"RECIPROCIDADE É UMA PALAVRA DIFÍCIL DE SE PRONUNCIAR"
quando troco mensagens com você, dou tudo de mim e espero o dia todo pela sua resposta, tanto que deixei de fazer o que tinha planejado pro meu dia. mas será que não é errado me sentir assim?
veja bem, sou capaz de controlar o que faço, mas jamais fui capaz de bloquear o que sinto. sim, posso até controlar minhas ações, eu sei disso, mas geralmente não o faço. é que uma coisa leva a outra e o sentir leva ao agir. conclusão: me faço de boba outra vez. por você, pinto em meu rosto uma maquiagem de palhaço e supero todos os meus limites, supero até mesmo o impossível. ajusto aquele horário na agenda, fico acordada até tarde embora goste de dormir bem cedo, mudo meu estilo e me esqueço de mim mesma no processo. só pra gente se encontrar.
e quando a gente se encontra parece estar tudo bem e por mais irônico que seja, nossas crises de riso são o remédio pra toda a ansiedade que você mesmo me causa. mas em meio a tanta euforia, eu ainda me pergunto se eu precisava mesmo de todos esses malabarismos pra fazer “a gente” funcionar; se eu não deveria só jogar tudo pro alto e te transformar num desconhecido, para finalmente, me tornar conhecida a mim mesma. eu não fiz isso ainda pois é grande o medo de que nosso “nós” se transforme em um triste e solitário “eu”. mas às vezes eu me indago, será que esse “eu” que tanto temo é mesmo tão triste e solitário?
porque se te tenho, tenho a “nós”, mas não tenho a meu antigo e tão estimado “eu”. se escolho a mim, perco a gente. qual dos dois me é mais proveitoso? quando eu paro pra pensar eu sei qual resposta é a certa, sei sim. sei muito bem que a única pessoa a qual eu tive a vida toda está bem aqui, vivendo em minha própria pele, enxergando o mundo por trás de meus olhos. e eu não deveria abrir mão da individualidade de quem sou em prol de uma coletividade que, sinceramente, não tem sido recíproca.