Capítulo 8

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Joe entrou no apartamento de Samantha, o rosto lívido. Ted havia ligado, dizendo que ela estava com problemas, e ali estava ele, com muito custo, ao conseguir fugir do pai.

            Ao entrar no quarto, a primeira coisa que pensou foi em um assalto. Samantha estava sentada na cama, a roupa toda rasgada, e chorando desesperada. Ted estava ao seu lado, em pé, tentando acalmá-la.

            — Não fique assim, Samantha, foi só um susto... — Dizia ele.

            — O que aconteceu? — Joe perguntou, olhando para os braços de Samantha, que estavam com marcas roxas.

            Samantha levantou-se da cama e abraçou Joe, chorando mais do que antes. Ele afagou os cabelos dela, e deitou-a em seu peito.

            — O que houve? — Sussurrou para Ted.

            — Eu não sei, quando eu cheguei aqui ela já estava assim. — Sussurrou o amigo em troca. — Foi uma sorte eu ter chegado a tempo, ela estava realmente assustada.

            Joe pensou um pouco. O que poderia ter feito Samantha ficar assim? Quem rasgara suas roupas e fez marcas horríveis em seus braços?

            Nos minutos seguintes, Samantha parecia ter se acalmado. Aos poucos foi voltando a respirar com facilidade, e as lágrimas haviam desaparecido de seu rosto.

            — Pode me dizer quem fez isso com você, amor? — Perguntou Joe, apenas para Samantha ouvir.

            Ela deu um suspiro profundo e assentiu com a cabeça. Lentamente, começou a falar, com a voz baixa e calma:

            — Eu não esperava pela visita dele aqui, Joe. Foi de repente, quando entrou, eu não estava preparada. Então ele disse que tinha uma surpresa para mim, e começou a rasgar minhas roupas, e apertar meus braços, pedindo para ir para a cama com ele... Eu recusei, então ele me jogou com força na cama e tentou me... tentou me estuprar... Mas eu consegui tirá-lo de cima de mim, joguei uma garrafa de vinho na cabeça dele, e ele foi embora... — Samantha estava tremendo.

            — Quem fez isso, Samantha? Foi o Matt? — Joe estava confuso.

            — Não, o Matt não... — Samantha olhou para baixo, envergonhada. — Foi o seu pai, Joe. Seu pai.

            Joe imediatamente separou-se do abraço de Samantha e ficou aturdido. Seu pai. Um ódio o tomou por completo, por um momento não estava pensando em mais nada, apenas no rosto de cinismo de James, rindo e debochando dele... Seu corpo cambaleou para trás, e sem sequer saber para onde ia, começou a ir para a porta do apartamento...

            — Joe, onde você está indo? — Samantha se preocupava com o namorado.

            — Eu... não sei... — Joe percebeu que a voz de Samantha estava longe, e não podia alcançá-la.

            A porta foi um obstáculo para ele. Quando conseguiu abri-la, e sair do apartamento, correu cegamente até o elevador, depois para a recepção e por fim para o seu carro.

            Dirigiu a uma alta velocidade, ultrapassou semáforos vermelhos, quase atropelou alguns adolescentes que saíam da escola e iam para suas casas... Mas nada disso importava, só estava concentrado na crueldade que seu pai fizera com Samantha. Seu pai... Seu pai...

            Quando chegou em sua casa, desceu do carro sem ao menos fechar a porta, e chutou a porta de entrada, que se abriu violentamente. James estava na cozinha, um pano com gelo na cabeça.

            — Onde você estava, seu moleque? — disse ele, largando o pano sobre a pia. — Foi se encontrar com aquela vagabunda de novo, não é?

            Joe foi em direção ao pai e deu-lhe um soco no rosto. James por pouco não bateu a cabeça na pia, mas logo se recuperou.

            — VOCÊ ESTÁ MALUCO? O QUE PENSA QUE É PARA ME DAR UM SOCO? — Berrou, os olhos vermelhos de fúria.

            — É o que você merece, seu desgraçado. E merece muito mais. — disse Joe, segurando o que poderia ser mais dois ou três socos. — Como pôde ter feito aquilo com a Samantha? Que obsessão doentia é essa por ela, que não pôde se controlar?

            — Aquilo o quê? — James franziu as sobrancelhas. — Do que é que você está falando, seu doente?

            — Você foi até o apartamento da Samantha e rasgou as roupas dela, obrigou-a a transar com você! Por que fez isso? Por quê?

            James deu uma gargalhada de desdém e se conteve antes que recebesse outro soco do filho. Caminhou até a porta, fechou-a e disse:

            — Como você é doente mesmo, moleque... Inventar isso de seu próprio pai... Que imaginação fértil a sua. — mais uma risada. — Realmente, você anda lendo muitos livros de romance não é? Aqueles em que a personagem principal é uma piranha e sempre há muitos homens atrás dela, e justo o pai do namorado dela tem que ser o culpado por querer ir para a cama com ela...

            — NÃO CHAME A SAMANTHA DE PIRANHA! — Joe já estava fora de si, e olhava a todo momento para a gaveta de facas. — Eu vou à polícia agora, e você vai ser preso por assédio sexual! E depois o doente sou eu, James Hilton... Você merece apodrecer na cadeia...

            — Você não vai sair daqui, Joe. — desafiou James. — Nem que for sobre o meu cadáver, você não vai falar com ninguém, e vai calar a boca de agora em diante. Não sou de fazer ameaças, mas se eu precisar, vou mandá-lo para longe de Washington o mais rápido possível, se isso continuar. Eu não fiz nada com a Samantha, coloque isso nessa sua cabeça sem neurônios, eu não a suporto, portanto, não há o que falar com a polícia.

              Joe pegou uma faca quando menos esperava. James ficou sem reação, apenas levantou os braços, em pânico.

            — Largue essa faca, Joe!

            — Não até você ir à polícia se confessar. Chega de ser o impossibilitado, pai, não quero que você fique com a vitória em todas as ocasiões... Ou é a cadeia, ou é a morte. — Joe apontou a faca para o pai.

            — Joe, vamos resolver isso com calma... Entenda, não fui eu que fiz isso com a Samantha, se quiser eu posso ir lá e ela vai dizer que não fui eu... Você está cometendo um engano, Joe...

            — Cale a boca! — mandou Joe. — Se quiser continuar vivo, vá à polícia agora!

            — Está bem, eu vou. — rendeu-se James. — Eu vou agora mesmo, então abaixe essa faca. — Joe olhou para a porta, e James foi em direção a ela. Foi apenas quando viu o pai sair de casa é que guardou a faca novamente, e sentou-se no chão, com a cabeça entre as pernas.

            Fora da casa, James se encaminhou para uma cabine telefônica e discou alguns números. Quando a chamada se realizou, ele disse em voz alta e clara.

            — Deu tudo certo. Foi uma sorte ter saído de casa a tempo de não ser morto. Essa Samantha é mesmo uma perfeita vagabunda...

            E um sorriso de cinismo apareceu em seu rosto, com um estranho significado nele. Sem dúvida, uma perfeita vagabunda..., pensou consigo mesmo.

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