai encorporar em mim?

Depois de quarenta minutos, convenci eles de que tudo ficaria bem. E então fizemos várias ligações de confirmações, arrumamos meus documentos, escolhemos o meu apartamento, e com toda animação do mundo fui arrumar as minhas malas, havia uma vida nova a minha espera, e eu me sentia completamente a preparada. Bom, pelo menos foi o a mensagem que eu tentei passar para o meu cérebro.

Girando nos anéis de saturnoHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin