Capítulo 4 "Problemas"

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Nós surgimos em uma ilha flutuante que não tinha mais de oito metros quadrados. Havia uma placa de "pare" um pouco inclinada, e também um carro com pneus furados e todo enferrujado. Sob o pedaço de terra, existia um vácuo eterno em um tom que ia do amarelo ao branco. Sobre nós um céu limpo e azul, infinito, com uma esfera amarelada ao longe, como uma lâmpada gigante. E dessa esfera, chovia um número incontável de almas e mais almas, que caíam para o nada branco-amarelado sob nós.

— Por que você me empurrou? — rosnou meu mestre para Yuna, quando pousamos na ilha.

— Vi que estava hesitante em pular — comentou a assassina, olhando ao redor.

— Então — pronunciei, na intenção de impedir outra discussão —, por que só nós caímos nessa ilhinha?

— Porque não estamos mortos — respondeu meu mestre. — É irônico, mas somente os vivos podem caminhar sobre o Mundo dos Mortos.

— Esqueceu de mencionar os yureis — disse Yuna.

— Já ia falar deles — bufou meu mestre.

— E como saímos dessa coisa flutuante? — questionei.

— Hmph — a assassina caminhou até a beirada da ilha e bateu a ponta do pé de leve no solo, fazendo uma rampa de gelo crescer para baixo até uma outra ilha flutuante bem maior, que estava alguns metros adiante. — Problema resolvido.

— Tá bom — disse eu, somente por dizer mesmo.

— O pedófilo na frente.

Meu mestre pensou em responder, mas respirou fundo, passou por Yuna e deslizou na rampa, descendo até a outra ilha. Eu fui logo em seguida, e por fim, a assassina.

Chegando no novo local, reparamos que haviam templos arruinados, que pareciam formar uma cidade antigamente. Mas agora, aparentava ser mais um labirinto do que qualquer outra coisa.

— Nos separamos? — propus.

— Não — respondeu me mestre —, vamos ficar juntos. Estamos aqui só para impedir a morte do shinigami, então, só precisamos encontrá-lo antes do assassino.

— Certo — eu me voltei para Yuna e... — Cadê ela?

Meu mestre olhou de um lado para o outro e depois olhou para a entrada de um templo arruinado de paredes cinzas.

— Ei, Yuna! — chamou ele. — Já pra cá!

Ela pareceu não escutar e passou pela entrada, desaparecendo aos nossos olhos.

Meu mestre praguejou e correu atrás dela.

— Mas mestre... mestre...! Ah, vamos nessa!

Eu disparei atrás de meu mestre e entrei no templo segundos depois dele. Entretanto, acho que saí em um lugar totalmente diferente.

Era um salão oval, parecido com o da Casa Branca, mas não era branco, e sim, cinza. O local também flutuava no Mundo dos Mortos e parecia ser desconexo a ilha em que nós estávamos.

Mencionei o fato de não haver saída, além das janelas que só me levariam ao vácuo eterno daquele lugar?

— Ô de casa — falei. — Alguém?

Ouvi um ruído, me virei com tudo, e vi o que menos queria naquele momento. A mulher do cabelo longo e da espada decapitadora, estava plantada metros à minha frente, com sua lâmina recostada sobre um ombro.

— Oi — disse eu, estremecendo um pouco —, é... Cosplay de Samara?

— Meu nome é Kazuna Keiko — grunhiu ela. — E por sua culpa... meu cabelo... — ela baixou a cabeça, e de súbito, sumiu.

Yuna Nate (one-shot)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora