Céu em missão

O encontro

 Miguel chegou e sem demora buscou Gabriel, o arcanjo podia sentir que o seu irmão estava por aqui. Depois de ter voado sobre os quatro cantos da terra, sua vista ficou escura e ele sentia o que nós humanos chamamos de exaustão; tudo aquilo era muito estranho para o arcanjo e ele montado em dúvidas resolveu continuar a busca.
...
 ...
 ...
 - Ei rapaz, acorda!

- Oi?

 - Como você veio parar aqui? - Quem é você?

- Eu que te pergunto, quem é você e porque você está caido aqui? Vem levanta!

O arcanjo levantou um tanto desorientado, confuso era seu sobrenome; Miguel estava com a vista embaraçada, com o estômago doendo e sem entender o que era aquela sensação, mas o cara era uma grande força celestial e, se sentindo superior, não queria dar satisfação a um simples ser humano, que comparado a um arcanjo, é como um inseto. Miguel fitou os olhos naquele homem, olhou para os lados, depois para cima e, flexionando as pernas buscou impulso para o vôo; o arcanjo pareceu um retardado, deu com a cara no chão e tudo o que ele conseguiu foi ficar mais confuso... Sentindo-se sem uma parte de seu corpo, ele exclamou:

 - MINHAS ASAS!

- Como? Olha cara, você não está bem, moro há quarenta minutos daqui, venha comigo, no caminho te dou algo para comer.

Josué tinha o coração bom, era meigo, calmo... E profeta, isso! Aquele simples homem que buscava ajudar o arcanjo sem asas, era um profeta do Senhor. Miguel estava ainda mais aflito, era assustador para ele ter desabado das nuvens entres as quais estava voando, e depois ter perdido as asas, era o ápice da dúvida, do medo e da angústia. O arcanjo, diante de toda aquela situação, pensou logo em refúgio.
Sem dar nenhuma explicação, pois estava de certa forma naufragado no seu ego, saiu correndo pela areia da praia onde havia caído. Josué era um homem bom, mas odiava bajular e por causa disso, resolveu deixar aquele homem confuso tomar a direção que quisesse; quando ouviu uma suave vós nos seus ouvidos que dizia: "Busque-o, e o ajude!" Josue não desobedecia àquela voz desde seus 10 anos de idade, por isso correu ao encontro de Miguel, se jogou em cima dele na tentativa de pará-lo e conseguiu.

- Você precisa vir comigo!

- Me largue seu inseto praticante de iniquidade!

- Você tem que vir comigo!

- Me dê um bom motivo.

Josué abriu bem os olhos e num pulso de ousadia, afirmou:

- Sei que você não vai acreditar em mim, mas foi Deus que me mandou te levar pra minha casa.

Miguel ficou sem resposta, imaginou rapidamente que o homem fosse um profeta e não pensou duas vezes, aceitou o convite numa fração de segundos, era absolutamente estranho aquela mudança extrema de posicionamento ao pedido de Josué, mas a única coisa que ele disse foi:

- Tá bem, mas onde está Deus?

- Eu não sei, só o ouço as vezes! - Tudo bem, então você é um profeta?

 - É o que parece!

 Josué logo chegou à sua casa trazendo consigo o arcanjo, o arcanjo ficou um tanto curioso sobre o que  estava na mesa, então perguntou:

- O que é aquilo?

 - Rsrsrsrsrsrs, cara, é só pedir, não precisa fazer igual criança quando quer comer doce. Senta lá e come um pouco.

Josué estava confuso, pois a voz voltou a falar e dessa vez acerca daquele desconhecido homem que ele encontrou jogado na praia; então ligou para o pastor de sua igreja, o reverendo Max.

 - Oi Josué!

- Reverendo, a voz, ela voltou  a falar...

- Calma Josué, o que a voz falou exatamente?

 - Encontrei um homem jogado na praia e a voz me mandou ajudá-lo; agora o cara está na minha casa, sentado na minha mesa destruindo meu bolo de chocolate, o pior é que ele perguntou onde estava Deus, como se ele conhecesse Deus há algum tempo, mas enfim, eu estou confuso reverendo, o que hei de fazer com este rapaz?

 -  Estou indo aí Josué, me espera cinco minutos.

- Ok!

 Miguel estava com o rosto completamente sujo de calda de chocolate, ele estava basicamente destruindo o bolo com seus dentes, ao perceber o olhar assustado de Josué, afirmou:

- Que foi? Eu nunca comi bolo de chocolate.

Dado os cinco minutos o reverendo chegou à casa de Josué; a surpresa aconteceu quando Josué abriu a porta para o reverendo e ouviu a voz de Miguel e a do reverendo em sicronia, no mesmo instante dizerem:

- Miguel

- Gabriel!

 Naquele instante Josué desistiu da esperança de qualquer resposta, seu raciocínio estava travado.