Yuna Nate (one-shot)

Capítulo 1 "A Associação"

A maioria dos garotos da minha idade passava as noites de sexta assistindo animes e tomando suquinho de laranja. Já eu, tinha de caçar shinigamis que profanavam nossa terra do sol nascente. Claro, eu gostava do que fazia, e também lucrava com aquilo. Os shinigamis eram somente ossos do ofício. Se bem que, se for assim, aquele ofício era feito só de ossos.

Enfim.

Antes de começarmos, já aviso de antemão: essa história não é sobre minhas caças atrás de monstros sobrenaturais. Até porque, não é meramente sobre mim, e muito menos deveria estar sendo contada por minha pessoa. O único problema, é que sou o único que se lembra do que aconteceu desde...

— Peguei! — eu surgi em um salto de um beco e meus olhos se cruzaram com os do deus da morte, antes de lançar meu punho em um soco que acertou a boca da criatura, a fazendo cambalear para trás.

Toquei meus pés no chão, me postando no meio da rua que dividia uma fileira de edifícios iluminados por neon rosa na cidade de Tóquio, e olhei para o shinigami, que já se recompunha do meu senhor soco de direita.

— Antes de começarmos — falei —, meu nome é Daigo Kazuo, 17, e tecnicamente sou um exorcista. Mas meu mestre diz que matar deuses da morte tá mais pra blasfêmia ou heresia, só que eu não sei o significado dessas palavras, então, exorcista tá tranquilo pra mim.

O monstro humanoide de pele vermelha, cabelos brancos e queixo pontudo, ergueu as sobrancelhas, meio ababelado.

— Relaxa, tomatão, só tô falando tudo isso mesmo pro leitor ficar ciente.

O shinigami rosnou, abriu os braços e duas adagas médias surgiram em suas mãos.

— Legal, agora tá parecendo um bicho de Naruto.

Era para ser um elogio, mas a criatura devia ser fã de outro anime, já que ela me atacou com um salto feroz, que me esquivei rolando para o lado, a fazendo cravar suas lâminas no solo.

Bati minhas palmas e as afastei rapidamente, gerando uma espada de energia laranja entre minhas mãos, que eu apanhei cortando o ar.

— Esta aqui é uma arma de chi — comecei. — Veja como brilha igual a fogo incandescente e seu calor... é só calor normal. Bem, só digo isso pro leitor ficar ciente.

O deus da morte retirou suas adagas do asfalto e golpeou com uma das duas, mas inclinei o torso para a direita, desviando, e depois para esquerda, me safando da outra lâmina, antes de contra-atacar com um chute que o lançou de costas para uma parede com lâmpadas neon, que se quebraram com faíscas.

Atordoado, o shinigami abriu a boca, criando uma esfera de luz escarlate.

— Agora ferrou — comentei, e o monstro disparou sua bola de energia, o que para mim não era um problema, já que a dividi golpeando com minha lâmina de baixo para cima. Porém, as energias disformes remanescentes, passaram zunindo pelos lados de meu corpo e explodiram duas lojas de coisas aleatórias atrás de mim. — Vão descontar isso do meu salário — eu apontei minha lâmina para a criatura. — Não precisava disso. Agora eu tô bravo.

O shinigami berrou e se lançou em minha direção, mas, no meio do trajeto, o deus da morte congelou em pleno ar, e eu saltei para o lado, desviando do corpo congelado do bicho, que se quebrou em pedaços ao colidir com a frente de um edifício.

— Que droga, Yuna, por que você sempre se intromete?

Poucos metros à minha frente, Yuna Nate, 17, me olhava com seus olhos azul-escuros, quase tão escuros quanto seus cabelos negros. O tédio e reprovação estavam estampados em seu rosto.