5 - parte 2

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  A casa de Jessica era simples, mas muito aconchegante. O pai dela não estava, mas Ester, a avó de Jessica, as recebeu com alegria. Após aplicar as injeções de Insulina na avó, Jessica deu um tempo para que ela se sentisse melhor. Logo ela estava passando um café para as meninas e sentando-se à mesa curiosa por conhecer Maria. Depois de muito bate papo, Jessica puxou o assunto:

— Vovó, a senhora sabe o que aconteceu com aquele casal rico que construiu o castelo da Rua Londrina?

Ester encarou a neta, mas nem fez menção de responder. Maria resolveu interferir:

— Eu trabalho naquele castelo, mas todos me dizem que devo me afastar de lá. Gostaria de saber o motivo.

Ester ficou mais um tempo pensativa, por fim levantou-se com um olhar triste e respondeu:

— As pessoas gostam de julgar e têm medo da pessoa errada.

— Como? — Maria e Jessica perguntaram ao mesmo tempo.

— Por favor, não me perguntem mais sobre isso e Jessica, pelo seu bem, nem tente mais descobrir. É muito perigoso, o mal se foi, mas pode voltar se for procurado. Vão arrumar outras coisas para fazer que não estejam ligadas àquele lugar. E quanto a você — disse ela olhando para Maria. — Sim, é melhor que saia imediatamente daquele lugar.

E assim Ester saiu da cozinha e se trancou no quarto.

Maria mal conseguiu dormir aquela noite, todo esse mistério a deixava frustrada. Pensou em escrever uma carta para o homem do castelo contando tudo e perguntando o que aconteceu e se ele é um assassino. Mas logo tirou essa ideia da cabeça. De qualquer forma não ficaria o ano inteiro cuidando daquele jardim, isso ia acabar algum dia.

No dia seguinte, Maria encontrou Jessica na biblioteca com um sorriso enorme.

— O que aconteceu? Sua avó resolveu contar alguma coisa?

— Não temos tanta sorte, mas conversei hoje com o Edgar, um velho safado que dá em cima de mim.

— Está feliz por que um velho safado dá em cima de você?

Jessica fez uma careta de ofensa.

— Não, engraçadinha. Tudo depende de como você pede as coisas, eu sou tão especial que ele vai me dar a cópia do registro das casas da Rua Londrina.

Demorou um tempo para a ficha de Maria cair.

— Ele vai te dar os registros? Então vamos saber o nome do dono do castelo?

— Bingo!

Maria deu pulos com Jessica esquecendo totalmente a tristeza do último bilhete do homem misterioso.

Nos dias que se seguiram, Maria trabalhou calada, chateada pelo último bilhete do homem misterioso. Se ele achava que era perigoso ela se aproximar dele, ela ia fazer a vontade dele. Trabalhava com tanta vontade no jardim, que praticamente deixou o jardim lindo em pouco mais de uma semana. Numa quarta, na hora que chegou para trabalhar, encontrou um envelope encostado na roseira, ela o abriu e se surpreendeu com uma enorme quantidade de dinheiro e um bilhete do estranho:

"Como não combinamos preço, fiquei sem saber quanto te pagar, espero que seja o suficiente."

Maria deveria ter ficado realmente agradecida, qualquer pessoa ficaria, mas ela se sentiu ofendida. Pegou sua caneta e respondeu no mesmo papel.

"Saiba que não faço isso pelo dinheiro, faça bom proveito dele."

Maria não sabia o porquê, mas ficou tão chateada, que ficou três dias sem ir trabalhar, esperava que o estranho entendesse que ela não era empregada dele. Embora ela soubesse que, de certa forma, era.

O assassino - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora