Capítulo 5

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Quando chegaram até a morada das servas, a senhora que cuidava da mesma os impediu de entrar.

-Apenas com o mandato real.

-Eu sou o príncipe. Eu ordeno que nos deixe entrar. – George falou.

-Príncipe? – A serva sorriu. – Você é apenas um bastardo.

Aquelas palavras o atingiu profundamente, era normal as pessoas julgarem George, mas sempre quando recusavam qualquer comando dele, George se sentia ainda mais injustiçado.

-Ficaremos de guarda, se o virmos novamente o pegaremos. – Yves falou para George que assentiu.

Yves correu para seus aposentados, colocou um vestido, soltou seus cabelos e colocou uma faca escondida entre seus seios. Cobriu sua boca com um véu e saiu de seu aposentado cuidando para não chamar a atenção de ninguém.

Nenhuma serva falou nada quando entrou na morada delas. Ninguém conhecia Yves, mas não ousaram falar nada por ser uma mulher e lá estava ele, o fugitivo sentado em uma cadeira com sua espada em seu colo, as mulheres o olhavam assustadas. Até mesmo a senhora que recusou a presença do príncipe. Ela recusou, pois foi obrigada, o homem havia ameaçados as servas. O fugitivo olhou nos olhos de Yves e sorriu.

-Vejo que trouxeram alguém para me servir.

Yves era a única com um vestido bonito, provavelmente dava a impressão que era da família real e obvio que para um fugitivo usar uma mulher da família real, era o que ele mais queria, pois assim ele afetaria o rei.

-Venha comigo. – Yves falou sorrindo por baixo do véu.

Ele deu um gargalhada e levantou para acompanhar Yves, ela deu as costas para ele e caminhou tranquilamente até a saída da morada, o fugitivo não reparou para onde Yves estava o levando, sua vontade apenas era tê-la que não notou que estava saindo da morada.

Lá fora ele segurou o braço de Yves e a puxou para si.

-Para onde está me levando? – Perguntou percebendo enfim que estava fora da morada.

-Iria leva-lo até meus aposentos. – Yves falou.

-Aqui está ótimo. – O fugitivo a empurrou até uma parede, e passou suas mãos por baixo do vestido. Yves gemeu, mas antes que ele pudesse continuar ela o empurrou, empurrou com tamanha força que o fez cair ao chão, ela subiu em cima dele, ele pensou que Yves estava apenas fazendo o que ele queria, muito pelo contrario, com uma de suas mãos, Yves retirou a faca e apontou para jugular dele.

-O que você pensa que está fazendo? – Perguntou.

-Você está aqui para matar quem? O rei? Ou o príncipe?

-Obvio que é o rei.

-Escolha errada, matar o rei pertence a minha vingança. – Yves sem pensar duas vezes afundou a faca no pescoço do fugitivo e depois enfiou em seu peito.

-Parada! – A voz de George se fez presente.

Yves arregalou os olhos, com medo que George pudesse reconhecê-la.

-Por favor se afaste, ele é um homem perigoso. – George falou, ele não via que Yves já havia matado o fugitivo.

Yves levantou-se sem olhar para trás, apenas ouviu George se aproximando com cautela, então ergueu seu vestido e correu, correu o mais rápido que pode.

-Fique parada! – George gritou correndo atrás.

Yves conseguiu ficar um pouco mais a frente de George, pois ele havia parado para ver o fugitivo morto, o que acabou o deixando ainda mais assustado, quem era essa mulher que havia matado um dos fugitivos?

Quando Yves se aproximava do estábulo, alguém a puxou pelo braço, Yves já iria escapar dessa pessoa, mas quando olhou para o rosto se reconfortou, era o príncipe Pierre, ele a puxou para o chão com uma das mãos sob o véu que escondia os lábios de Yves, no intuitivo que ela se silenciasse.

Yves apenas ficou encarando-o. Ouviram barulho de passos, mas o barulho continuou para longe deles.

-O que você fez? – Pierre perguntou.

-Apenas matei um fugitivo que estava na morada das servas.

-Matou? – Pierre perguntou surpreso.

-Sim para isso que sirvo.

Pierre tirou o véu que cobria os lábios de Yves e perguntou.

-Mas está se sentindo bem? - Ela assentiu. – Você acha que George a reconheceu?

-Não tenho certeza, ele não chamou por meu nome, mas não posso voltar com essas vestes. Sei que é pedir de mais, mas o príncipe pode buscar minhas armaduras?

Pierre assentiu acariciando o rosto de Yves.

-Não saia daqui.

Quando retornou, trazia consigo outro vestido.

-Eu lhe pedi as armaduras. – Yves falou respirando profundamente.

-Não posso perder a oportunidade de vê-la com vestidos.

Yves sorriu e pegou o vestido das mãos de Pierre. Os dois foram até o estábulo.

-Vá para fora, não vou me vestir em sua frente.

-Sou o príncipe, posso ordena-la.

-E o príncipe sabe que vou recusar.

-Está certa. – Pierre foi para fora, e Yves se vestiu, com a faca, rasgou o antigo vestido e enterrou com a faca entre os estercos dos cavalos.

-Vamos. – Yves falou olhando para o príncipe que estava de costas para ela.

Pierre se virou e sorriu ao vê-la.

-Parece uma princesa, está completamente linda.

-O príncipe nunca vai parar de me elogiar?

-Como poderia?

Yves sorriu e os dois continuaram a caminhar em direção aos aposentos.

-Irmão! – George chamou.

Yves abaixou a cabeça com medo que ele pudesse reconhecê-la.

-Diga? – Incentivou Pierre.

-Você por acaso viu uma mulher com vestido de cor escarlate e um véu que cobria seus lábios?

-Não. – Respondeu rapidamente.

George foi para frente deles e então olhou para Yves, ela continuava encarando o chão, com medo de olhar diretamente para George.

-Não reconhece mais que teme olhar em meus olhos? – George perguntou.

Yves olhou para George e ele sorriu.

-Não é isso vossa majestade, mas é um príncipe.

-Pierre também.

-A diferença que Yves me conhece há muito tempo.

-De qualquer forma, há uma fugitiva em nosso reino, caso a encontre, por favor me avise.

-Sim, eu o avisarei.

Os dois continuaram a caminhar e George ficou novamente para trás.

Reino de LascanWhere stories live. Discover now