Capítulo 8

111 8 2
                                    

AGENTE BANKS

       Trabalhar no FBI me fazia entrar em cada lugar imundo. Eu e Erick estávamos atrás do segundo nome da lista do detetive Taylor, e estávamos em um bar sujo, cheio de ratos e baratas por todos os lados. Homens bêbados antes das nove da manhã ficavam me encarando, a maioria gordos e desarrumados. O cheiro de álcool só não era mais forte que o fedor do mofo que incomodava o meu nariz.

      No fundo do bar havia uma porta entreaberta, Erick foi na frente empunhando sua arma. Eu peguei a minha também. Entramos sorrateiramente no cômodo pequeno, porem bem arrumado em comparação com o bar de que ele fazia parte. Joshua Perón estava sentado atrás de uma mesa de madeira. Havia alguns cadernos e um cinzeiro que tinha um charuto acesso. Uma grande nuvem de fumaça se formava em cima dele e deixava a visibilidade baixa.

      “Joshua Perón. Parado, FBI.” Erick disse.

      Ele continuou imóvel. Acima da mesa havia uma luminária baixa acesa que fazia a fumaça ficar ainda mais clara, não conseguíamos enxergar o rosto dele.

      “Coloque as mãos aonde eu possa ver.” Erick ficava irritado nessas situações. Às vezes eu achava que ele levava essa coisa de combater o crime muito a sério, a ponto de não viver sua vida. Pelo menos ele era efetivo no que fazia.

      Apesar dos avisos Joshua não se moveu. Erick fez um sinal para que eu fosse pela direita, ele caminhou na direção contrária. Não sei qual de nós viu primeiro, mas ambos ficamos igualmente petrificados quando chegamos juntos ao outro lado da mesa. Uma poça de sangue encharcava os pés de madeira da cadeira em que Joshua estava sentado. Ele tinha um buraco de uns dois centímetros perto da nuca de onde o sangue estava coagulado. Joshua tinha quarenta e dois anos, mas aparentava ter cinquenta, ou sessenta. Tinha o cabelo branco, que estava vermelho agora. Erick pegou o celular para chamar uma ambulância para recolher o corpo e eu fui analisa-lo.

      Chequei seu pulso, somente para confirmar. Estava mesmo morto, e a julgar pela baixa temperatura do corpo ele estava morto desde a última noite. Eu puxei a cadeira um pouco para trás para procurar por alguma pista. As pernas dele saíram debaixo da mesa e em cima delas estava uma rosa vermelha. Junto a rosa havia um envelope parecido com o que o detetive Taylor carregava mais cedo.

      “Erick...” eu o chamei mas não precisei falar mais nada. Ele se aproximou de mim ao desligar o telefone e retirou um par de luvas do bolso ao ver a carta. Erick retirou o envelope com cuidado para mover o mínimo possível a rosa, o abriu e leu em voz alta a mensagem.

      “Estou um passo à frente de vocês.” Ele disse e virou a carta me mostrando com o dedo indicador a rosa vermelha desenhado no canto superior. Esperamos a perícia chegar e começamos a investigar a cena do crime.

      Joshua sabia alguma coisa que o assassino das rosas não queria que soubéssemos. Mas iriamos descobrir o que era.

      Nós nunca falhávamos.

      Nunca.

DETETIVE TAYLOR

       Eu sabia... aqueles dois ficaram com toda a glória. Assim que recebi a ligação eu mudei totalmente meu rumo, e eu já estava quase chegando na casa da Harriet. Cheguei naquele bar de periferia que mal cabia as pessoas que estavam lá dentro. Esses lugares nunca tinham câmeras.  Próximo ao balcão os agentes do FBI estavam pegando o depoimento de um homem velho e barbudo, provavelmente o dono do lugar.

O Assassino das RosasWhere stories live. Discover now