BETWEEN: Magic & Blood

Capítulo 2

O sol havia nascido a algumas horas. Seu brilho era tão reluzente que refletia na superfície do cristalino Lago Nén, iluminando a mansa manhã no Reino de Eldar. Os pássaros cantavam anunciando o início de mais um dia, as borboletas voavam alegres com suas belas asas, e a princesa Luthien ajeitava cuidadosamente sua coroa de rubis vermelhos. A princesa amava essa coroa, embora sua origem fosse confusa. Ganhara de sua mãe a uma semana atrás, em seu aniversário, e a rainha Elentari disse que se tratava de uma herança de família. O confuso é que no reino dos elfos não era muito comum a utilização de pedras vermelhas. Mas isso não importava no momento, Luthien estava ansiosa e eufórica, pois estava curiosa em saber do que tratava o assunto que sua mãe gostaria de conversar durante o café da manhã. Ela se levantou de sua penteadeira, e se dirigiu a porta. 

— Bom dia, vossa alteza! — Disse uma servente do palácio que aguardava no corredor dos quartos.

— B-Bom dia... — A princesa nem se quer conseguia falar normalmente. Estava tão nervosa que as palavras simplesmente não se formavam direito em sua mente.

E assim Luthien seguiu o caminho até a sala onde seria servido o café da manhã: cumprimentando a todos que apareciam pela frente, com a voz trêmula e nervosa, ansiando pela conversa com sua mãe. Assim que chegou a sala, viu sua mãe sentada sozinha à mesa. Puxou uma cadeira para si, e serviu-se de pão com suco de flores silvestres. Olhou para a rainha, com um certo pavor no olhar, e antes que pudesse ao menos dizer "bom dia", sua mãe começou a falar.

— Minha filha, nós precisamos muito conversar agora. — Elentari já foi dizendo logo sem rodeios, direto ao ponto.

— Mãe, onde está o papai? — A princesa perguntou apenas porque essa era a primeira vez que o rei não aparecia para o café da manhã. A expressão da rainha, ao ouvir a pergunta, passou de séria para muito séria. 

— O seu pai não vai tomar café conosco hoje. Eu precisava ter essa conversa sozinha com você, então ele foi resolver algumas coisas com os embaixadores élficos. — A rainha segurou as mãos de sua filha, e olhou profundamente em seus olhos verdes brilhantes. — Eu tenho mentido pra você, minha princesinha...

— Como assim, mãe? — Luthien indagou.

— Você pode até parecer frágil, mas não é. Você não consegue desenvolver suas habilidades como os outros elfos, porque você não é uma elfa. — Enquanto Elentari dizia isso, uma expressão de dúvida ia crescendo cada vez mais no rosto de Luthien. 

— Eu não estou entendendo. Não sou elfa? Que história maluca é essa? — Eram muitas perguntas.

— O seu pai... Não é o Elrond. Ele era meu melhor amigo, eu me casei com ele enquanto estava grávida de você para não levantar suspeitas sobre quem seria seu verdadeiro pai. Na verdade, seu pai é um vampiro. Luthien, você é híbrida, filha de uma elfa e um vampiro. Eu não faço a mínima ideia dos efeitos disso, mas você pode ser muito forte, filha. 

— O que? Que história é essa? — Os olhos de Luthien encheram-se de lágrimas, ela não entendia e muito menos acreditava, ou não queria acreditar, no que a mãe havia acabado de dizer.

— Foi a muito tempo. Eu era apenas uma princesa quando tudo aconteceu. O nome do seu verdadeiro pai é Ettore, e ele era um general quando eu o conheci. Nós nos apaixonamos. Quando eu engravidei, infelizmente, precisei assumir a Coroa e por isso me casei com Elrond. Deixei Ettore para trás, e escondi sua identidade até agora. Tinha medo que você pudesse ser sensível ao sol, sei lá, é a primeira híbrida entre elfo e vampiro. — A princesa chorava ao colo da mãe, estava confusa, mas tudo fazia sentido. Ela se sentia mais forte durante a noite, não conseguia usar a magia élfica sem se cansar, e possuía o recém descoberto reflexo vermelho em seus olhos. — Essa coroa que está usando, foi um presente do seu pai Ettore... Minha filha, eu sinto muito.

A princesa nem conseguiu dizer uma palavra, estava tão em choque que só conseguia chorar. Ela e sua mãe ficaram durante horas abraçadas chorando, até que finalmente Luthien conseguiu dizer algo.

— Eu posso ir conhecer meu verdadeiro pai?

— Sim, você pode.