- Capítulo 12 -

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Então sua mãe não morreu, os conselheiros de seu irmão, estão tentando roubar o trono e nós estamos mortos? - ela perguntou, com a cabeça deitada em meu peito.

Era bom tê-la ali. Fiz o possível para não chamar a atenção quando a carreguei até minha cabine e, graças ao cara emproado, Evelyn tinha sua própria cabine, o que reduziam meus problemas.

- É. E eu me tornei um fora da lei. - respondi, mexendo em seu cabelo, que ainda estava molhado graças ao banho que ela havia tomado.

- Fora da lei não é uma palavra que combine com você.

- São três palavras. - a corrigir rindo, o que fez com que eu levasse um beliscão.

- Eu quis dizer que não parece afrescalhado o suficiente. Você tem mania de fazer tudo ser mais complicado do que deve ser. Achei que iria escolher uma palavra mais enfeitada para você. - explicou. - Tem alguma palavra assim que diz a mesma coisa?

- Deixa eu ver... - comecei a procurar em minha memória uma palavra que correspondesse as expectativas dela. - Rebelde é muito simplório. Insurgente muito usado pelos militares. Preciso de algo único, como eu. - disse, provocando uma risada nela. - Que tal, contumaz?

- O que é isso? - perguntou, ainda rindo.

- É alguém que age com rebeldia. Alguém teimoso, também usado para aqueles que se nega a pagar por seus crimes.

- Gostei. Contumaz. É bem sua cara. Teimoso, cabeça dura e agora um "criminoso".

- Sou perfeito, não é? - perguntei, tirando ela do meu peito para deitá-la no travesseiro.

Lhe arranquei um sorriso ao enterrar meu rosto em seu cabelo e a apertando em um abraço, mesmo não considerando aquilo um aperto de verdade. Estava com tanto medo de causar algum dano, que eu comecei a tratá-la como uma boneca de porcelana.

- Tem mais alguma coisa que esqueceu de me contar ou isso é tudo? - perguntou, ainda com aquele ar de cansaço.

- Evelyn. - disse com cuidado. - O bebê não é meu.

Sentir o corpo dela ficar tenso, então a larguei e me afastei um pouco para que pudesse olhar para ela e ela também pudesse me ver.

- Eu tentei te explicar. Mas você ficou tão zangada e eu tão desesperado. Evelyn chegou grávida em Etama, mas demorou um pouco para ela descobrir. Eu nunca toquei nela, a única vez que a beijei foi na minha festa.

- Isso é verdade?

O olhar que ela me lançou foi ao mesmo tempo, para mim, reconfortante e doloroso. Eu podia ver que ela queria acreditar em mim e aquilo aquecia meu coração, mas ver a dor em seu olhar me fez pensar em quão ruim deve ter sido para ela, talvez tão ruim como foi para mim, que passei a noite bebendo a agindo de maneira irrefletida ao quarto de meu irmão. Aquele era um dos momento em que você fica dividido. Eu não podia dizer que, se pudesse, voltaria no tempo e mudava tudo, porque, por mais que a amasse, eu não conseguiria colocar Evelyn numa situação ruim com seu tio e, pela primeira vez na vida, me odiei por tentar ajudar os outros. Se eu não o fizesse, meus problemas se reduziam quase a nada.

- Eu não mentiria pra você. Pode me perguntar qualquer coisa e eu te respondo.

- Victória morreu? - perguntou com aquela expressão que dizia que ela já sabia a resposta da sua pergunta.

- A peça de Thomas? Lamentavelmente, sim.

- Você bebeu naquela noite, não bebeu? - me perguntou, mordendo os lábios.

- Muito, mais do que achei que conseguiria aguentar.

- Tentou proteger ela, assumindo o bebê?

Respondi que sim, balançando a cabeça.

Jogos da Ascensão II - As Garras de EtamaWhere stories live. Discover now