O Menino Que Cantarolava

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Era uma vez um reino chamado Lalaland. Nele vivia um honrável rei chamado Marcos III, e sua dama, a rainha Maria Joana. Juntos eles tinham duas filhas. A mais velha, de pele branca, olhos verdes e cabelos dourados como a mãe, Carlota, e de pele branca, olhos azuis, e cabelos negros como o pai, Marilucia.

Neste mesmo reino vivia também um jovem, de nome Joaquim, que era um tipo comum, pele morena clara, olhos castanhos e cabelo curto. Era um jovem tímido e forte de corpo, com uma personalidade própria extremamente definida. Ele era filho de um artesão da cidade, o senhor Jorge, um homem simples, mas de grande habilidade com as mãos. As pessoas acreditavam que a mãe de Joaquim havia morrido ao dar a luz a ele, afinal essa era a história que Joaquim e seu pai contavam. Mas a verdade era que sua mãe era uma famosa prostituta da cidade, que engravidou de seu pai, e assim que deu a luz entregou o bebê a Jorge e foi embora para outra cidade, e nunca mais deu notícias.

Joaquim tinha um sonho, um sonho desde criança, quando seu pai o levava ao teatro e ele via aqueles maravilhosos artistas, cantando, dançando e atuando. Seu sonho era ser como um daqueles, ele queria ser um artista. Porém havia problemas quanto ao seu desejo, ele não tinha uma voz boa, era tímido e desengonçado, ou seja, nunca poderia desempenhar tal função dessa maneira.

E ele sabia disso, por isso pedia a sua fada madrinha para que desse um jeito de realizar seus sonhos. Só que nesse reino fantástico as fadas madrinhas eram privilégios dos nobres. Já que anos atrás o reino das fadas estava à beira da ruína, e o antigo rei de Lalaland, Artur XXIV “o insaciável”, fez um acordo com as fadinhas, ele as ajudaria, mas em troca elas atenderiam apenas os nobres.

Anos se passaram e o pacto nunca foi desfeito. Porém o rei Marcos III era um homem de honra e honesto, e por isso integrou os populares com os nobres, e só assim foi possível que Joaquim e a filha do rei, Marilucia, pudessem estudar juntos. Aliás, sua rainha também não era da nobreza, ela era filha de um fazendeiro, um fazendeiro rico, mas um fazendeiro, e não pertencia a nobreza. Até que o pai de Marcos III, o rei Ferdinando XV, morreu, e Marcos III, que se chamava Giuliano e tinha 16 anos na época, precisou arrumar uma rainha, e surpreendendo a todos escolheu uma garota de fora da nobreza, formando assim um reino de integração.

Joaquim estudava na mesma escola que Marilucia, mas nem olhava para ela, mas não porque ela era da nobreza, e sim porque sua paixão era Carlota, a primeira na linha de sucessão, que também estava no mesmo colégio que os dois. E Marilucia ficava triste por isso, já que ela escondia uma paixão pelo filho do artesão, e sabia da paixão dele por Carlota, e sabia também que ela não se interessava por ele, pois assim como muito dos outros nobres, e diferente de seu pai, Carlota queria se casar com alguém da nobreza.

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Todo dia antes de dormir Joaquim fazia sua oração ao deus Kahll, protetor de Lalaland, e também solicitava sua fada madrinha, mesmo sabendo que ela não iria aparecer, pois já havia lido nos livros de história sobre o pacto do diabólico rei Artur XXIV.

Até que um dia, ao solicitar por sua fada madrinha, como num passe de mágica ela apareceu.

- Fada Madrinha! – disse Joaquim, espantado.

- Sim, querido Joaquim, tu me solicitaste, estou aqui, diga-me o que desejas – disse a doce e bela fada.

- Como? Como a senhora apareceu, vocês fadas não são privilégios dos nobres?

- Primeiro não me chames de senhora, sou muito jovem e bela para isso. Segundo sempre apareceremos para aqueles que nos desejam de todo coração, e tu és um desses.

- Ô querida fada, tenho tantas coisas para dizer.

- Então diga meu jovem, sou toda sua.

- Bom, fada, é assim que devo lhe chamar ou tu tens nome?

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