Prólogo

617 15 12
                                    

– Corram, corram! – gritou uma mulher.

Um grupo passou rápido. Ela permaneceu parada.

Um fio de sangue ainda quente escorreu pela sua testa misturado ao suor já frio. Um detalhe parcialmente oculto por uma mecha solta de seu cabelo loiro e ondulado. Um detalhe ignorado completamente por ela. Ela sabia de sua força e em seu olhar ardia a determinação, tão clara quanto o raiar forte de um novo dia.

Sua espada e sua armadura cintilavam na semiescuridão do amplo corredor de abobada circular. A capa branca tingida de sangue e as tochas quase extintas tremulavam ao fraco vento que transitava no local solene e frio. Ela permaneceu parada.

Então gritos ecoaram pelo corredor. Ela dirigiu seus grandes olhos azuis para a fonte. Um forte estrondo. Grunhidos brandiram alto. Ela fechou os olhos e se concentrou. Lentamente, sua pele alva e tenra ficou escura e quebradiça. Seus olhos brilhavam agora com um branco acinzentado. Ela estava pronta.

– Erion!

A guerreira olhou para trás. Era Arffek.

– Venha!

– Não! – respondeu resoluta – Eu vou detê-los aqui. Corra para o Grande Salão.

Arffek hesitou por um momento, ele queria ajudar sua esposa amada. Outro forte estrondo rompeu o silêncio.

– Corra! – Erion ordenou. O guerreiro desapareceu.

Os grunhidos aumentaram e se tornaram mais altos. De repente, uma explosão eclodiu. Pedaços de madeira voaram no começo do corredor. A fumaça flutuou no ar e um sopro de vento embalou suas nuances negras.

A guerreira turvou o semblante. Na sua mão esquerda brandiu uma energia vermelha e em um rápido movimento ela a converteu em magia. Uma bola de fogo progrediu rápido e colidiu com seus primeiros alvos.

Gritos alcançaram o ar e sumiram no teto e sua abobada negra, infinita. A guerreira não sorriu.

Ela sabia que era apenas o começo.

Então foram se revelando seus oponentes. Envoltos pela fumaça que dançava sobre seus corpos largos, desmarcando seus olhos negros.

A raiva surgiu nítida e intensa no rosto da guerreira.

Os cinco oponentes pararam e divisaram a guerreira. Dentes pontiagudos rangeram ao vê-la, esperando-os para o combate, no meio do grande corredor de pedra. Eles sabiam que não deviam subestimá-la, pois estavam diante de uma oponente terrível, mas a prepotência se elevou acima da cautela e eles partiram ferozes contra ela. Aqueles eram tempos de guerra.

Erion então flutuou e dançou no espaço. O aço frio encontrou o sangue quente. Novos gritos ecoaram. O orgulho e a vida caminharam e partiram juntos, pois os lobisomens, um a um, foram conduzidos ao último destino.

Em pouco tempo, Erion estava mais uma vez solitária.

Inabalável em determinação. Intransponível em vontade.

Sua força era imensa, absoluta e completa.

Então, no corredor a frente, o metal trepidou em passos lentos que romperam o silêncio. Os profundos olhos azuis de Erion divisaram a negra cortina de fumaça agora rarefeita. Um grupo foi se adensando atrás da barreira frágil.

Uma ponta de tensão e medo percorreu a alma da guerreira.

Quando o primeiro rosto descortinou a fumaça, tudo ficou claro para Erion.

Todo o poder, toda capacidade da maior paladina da Ordem Tempus seria confrontado. No vasto Reino do Norte, havia apenas quatro pessoas que poderiam enfrentá-la com igual poder. Os grãos-paladinos – Hylen, Von e Farneum – e Thane, o ex-general do Reino do Norte e um dos articuladores da guerra que assolava todo o Reino do Norte. O rosto que lhe fora revelado.

Gaian - o ReinícioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora