Dia 1: O começo e o encontro

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-Eu sempre gostei dessa cidade, quer dizer, é perfeito para mim, é como um sonho..., mas de uns dias pra cá, acho que está perceptível que estamos em...-Ela parou e olhou pra baixo, vendo a rua escura e vazia do alto do prédio- Bom, novos tempos. – Ela sorriu.

...

O silêncio fazia um clima estranho, o que me deixava mais confuso, afinal, onde estava todo mundo? Hoje o dia começou estranho, acordei e fui tomar café como de costume, estava tudo quieto, minha mãe parecia ter saído, pelo jeito com meu pai, minha irmãzinha estava chorando no quarto dela, eu fui busca-la e como a mãe e o pai não tinham voltado até a hora de trabalhar eu fiquei em casa, fiz o almoço e cuidei da Kim. Depois de maratonas de filmes em 2D da Disney eu comecei a estranhar, coloquei Kim para dormir e mandei mais mensagens para meus pais. Nenhuma resposta. Liguei. Nenhuma resposta. Eu saí para comprar alguns cigarros, como de costume e pontualmente as 20:40, não tinha ninguém na lojinha, chamei por Tom, mas nenhum sinal dele, não havia quase nenhum carro na rua, os que tinham estavam parados, ignorei esse fato e fui procurar outro lugar para comprar meus cigarros.

-Tudo vazio. – Resmunguei.

Depois de algum tempo resolvi voltar para casa, não podia deixar Kim sozinha certo? Minha rua era muito mal iluminada, já havia reclamado várias vezes disso, talvez eu tenha um certo medo de escuro. Minha casa não era tão grande, nem muito pequena, era branca e azul com telhado marrom, combinaria com uma chaminé, mas não temos nem lareira ou aquelas churrasqueiras enormes de tijolos, tem um quintal bem grande na parte de trás, 2 quartos, um para mim e os dos meus pais, minha irmãzinha dorme com meus pais, uma cozinha embutida com a sala e 2 banheiros, tudo num só andar, meu pai não pode subir escadas por isso não temos 2 andares.

Na porta da frente vi minha amiga Fernanda, bem ela prefere Ana, mas eu nunca me importei com isso. Ela estava me esperando eu acho, provavelmente ela sabia que era a hora de eu fumar.

-Fer? O que foi? Está tudo bem? Calma, meu Deus você "ta" suando muito – Falei enquanto olhava para o rosto oliva com ar desesperado – Vamos entrar.

-Você não percebeu?! Todo mundo sumiu! – Ela disse apontando para o nada e gritando, parecia que tinha vindo para cá correndo. – Menino, eu achei a Vitória no meio caminho para cá, ela disse que a família dela tinha sumido e os 3 irmãos dela ficaram lá, sabe os trigêmeos gordinhos, ela disse que procurou e não achou ninguém! O mesmo digo pra mim.

-Acho melhor você entrar, vem vou pegar um "refri", qualquer coisa.

Abri a porta, eu não estava entendendo nada, pelo jeito não foi só eu que tive um dia estranho, peguei 2 latinhas que estavam na geladeira fazem uns 2 meses, sentei do lado da Fernanda, eu estava calmo, ela nem tanto.

-Me fala o que aconteceu, exatamente como aconteceu. – Falei dando ênfase no "exatamente". – E devagar! Por favor.

-Primeiro eu acordei, o normal, a torneira do banheiro estava aberta, quase transbordou a água da pia e eu gritei "QUEM DEIXOU ESSA MERDA ABERTA" ninguém respondeu, eu achei estranho, por que lá em casa todo mundo fala e fala e não para mais, você sabe como é, desci as escadas e nada, sério, ninguém, vácuo, vazio, então eu pensei "ah, foram no mercado ou sei lá", normal, chegou a hora do expediente, eu fui, mas estava completamente fechado, as moças que abrem não foram, tipo NENHUMA! Não que eu esteja reclamando, odeio trabalhar naquele lugar, bem, mandei mensagem para o Júlio, ele disse que estava tudo estranho e que precisava falar comigo, eu fiquei meio "Nossa que coincidência, me encontrei com ele naquele parque dos cachorrinhos fofos que a gente sempre vai, mas estava quase vazio, tinha um monte de adolescente fumando maconha como sempre, mas não vi nenhum adulto ou senhor, o "Jú" disse que todo mundo tinha desaparecido e que ele não conseguia ligar pra ninguém do trabalho dele, nem da família, falou que ia sair pra procurar e qualquer novidade ele ia mandar mensagem, voltei pra casa, fiquei vendo TV, ninguém chegou em casa e tu sabe que eu não sei cozinhar né? Eu estava morrendo de fome naquela hora umas 16:00 e eu sobrevivendo de sobra de feijão congelado em casa, peguei meu celular e liguei pro "Jú", ele disse que não achou ninguém e perguntou se eu estava bem, claro que eu estava, mas preocupada, até que deu tua hora de fumar e eu lembrei, e vim te procurar, no caminho eu achei a Vitória e ela estava desesperada, coitada, a menina cuidando dos 3 sozinha, ela é toda atrapalhada, eu disse que ia ligar daqui a pouco, mas ia te procurar primeiro e aqui estou. Entendeu?

