VI

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A manhã foi bastante agradável, apesar dos muitos momentos em que Charlotte e George ficaram em completo silêncio. Ela entrou escondida em sua casa para evitar falatórios e perguntas de suas irmãs mais velhas e foi para seu quarto com a rosa que havia ganhado dele.

Sentia-se feliz, se repreendia toda hora em que pensava nele. Pegou-se novamente pensando nos belos olhos azuis do cavalheiro, e suspirou. Ela não poderia nutrir nenhum tipo de sentimento amoroso por ele. Charlotte podia ser apenas amiga dele, somente isso poderia ser. Mas ela não podia enganar a si mesma, que ele despertava o pior dela, e o melhor também. Seus pensamentos foram interrompidos por sua governanta que entrou com seu vestido, colocando-o no armário. Quando Jasmine finalmente a viu, levou um susto.

— Minha nossa! — Jasmine colocou a mão sobre o peito. — Que horas você chegou?

— Não faz muito tempo.

— Como foi tudo? Ele lhe faltou com respeito?

— Foi agradável. — Charlotte escondeu as farpas que foram trocadas. — Ele é um perfeito cavalheiro.

— Quando ele vem aqui? — Jasmine tomou as mãos de Charlotte. — Fico feliz que tenha achado alguém...

— Minha amada Jasmine, ele é somente um amigo. — Charlotte tirou as mãos de Jasmine. — Estou cansada de falarem sobre casamento comigo. Eu não tenho interesse, respeite minha escolha.

— Calma minha querida, não queria deixá-la aborrecida.

— Mas deixou. — Charlotte soltou seu cabelo do penteado, e começou a escovar suas madeixas loiras. — Acho que a felicidade não depende apenas de um casamento. As mulheres casam sem nem saber com quem e como é o homem. Ele pode ser ruim, ou quem sabe até um libertino. Não quero isso para mim, e nem para minhas irmãs. Elas não se importam, ao contrário de mim.

— Se todas pensassem como você, não haveria mais ninguém se casando. — Jasmine sentou na cama. — Se você fosse princesa teria que casar com o homem que seu pai ordenasse.

— Mas eu sou filha de um duque, e não sou obrigada a casar com um estranho por completo.

— E esse Sr. Smith?

— Um completo estranho ainda. — Charlotte encarou a governanta. — E desperta o pior em mim.

— O que quer dizer com isso? Foi mal-educada com ele? — perguntou assustada.

— Ele também é insuportável. — ignorou as perguntas da Sra. Turner.

— Charlotte Harrison, você vai pedir desculpas para o cavalheiro.

— Não vou não!

— Não seja tão teimosa! Parece um cavalo empacado!

— Sou mesmo! — Charlotte pegou um livro em cima de sua penteadeira. — Vou sair para ler. Por favor, quando o almoço ficar pronto, chame-me.

— Como quiser. — Jasmine fez uma reverência. — Vossa teimosia.

Charlotte saiu do seu quarto com o livro rindo. Resolveu ir para os jardins do fundo, o seu lugar preferido, depois do jardim de inverno. Preferiu não ficar no lugar de costume, se afastando mais, ficando perto das árvores. Sentou-se na grama verde e macia, abrindo seu livro, pôs-se a ler. O livro era "Romeu e Julieta", que possuía final bastante trágico, mas ela amava aquele tipo de literatura trágica.

Uma borboleta azul com detalhes amarelos pousou na página amarelada e ficou lá, como se admirasse as letras. De repente, Charlotte ouviu um barulho de passos, deveria ser sua governanta chamando-a para almoçar, mas fazia tão pouco tempo que ela havia saído de casa. Porém, ela estava enganada, não era Jasmine, e sim, sua melhor amiga, Sky Marshall.

Lady CharlotteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora