Parte 1

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ERA SEXTA-FEIRA, Manuela estava chegando em casa após seis horas de aulas e duas de exercícios físicos. Os cálculos rondavam sua cabeça e seu corpo estava dolorido. Para ela, era melhor pensar em cálculos do que na sua festa de aniversário. Seu pai queria fazer a festa na casa de Florença, mas Manuela sempre discordou, nunca encontrara motivo para se aproximar de uma família que nem a tinha visitado quando nascera ou fora batizada. O pai e a avó, Dona Giulia, que sempre mimaram a menina, desistiram de levá-la à Itália.

Manuela entrou em casa, tentando, em vão, não fazer barulho para que seu pai não a ouvisse chegar.
- Seu pai não está em casa - A voz de sua avó era tranquila, levemente melancólica e sarcástica. Ainda sim, fez Manuela se assustar e levar a mão ao peito.
- Oi, vovó. - Manuela, dizia, sorrindo e ainda se recuperando do susto - Como sabia que estava... hmm... me escondendo do meu... hmm...
- Pai - Giulia revirou os olhos para a neta - Como foi a aula?
- Boa, me fez esquecer um pouco de amanhã. - Uma agonia surgiu em seus olhos, mas passou como um lampejo, sua avó sorriu delicadamente - Cadê o papai?
-Ele não me disse onde iria, mas avisou que chegaria antes do jantar.

Manu chegou aos pés da escada e deu um beijo em sua avó, que foi para a sala de estar. A menina correu até o quarto e jogou a mochila em um canto, o mesmo fez com o casaco pesado. O frio estava forte fora de casa, mas aconchegante no quarto. A lareira estava acesa e o cheiro de rosas dominava o aposento. Manu se sentou na poltrona perto da lareira, ao lado da janela, com uma vista para o jardim dos fundos que era incrível mesmo no frio. Frio esse que deixava tudo com um tom de musgo. O velho lago azul, não estava tão azul assim. O sol no horizonte deixava o lago brilhante e convidativo para um passei no píer. Mas os olhos de Manu se concentravam apenas na beira do rio, onde Sue e Theo brincavam de esconder, a dor de estar chegando a uma nova fase deixou a face de Manuela molhada. Secou as lágrimas e pensou em seus avós, tios e primos que logo chegariam de Florença. Um sorriso surgiu devagar ao lembrar de Carena e Jian. Além de prima, Carena, era sua melhor amiga. Ela havia se mudado para Florença há três meses, o que lhes parecia uma eternidade. A garota de olhos e cabelos castanhos ficou pensando nas coisas que costumavam fazer juntas e nem viu o tempo passar. Faltavam dez minutos para o jantar. Dez minutos era o que ela tinha para tomar banho e se arrumar.

- Não pode ser! - Manu levantou-se da poltrona, atordoada e nervosa.
Ela a corrida até o banheiro rendeu-lhe uma bela marca roxa em sua canela quando acabou tropeçando no tapete de pele falsa e rolou por ele. Um som agudo escapou de seus lábios.

- Vá com calma, Manuela! - Sua avó abriu a porta. - Vá tomar banho, eu acho uma roupa pra você. Mas se apresse, temos cinco minutos.

Manu se levantou, deu um beijo na testa da avó e correndo para o banheiro. Quando chegou à porta, se virou e enviou beijos pra a avó.

- Eu tenho a melhor avó do mundo!
Ela entrou no banheiro e trancou a porta. O banheiro era revestido de azulejos cor-de-rosa e várias borboletas coladas no box de vidro. Ela se despiu e tratou de entrar o banho. Se tivesse mais tempo, tomaria um maravilhoso banho na banheira. Mas teve que se apressar e não pode desfrutar do último banho com liberdade que teria.

- Manuela! - Sua avó raramente se irritava, mas quando o fazia era, simplesmente, apavorante - vá se vestir. Você tem três minutos pra chegar na sala de jantar. - Dona Giulia começou a se afastar em direção à porta - E para que você não se atrase, a família Catrini chega hoje às 21:30. Eles detestam atrasos.

Claro, pensou a garota, demoraram dezesseis anos para visitar a neta e, agora, quem precisa impressionar sou eu. Manuela vestiu sua meia-calça bege com uma enorme dificuldade. O vestido verde-oliva com bordados e flores douradas estampados, descia até seus pés. Ela calçou as sapatilhas pretas e prendeu o cabelo com uma fita verde em um rabo-de-cavalo no alto da cabeça. Manu correu até as escadas e ajeitou o vestido. Ela descia graciosamente enquanto seu pai entrava pela porta. Ao ver Lauro entrando, Manu se desfez da postura e correu para os braços do pai.

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⏰ Last updated: Jul 15, 2016 ⏰

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