Aquele Dia.

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Esta é uma história de ficção qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

E atenção :- Não deve ser lida por pessoas facilmente impressionáveis.

Aquele dia

Este é o mito da caixa preta em que um dia todos nós entraremos. Mortos ou Vivos.

Nessa manhã como em muitas outras, o dia na grande cidade amanheceu com o céu bem límpido.

Dentro da minha caixa de papelão já se fazia sentir o calor.

Apetecia-me dormir mais um pouco, mas era praticamente impossível continuar dentro da minha “casa”.

O calor sufocava, estava escuro dentro da minha caixa de papelão.

Era apertadinha ,afinal não passava duma caixa que vinha a embalar um frigorifico.

E que alguém deitou para o lixo .

Mas o que uns não querem, a outros faz muita falta. É uma valente caixa de papelão

já resistiu a três invernos, mas agora já estava a ficar gasta e meia rasgada.

Virei-me de costas para a atmosfera meio enrolado nos cobertores , quase que roçava com o nariz na parte cimeira da caixa.

O topo da caixa servia de porta .

Com uma pancadinha abri a tampa e fui saindo.

A claridade da manhã depressa me causou uma cegueira temporária .

Piscarinhei os olhos várias vezes e fui-me habituando á claridade.

Sentei-me no chão doía-me o corpo todo, criando a ilusão que tinha sido atropelado.

Passei a mão cofiando a barba ,que me fazia um atroz comichão na cara.

Não me lembro quando foi a última vez que a cortei.

E o cabelo? Esse já me passava pelos ombros .

No alto dos meus quarenta e sete anos, não me lembro de alguma vez ter passado por uma fase destas .

A minha caixa estava bem juntinho á montra do café central.

E aqueles bolos, pães e folhados que se amontoavam dentro da vitrine?

O meu estômago roncava, como é seu apanágio todos os dias repetir a mesma façanha, roncar, qual porco numa pocilga .

As minhas pernas tremiam, estava impaciente e faminto.

Comecei a trabalhar.

Trabalho que se resumia a esticar a mão e pedir algumas moedas para tomar o pequeno almoço.

- Dê uma moedinha ao pobrezinho .

Dizia eu a um “senhor doutor” esguio e de semblante carrancudo que passava.

- Faça como eu, vá trabalhar!

Trabalhar, como se fosse fácil para mim arranjar um trabalho com esta idade e com todos os problemas de saúde que se foram agravando.

- Olá, senhor pobre. Disse uma linda menina de olho azul e cabelo loirinho com cerca de cinco anos que passava de mão dada com a mãe.

- Olá, bom dia anjinho .

- Dá uma moedinha ao senhor .Disse a mãe .

- Bem ajam, e um bom dia para quem pratica o bem.

Um euro !

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⏰ Last updated: Jul 09, 2011 ⏰

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Aquele Dia.Where stories live. Discover now