-Entendi.... Mais ou menos, quer dizer que todos os adultos sumiram? Digo, os mais adultos, por que o Júlio tem quantos anos mesmo?

-25 querido.

- Isso, aquelas mulheres do parque tem uns 30 anos né, a mais nova tinha 30 que eu lembre, então pessoas com 30 ou mais sumiram? Do nada? Que estranho.

-Sim, eu achei muito estranho! A propósito a Kiki ta bem? – Ela falava da minha irmã na hora

-Ela está lá em cima dormindo. Eu cuidei dela hoje o dia inteiro, achei que meus pais tinham saído, mas a lojinha onde compro cigarros também estava fechada, eu até procurei outras lojas, mas tudo fechado.

- Jojo, por favorzinho, posso juntar a galera aqui – Eu odeio esse apelido, por que ela não pode me chamar de Jonathan ou Jonas, não sei, mas Jojo, prefiro morrer.

-Por que a minha?

-Por que sua casinha é mais legal e tem um quintal gigante com uma vista maravilhosa – Ela deu um sorrisinho – E também porque tu é um docinho.

-ok então...

Não acredito que eu deixei ela chamar gente para cá, eu estou devendo ela, então tecnicamente eu não devia nem estar reclamando, agora é só esperar.

1 hora depois estavam, Júlio, Vitória e os irmãos, Fernanda, e eu, casa cheia, todos estavam falando e tentando entender o que estava realmente acontecendo, estavam fazendo muito barulho.

-Gente, vamos lá pro quintal, senão vocês vão acordar minha irmã, ela não gosta de ser acordada. - Disse mostrando o caminho.

O Quintal tinha uma mesinha que usávamos nas festinhas de aniversário da Kim, no seu último aniversário a gente fez uma festa temática de arco-íris, ela amou, disse que foi a melhor festa de 6 anos, bem, só se faz 6 anos uma vez. Acendi a luz de fora, me surpreendi, achei que não funcionasse mais, aquele poste velho que o pai fez, nunca vou saber como fez. Juntei todos na mesa e explicamos tudo de novo, fizemos um depoimento separado, e decidimos ficar todos juntos.

-Certo, então passem nas suas casas e tragam o que precisarem, tragam comida, não sei quanto tempo vão ficar aqui, se quiserem levem a Fer com vocês, pra ajudar, eu fico aqui com os meninos. -Eu adoro crianças, elas me adoravam, era uma relação saudável, como eu disse, tenho medo do escuro, eu acho, então é melhor eu ficar aqui onde estou seguro.

Levei os meninos pra dentro, peguei minha antiga coleção de cartinhas e alguns jogos, e ficamos jogando até todos chegarem, imaginei o caos que estaria logo mais, somos um grupo calmo, mas tem gente que se desespera, e o desespero acaba com a nossa raça no final, certeza que vão começar a assaltar os lugares e botar fogo nas coisas, não posso prever o futuro, mas logo isso pode ser a nova realidade.

-Tio! É sua vez! Ei, Tio, para de fazer essa cara de "panguão"!- disse um dos trigêmeos me puxando

-ah, desculpa- disse sorrindo

Eu estava com a cabeça nas nuvens. Acho melhor não pensar nisso agora e pensar no melhor, sempre ser positivo.

...

-Trouxe um monte de comida e roupas, as meninas estão trazendo o resto. - Júlio disse colocando as coisas em cima do tapete da sala.

Júlio tinha uma Pick Up Azul escura, era bem velha, ouvi dizer que ele chamava a Pick Up de "filhinha do papai", não julgo ninguém, mas sempre achei isso engraçado, ele era um homem negro, forte, tinha um black power meio quadrado e era meio hipster, eu adoro ele, ele é muito inteligente e lógico, um pouco normal até.

-Querem ajuda? - Gritei da janela?

-Não! a gente aguen- -elas derrubaram umas malas no chão. - Pensando bem, uma mãozinha seria "Great"- Jesus, Fernanda!

-Estou indo.

As malas estavam cheias de doces, salgadinhos, água, sacos de café, farinha e açúcar. Me certifiquei de fechar todas as portas e janelas, coloquei os 3 meninos no quarto dos meus pais, virou meio que o quarto das crianças, peguei o colchão do meu quarto e coloquei na sala, assim poderíamos ficar juntos e conversar, ver algum filme no DVD e etc.


Reborn: Could you survive?Where stories live. Discover now