Capitulo VI

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Lauren

Já tinham se passado dois meses desde que eu começara a trabalhar na lanchonete, o turno era bem pesado, mas as gorjetas e o salário no final do mês compensavam, consegui ajudar Kevin a pagar algumas contas e guardei o resto, acho que se eu continuasse trabalhando ali por pelo menos um ano, conseguiria juntar o suficiente para alugar alguma coisa fora da cidade e me mudar, uma medida drástica talvez, deixar todos meus amigos para trás e a escola, mas era melhor do que ficar ali, pois eu sabia que apenas me mudar de casa não adiantaria tanto, eu continuaria vendo o meu pai e talvez acabasse voltando para casa dele.

Fora que eu não estava gostando nada de alguns amigos que Kevin levava, eram alguns caras drogados e eu não podia mais fingir que não sabia que Kevin estava também usando drogas, como passei a ficar menos tempo em casa, Kevin passou a ficar mais tempo lá com os amigos, que ele me dizia ser do trabalho. Um dia em que cheguei um pouco mais cedo, vi algumas seringas sobre a mesa, Kevin e os amigos dele estavam jogados pela sala, foi fácil entender o que tinham feito, mas não o recriminei, Kevin era mais velho e não me intrometeria no que ele fazia da vida dele, se ele queria usar drogas tudo bem, pelo menos ele não era violento como o nosso pai e trazia dinheiro para casa. O meu receio era saber da onde vinha aquele dinheiro e ao descobrir que aqueles caras drogados eram amigos dele de trabalho, esse receio passou a ficar pior.

— Você consegue algum tipo de desconto lá? — Gustavo me perguntou sobre a lanchonete me acompanhando até o meu trabalho.

— Desconto para outras pessoas não — eu expliquei — Mas tenho direito a um lanche no meu horário de almoço, lanche esse que para falar a verdade, já estou ficando enjoada.

— Acho que nunca me enjoaria de comer as coisas daqui — Gustavo respondeu.

— Acredite, depois de dois meses comendo o salgado daqui direto, ele começa a enjoar — Eu o respondi.

— E você ganha algo mais com cada venda que faz? — Gustavo me perguntou.

— Não... O salário é fixo, no máximo o que ganho de gorjeta, só isso — respondi — Por quê? Está querendo trabalhar aqui?

— Não sei... Meu pai ainda não se acostumou com meu novo estilo de vida — Gustavo começou a falar, ele não costumava tocar muito no assunto sobre ele ter deixado de ser Isabela e agora ser Gustavo — Se eu começar a trabalhar, sei lá, vou ter dinheiro para comprar minhas coisas e não vou precisar ficar pegando as coisas do meu irmão.

— Entendi... Bem, quando tiver uma vaga, eu posso te avisar — respondi entrando na lanchonete — Mas, é bem puxado aqui.

— Sem problemas — ele respondeu da porta da lanchonete — Vou falar com a Leslie de virmos aqui mais tarde então, antes do cinema, aí quem sabe a gente consegue te arrastar também?

— Vou ver se posso ir — respondi, apenas para Gustavo não começar a argumentar, porque na verdade eu não ia ao cinema.

Me despedi então de Gustavo e entrei na lanchonete indo para os fundos para trocar de roupa, colocando o uniforme e guardando as minhas coisas, o horário que eu chegava costumava ser o mais cheio na lanchonete, por isso eu não podia enrolar muito.

Como era de se esperar aquela tarde foi corrida, mas quando deu quatro horas o ritmo começou a diminuir, eu sabia que às seis horas voltaria a ter uma movimentação mais intensa, pois era o horário que a maioria das pessoas saíam do trabalho e os estudantes saíam da escola, então ali costumava encher, mas agora tinha dado para respirar um pouco.

Foi então que vi meu irmão entrando na lanchonete, ele sabia onde eu trabalhava, mas desde que comecei a trabalhar, Kevin nunca apareceu, ele parecia preocupado com algo e um pouco nervoso ao se sentar no balcão na frente da onde eu estava.

A Corte Fae - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now