Capítulo 01 - Elise

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APENAS ALGUNS CAPÍTULOS DISPONÍVEIS PARA DEGUSTAÇÃO.

Do alto da macieira eu via a grama verde lá em baixo. O silêncio e a paz que eutinha ali eram coisas que me davam força para esperar meus vinte e um anoschegarem, só mais um ano e tudo aquilo seria meu. Mordi a maçã verde, fresca edeliciosa da árvore, quando meu sossego foi interrompido pelo barulho decavalgadas. Olhei para baixo e um cavalo branco se aproximava, havia um homemsobre ele, porém os galhos da macieira me atrapalhavam de enxergar seu rosto.Por um momento pensei que fosse Romeu, mas esse homem tinha o porte fortedemais para ser meu amigo magricela. Se tem uma coisa que não gosto de ver nasminhas terras é um intruso, e ali estava um.

Ele parou bem em baixo da macieira e ficou olhando ao redor, procurando por algo que eu não fazia a menor ideia, já que ali só havia grama, mais grama e a macieira. Ele avistou meu cavalo, Tempestade, e novamente girou o pescoço procurando por alguém. Peguei a maçã que estava comendo, mirei com toda precisão possível e atirei. Houve um baque quando a maçã acertou sua cabeça e ele caiu do cavalo. Nesse momento pulei da árvore e me aproximei.

— Quem é você e o que quer aqui?

Ele me olhou com uma expressão confusa. Usava uma touca que não me permitia ver seu cabelo, mas tinha a pele clara demais, obviamente não era um camponês, os olhos escuros e uma bela boca. Não sei porque disse isso, mas me veio à mente. Ele me olhou por um tempo e se sentou. Na testa dele estava uma marca vermelha causada pela maçã. Ele tocou o local e soltou um gemido.

— Foi você que fez isso? — perguntou irritado.

Abri então meu melhor sorriso.

— Minha pontaria às vezes me surpreende. Não precisa me parabenizar.

— Parabenizar?

Ele se levantou e dei um passo defensivo para trás, afinal ele era bem maior que eu. O intruso então se dedicou a arte de olhar. Olhou meu cabelo, meu corpo, meus pés e voltou para o cabelo repetindo todo o processo algumas vezes. Por fim me irritei e fiz uma careta que desviou finalmente seus olhos de mim. Tocando a testa com uma expressão de desconforto, perguntou:

— Qual o seu nome?

— Não é da sua conta!

— Nome interessante — retrucou dando dois passos em minha direção e, num gesto de puro atrevimento, levantou minha trança loura. — Você tem cabelo de menina, mas se veste como um menino. O que você é?

Quem ele pensava que era? Puxei meu cabelo de sua mão, fui praticamente marchando até Tempestade e peguei meu arco e minhas flechas, me aproximei dele já com o arco em punho, apontei para o meio de suas pernas e alertei:

— Suba no seu cavalo e suma dessa terra.

Primeiro ele arregalou os olhos, depois um sorriso apareceu em seu rosto.

— Sei, você é dessas que banca a valente. Vocês são as mulheres mais excitantes.

— Até onde eu sei ainda posso ser um menino.

Ele me avaliou de novo, preguiçosamente e com um sorrisinho debochado.

— Com certeza, levando em consideração que não tem seios.

Aquele comentário me enfureceu, no segundo em que olhei para os meus seios, ele se aproximou e tomou meu arco, contudo eu fui mais esperta e dei um chute no meio de suas pernas, que gritando de dor, abaixou-se deixando o arco aos meus pés.

— Suba no seu cavalo e vá embora daqui! — ordenei.

— Eu não tenho condições de cavalgar agora! — respondeu entredentes.

Desencantados - COMPLETO ATÉ 11/01/23Onde as histórias ganham vida. Descobre agora