Prefácio

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        «Estava tudo escuro... ouvia o eco que as gotas de água produziam ao embaterem no chão, emitindo aquele som familiar. Não sabia onde estava nem em que dia me encontrava, a última coisa de que me lembrava era de ser puxada, entrar num carro e depois apagar. Os meus pulsos ardiam juntamente com os meus tornozelos, presos aos braços e pernas de uma cadeira altamente desconfortavel. A minha voz, rouca de tanto gritar, já não conseguia emitir mais nenhum som e a minha fome era delirante.

        Um som... vários sons... eram passos e uma porta a bater. A minha respiração acelerou e eu começei a tremer ... não era de frio pois o sítio onde estava era abafado e sentir a corrente de ar produzida pelo movimento da porta, a percorrer todo o meu corpo era um alívio. Porém não era isso que agora sentia... medo, frustração, curiosidade sim, o meu estado de espírito resumia-se a isso e o arrepio que senti quando duas mãos tocaram o meu rosto provaram-no.

        As mãos desceram, passando agora no meu pescoço nu, deixando uma leve carícia  e pele de galinha também. Deslizaram agora pelos meus ombros, levando consigo as alças do meu sutiã ... sutiã? Sim, reparava agora que apenas continha duas pessas interiores a tapar as minhas partes íntimas e corei por isso. Senti o bafo de um leve suspiro contra a minha testa e ai percebi a nossa proximidade... as suas mãos  penteavam agora o meu extenso cabelo e longos dedos massageavam a minha nuca. Estremeci quando os meus pulsos foram libertos das ásperas cordas, seguindo-se os tornozelos. O sujeito pegou-me ao colo fazendo-me sentir os seus braços musculados e o seu abdómen definido... Algo macio embateu contra as minhas costas e percebi de imediato que estava a ser deitada numa cama. O pânico instalou-se no meu corpo, o que é que ele iria fazer comigo?

        Um peso foi acrescentado à mesma, mas desta vez por cima de mim e beijos molhados percorreram toda a extensão do meu pescoço, fazendo-me arrepiar e emitir um leve gemido. Aqueles toques de certa forma, eram-me familiares e não senti medo, apenas receio.

        - Desculpa... - uma voz  rouca e grossa chocou contra o meu pescoço e por fim uma almofada foi pressionada contra a minha cara impedindo-me de respirar.

        Abri a boca desesperadamente, mas nenhuma corrente de ar conseguiu atravessar a espessa almofada. Tentei afastar aquele corpo de cima de mim, mas as forças abandonavam-me aos poucos e uma dor aguda atingiu-me o cérebro... de repente parei de sentir... parei de ouvir... a escuridão tenebrosa era a única coisa que via e leve como estava, flutuava pela negridão do fim do mundo.»

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⏰ Última atualização: Jul 23, 2014 ⏰

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