Old Wooden Bridge

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Old Wooden Bridge

Anthony De serge

Esta não é uma ponte como todas as outras. Também tem em comum o facto de ligar duas margens, no entanto esta não é igual. A ponte está localizada no meio de uma planície, rodeada de ervas altas e pouco verdejantes. Não existe rio ou qualquer outra forma de água corrente. Talvez... Apenas talvez porque nem todas as pessoas conseguem ver esta ponte da mesma maneira.

Um jovem rapaz, Charles chegou a uma das margens, vestia uns jeans rasgados e desbotados de tanto uso, trazia também uma camisola simples de cor negra e calçava uns ténis quase tão amarelos quanto a cor do seu cabelo. O rapaz, ainda novo de idade caminhava lentamente, assim que pousou o primeiro pé sobre a ponte, a água por baixo da ponte revoltou-se. Foi uma causa-efeito da sua presença naquele sitio.

Charles não reparou, mas alguém o começara a seguir desde que havia chegado. Desprevenido e desprovido de qualquer pensamento, Charles caminhava lentamente sobre a ponte de madeira, ladeada por barras de metal horizontais. O caminho estava iluminado, ao longo da planície em paralelo com a ponte erguiam-se postes que seguravam candeeiros em forma de esferas reluzentes.

Como era tarde, por ali mais ninguém passava, era um caminho pouco usado, só quem necessitava de chegar aos apartamentos do outro lado da margem a utilizava e mesmo assim, só quem não conhecia a história da mesma passava ali aquelas horas. Este era ainda assim considerado um atalho para lá chegar.

Os passos atrás do jovem rapaz continuavam silenciosos, Charles parou no meio da ponte. Exactamente no meio e olhou em redor. A noite estava calma, uma noite não muito fria mas que presenteava quem andasse sobre ela com uma ténue neblina que ocultava os postes dos candeeiros. Tornando apenas as esferas luminosas visíveis, quase como se flutuassem  naquele espaço. Fora isso que Charles parara para observar.

Uma das esferas apagou-se. Charles engoliu em seco. Poucos segundos depois a mesma esfera voltou a acender, mas ao mesmo tempo que isto acontecia, soltou uma faísca e desapareceu por completo.

O medo irracional do inesperado começou a tomar conta de Charles a pouco e pouco. O seu batimento cardíaco, tornou-se tão acelerado que era quase possível de se ouvir no meio do silêncio. Mas antes disso, o som dos passos tornaram-se audíveis, ele percebeu pelo som que se aproximava dele. Charles olhou em volta. Em menos de nada tudo estava escuro. Todos os candeeiros, todas as esferas luminosas. Tudo estava apagado. A escuridão tomou conta.

Charles sentiu a tentação de correr o medo quase que lhe dava o impulso necessário. Mas mesmo assim houve algo que apesar de todo o medo do mundo estar concentrado sobre ele, nada importava, pois algo lhe havia despertado a atenção de forma intensa para resistir.

Água. O som de água corrente. Água a rebentar junto da costa. Foi esse o som que o fizera ficar parado e apenas a escutar. Pois ele sabia que ali não existia água alguma. Nem ele sonhava pois ali para todos os outros e para ele sempre fora uma planície, repleta de ervas secas e trigo selvagem. Sem nunca ter havido sinal de água.

A noite já ia tão avançada quanto o percurso de Charles sobre a ponte. A neblina húmida cobria a ponta do nariz do rapaz com pequenas gotas de água.

O som da rebentação da água que escutara antes tornou-se completamente audível, e ele não tinha duvidas do que ouvira, por essa razão olhou de novo em seu redor e aproximou-se do gradeamento metálico lateral da ponte. Nesse momento em que ele se debruçou ele viu a realidade. Água corria por baixo da ponte. Ou pelo menos lhe parecera água.

O rapaz estava mesmo no meio, entre as duas margens. E ali na sua frente uma figura  vestida de negro com um chapéu igualmente negro surgiu. Olhos vermelhos reluzentes no meio do negrume. Charles começou a correr de volta por onde viera. Mas a figura negra surgiu novamente à sua frente. O rapaz nem teve tempo de parar, o sangue salpicou pela sua boca enquanto este lançava um ultimo suspiro ensaguentado.

A minha lâmina atravessou-lhe o estomago de uma ponta a outra. Fiquei a ver o seu corpo cair desprovido de vida e de qualquer resistência no chão de madeira da ponte.

A culpa não era dele, mas o que estava por baixo da ponte precisava de continuar a correr. No chão da ponte o sangue do rapaz escorreu até alcançar a berma e cair sobre o que corria por baixo da ponte.

Não era um rio de água corrente, era um mar de sangue borbulhante.

E aqui mais irão ficar, por aqui me irei manter para tornar os meus passos audíveis. Enquanto a minha lâmina estiver sedenta de sangue um mar continuará a fluir.

Fim...

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⏰ Última atualização: Aug 11, 2017 ⏰

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