02: Malditos malefícios da maldição.

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Não à toa que considerada

Maldita é a cobra

Que outra criatura

Envenena até quem ama?

Kaio acordou no dia seguinte ainda se sentindo afetado pelo... ele sequer sabia como chamar aquilo. Maldição... que termo ridículo. Estava obstinado a esquecer tudo e voltar a viver sua vida da forma de sempre.

Havia completado 18 anos da pior maneira possível e provavelmente nunca se esqueceria da data e dos acontecimentos, mas podia criar novas memórias!

Seu aniversário, 30 de setembro, havia caído em uma sexta-feira. Kaio inconvenientemente passou o feriado em um hospital sendo lavado por tubos de dentro para fora, picado por agulhas colhendo sangue, e outras coisas que ele sequer conhecia o nome. O médico, Dr. Euclides, cuidava de sua família desde sua avó (ambos são amigos e Euclides e Teodora se conheceram por intermédio do avô, já falecido, de Kaio).

Ele, porém, sempre achou que a avó e o Dr. Euclides nutrissem mais que amizade um pelo outro, mas nunca ousou proferir tais pensamentos em som audível, já que sua família tinha certa honra para manter agora que estavam se estabelecendo de novo na cidade como uma "família nobre".

A família Soverosa havia surgido por volta de 1400 em Portugal, mas ganhou notoriedade por volta de 1520 quando, com planos astutos, chamaram a atenção de navegadores e começaram a erguer fortuna com as navegações. Mas só em 1600 que ganharam real destaque nas altas-rodas, sendo esta a data normalmente usada para marcar o início oficial da família Soverosa, já que só nessa época a família ganhou títulos e terras, honrarias que vieram do próprio rei.

Kaio não sabia bem a história da própria família, mas alguma desgraça (que agora ele creditava à maldição) causou a ruína e a quase extinção dos Soverosa e apenas sua vó havia conseguido reerguer o império, e isto a duras penas. O trabalho em si ainda estava em andamento, tendo em vista que os Ambrósio eram bem mais influentes que os Soverosa, e o que antes era uma influência a nível nacional, em todo o Império, hoje em dia era a picuinha para quem mandava na pequena cidade.

Teodora era, de longe, uma inspiração para Kaio. Mesmo sendo julgada louca por alguns membros da família e de outras famílias também. Kaio sempre viu, na avó, uma mulher imponente, talvez até demais. Sabia que ela havia reerguido o império, e tentava imaginar como aquilo teria desgastado sua pobre avó. O passado simplório, o casamento, ser internada considerada louca, perder o primeiro esposo, casar de novo, engravidar, batalhas judiciais para reaver terrenos, sobrenomes, heranças, tudo aquilo e pôr fim a maldição como cereja do bolo de desgraças.

Ele nunca acreditou que a avó estivesse louca, mas se fosse verdade, se Teodora realmente fosse louca, Kaio não podia esperar menos. Qualquer um com metade das responsabilidades que ela teve enlouqueceria na metade do mesmo tempo!

*****

Se levantou da cama, ainda bem cedo, e esticou os ossos ouvindo a coluna estralando e o joelho também.

A casa ainda dormia. O relógio do celular marcava 6:22 AM.

— Que saco. — Reclamou sozinho indo para o banheiro.

A casa dos Soverosa era enorme, metade estava fechada e em péssimas condições, a outra metade (aonde moravam) era velha com fantasia de casa nova.

Seu banheiro mesmo tinha recebido muito recentemente piso de verdade, pois antes era de madeira, e a madeira estava bem podre porque era piso de madeira há mais de cem anos. As paredes, agora azulejadas, antes tinham manchas de mofo aqui e ali. O gesso do teto também havia sido trocado, e as janelas concertadas...

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⏰ Last updated: Jun 18, 2018 ⏰

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Maldição SoverosaWhere stories live. Discover now