CAPÍTULO 1

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Corra.

Eu podia ouvi-los atrás de mim. As sombras me mandavam não parar e eu não pararia. Não enquanto minha vida dependesse disso.

Olho por cima dos ombros. Sinto o sangue manchando minha roupa, descendo pelo meio das minhas costas, pesando ainda mais os machucados abertos. Mas eu não ligo. Apenas continue correndo. Para onde exatamente elas me levariam eu não sabia. Talvez para uma morte rápida e indolor e eu agradeceria ao Caldeirão se assim o fosse.

Consigo ouvir suas vozes, dizendo coisas obscenas do que fariam a mim antes de me entregam ao seu senhor. O que fariam as minhas asas. Olhei-as novamente, destruídas. Não completamente, mas o suficiente para que eu não voasse e com certeza, o suficiente para que, se eu não as curasse rápido, talvez não voasse nunca mais.

— Ora, Princesa, porque se dar ao trabalho de fugir se a encontraremos uma hora ou outra? — um deles diz. Consigo ouvir o sorriso viperino em suas palavras e ouço o riso maldoso dos outros.

— Nós só estamos fazendo nosso trabalho. Vamos... Facilite e venha você mesma até nós, não a faremos.... Tanto mal. — outro fala e mais risos soam. Não ouso diminuir minha corrida.

Concentro as últimas gotas de magia em fazer as asas sumirem, começando com um processo de cura que não seria suficiente. As risadas soam mais próximas, eles estão mais próximos.

Corra. Corra. Corra.

Elas sussurravam em meus ouvidos. Serpenteando em meus ouvidos, me dando forças para não parar. Talvez tenha sido por isso, por eu conseguir ouvi-las, entende-las e manipula-las, transforma-las em algo mais, mais destrutivo, que meu pai tenha me vendido ao primeiro bastardo que surgiu oferecendo uma aliança, mesmo que Drakon o tenha proibido.

Talvez, ele sempre tenha tido medo de mim. De eu ser mais forte, mais poderosa que ele. O que de fato, todos sabiam que eu era. Uma fêmea, vejam só. A filha de um dos senhores, a mais nova e a única fêmea, treinando nas tropas seráficas por ordem do próprio Rei Drakon. Para que eu lutasse. Para que eu sobrevivesse. Para que me tornasse forte.

Alcanço a serafim na bainha do meu cinto, puxando a lâmina fina e curva e fatal. Eles estavam perto e as malditas Sombras me levaram a um beco sem saída. De um lado a queda do precipício, onde uma cidade se abria iluminada em direção ao mar e do outro, meus caçadores. Com sorrisos malignos em seus belos rostos.

Me preparei, vendo-os se mover como as cobras que eram. O ruivo e o líder deles, Saman, deu um passo a frente, baixando a espada seráfica num sinal.

— Cally seu pai só a quer de volta... Vamos criança, facilite nosso trabalho e venha conosco. — disse, o sorriso nojento, a mão estendida num convite para que eu confiasse nele. Eu não confiava.

— E creio que vocês ficariam honrados em me levar de volta... — minha boca estava seca, devido ao frio, devido a fome, a sede e devido minha fuga.

— Ora, não sei se percebeu, mas... Não tem mais para onde fugir. — ele diz, sinalizando ao redor com o queixo. — Seu pai, nosso rei, a quer... Viva, mas saberemos explicar que você resistiu e preferiu se atirar aos braços dos precipícios a voltar... Sabe, ele entenderia....

Sinto o asco subir a garganta quando os demais sorriram, viperinos. Um deles, talvez o mais desprovido de informação sobre mim avançou, com a espada em mãos em direção a minha garganta, e teria acertado se eu não fosse mais rápida. Virei o corpo, abaixando ao seu ataque e segurando a lâmina curva na mão ao mesmo tempo que a passava em sua barriga, com força e precisamente fundo para sentir seu sangue jorrar entre meus dedos junto com pele, gordura e tripas. Eu ouvi seu gorgorejar ensanguentado enquanto caia morto ao meu lado. Levantei em posição de ataque.

Vejo os olhares de ódio, revezando entre o morto ainda brotando sangue sobre a neve branca, e a mim. Em um movimento quase imperceptível de Saman e os outros avançaram. Tirei outra lâmina do cinto e me preparei, pedindo pela Mãe, ao Caldeirão, ao que quer que fosse que me desse forças para continuar a lutar ou para que me levassem, enfim dando-me uma morte rápida e indolor.

Um deles avançou contra mim, e eu conseguir desviar tempo o suficiente para receber uma pancada na têmpora, a ponto de me fazer cair, rastejando pela neve marcada de sangue. Eu não tinha mais forças, eu não tinha mais magia...

P-por favor...

Conseguia ouvir eles logo atrás enquanto me rastejava, sem forças, pela neve, procurando a adaga que tinha caído de minhas mãos.

— Ah não corra... — Saman diz perto, perto demais. — Seremos gentis.

P-por favor...

Implorei novamente, para tudo e ninguém específico. As sombras me ouviram, pois tudo o que recordo antes de me entregar ao seu calor reconfortante, foi delas me protegendo, o som de gritos e sangue sendo jorrado.

E então, o cheiro do vento.

N/A: Oiê meu bem, como estão? Antes de tudo já deu pra perceber que essa fica NÃO é um shipp do Az e da Mor, aaaaah que pena, mas ele sofreu demais com ela

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N/A: Oiê meu bem, como estão? Antes de tudo já deu pra perceber que essa fica NÃO é um shipp do Az e da Mor, aaaaah que pena, mas ele sofreu demais com ela. 500 anos para ser exata. 500 anos minha gente!

Essa história vai ser diferente, baseada na série #acotar com os personagens da Sara, mas com ajustes meus, uma história diferente e minha, ok?

Espero que gostem, estou aberta a sugestões e críticas CONSTRUTIVAS, só ir comentando e votando com amor... Acompanhem e até mais.

Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now