Fastamas do passado

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" não entre aí, eu já te disse, vai da merda. - A voz da minha mana pulsava nos meus pensamentos... "

Tem gente aí! - disse Mi com aquele ar de assustada. Suas mãos estavam tremendo e ela tentava esconde-lá do frio que não queria ir embora.

- Vocês não estão vendo oque está acontecendo? Isso não é normal. Essas luzes piscando, a televisão falando coisas estranhas e o Fill está desaparecido - falei, olhando fixamente para o Bred.

- Cagão!  - Ele respondeu para mim, destravando a arma e indo em direção às escadas da casa. Fui atrás dele e o segurei pelo braço. - vamos vazar daqui! 

- Se tiver alguém ali dentro, eu vou descobrir,  -completou ele, fitando a porta e dando alguns passos até ficar cara a cara com a entrada da casa. A porta de madeira veio com tudo, atingindo o batente, fez um barulho estrondoso, levando consigo o silêncio. Alguns pássaros que estavam na árvore próxima a casa, voaram em direção do vento. Olhei para cima e vi aquele mesmo corvo de olhos vermelhos me olhando lá de cima. A lua reflita no lago, igualzinho ao meu sonho. E, aquele barulho irritante não saía da minha cabeça.

De longe, do céu escuro, uma gota desce com elegância e ganha velocidade, caindo bem encima do meu nariz. Ela não veio só. Os pingos pesado de chuva  pegaram carona e, em pouco tempo, a tempestade voltou  para nos visitar.

Atrás daquela cara de Durão, Bred escondia o seu medo. Percebemos logo quando ele recuou da varanda da vivenda e veio até nós. Engatamos o Cabo de aço no carro de Lucas novamente acho que ele Tinha tirado quando desceu do carro. A chuva não dava trégua, e sentei no Banco ensopado. Tentamos fazer a camionete pegar, mas o motor tinha morrido.

- Tente de novo! -Falei.

Era a bateria que tinha arriado. Ficamos em silêncio por alguns instantes, eu e Bred na camionete e Lucas e Mi no carro de trás. Os trovões cortavam o silêncio e um raio desceu bem perto de onde estávamos fazendo o clarão se espalhava pelo horizonte.

- Não entre aí, eu já te disse, vai dar merda. - A voz da minha mana pulsava em meus pensamentos.

- vamos ficar aqui, até a chuva passar,  - tentei convencê-lo. Ele saiu debaixo da chuva foi direto para a casa velha. Sabe aquela sensação de culpa que fica martelando na sua cabeça?  Eu estava me sentindo assim agora.  - ah que se foda! - pensei alto, descir da geringonça  e fui atrás dele.

A casa estava fria e as luzes não funcionavam mais. Dava para ouvir o barulho das gotas de chuva batendo nas janelas em cima das telhas. Agora se via também algumas goteiras pigarem perto do canto esquerdo da sala. As janelas estavam embasada, passei o pulso da blusa pra facilitar a visão. Conseguir ver Mi e Lucas dentro do carro com farol aceso. Minhas mãos e meus pés estavam congelando, apesar da grossa camada de roupa e do dois pares de meia de algodão nos pés.

Bred segurava a arma com firmeza. O seu brilho ofuscante refletia a luz da camionete no lado de fora da casa.

O andar de cima estava inquieto, parecendo aquelas "festas raves" com luzes acendendo e apagando. Que pena que, nesta ocasião, não tinha as belas garotas e músicas eletrônica. Estavam simplesmente me borrando de medo com toda aquela situação. Bred parecia um armário subindo nas escadas na minha frente. A luz vinha do quarto do meio. Quando chegamos ao topo, vimos a porta entreaberta e sentimos que o vento frio vinha de lá. Pensei comigo mesmo: É provável que a janela esteja aberta. A cada passo chegávamos cada vez mais perto do quarto.

O grandão carregava a arma em uma das mãos e com outra segurava o seu celular, na tentativa de clarear o caminho. Ele olha para mim, acenando a cabeça.

- No três a gente entra! 
- Um... Dois..
- Se eu fosse vocês não estaria aí dentro!  - uma voz suave se sobressaiu no silêncio.

- Alice!  - Perguntou Bred.
- Saíam daqui agora!  - Disse novamente aquela voz, agora com tonalidade mais forte. Meu coração disparou e um arrepio subiu pela espinha e, para piorar, o celular do Bred apagou. As luzes que piscavam antes se apagaram por completo e a casa ficou na escuridão. Via-se somente o claro da lua, quase encoberta pela janela do corredor.

- Chris, fique por perto!  - Bred deu o celular para mim e segurou a minha outra mão. Apertava todos os portões, e nada de ligar o aparelho, aquela porcaria não acendia.

- Vamos pelas escadas, - falei. Caminhamos lentamente e dando passos curtos no escuro. Alguma coisa puxou o Bred para trás e o desespero tomou conta de mim. Segurei ele firme e puxei com tudo, fazendo ele se soltar. Senti um cheiro de terra molhada entrando pelas narinas, e,   quando acabamos de descer do último degrau,  As luzes acenderam. Lucas e Mi estavam parados do lado de fora da casa, perto da porta.

- O que aconteceu lá em cima? É porque estão de mãos dadas? - Perguntou Mi.

- Vocês não vão acreditar!

A garota Do Lago (Part 1)Where stories live. Discover now