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Cecilia Albuquerque

    Passamos metade do sábado na casa do Enzo e lá pro meio da tarde eu deixei todo mundo doido pra irmos no cinema.

— Eu detesto cinema. - Felipe falou no banco de trás e eu olhei de cara feia pra ele — Porra, Cecília. Tanto rolê bacana e tu mete um cinema pra cima da gente.

— Se fosse uma festa tu ia todo feliz, filho da puta. - O Enzo murmurou concentrado no trânsito e eu ri achando fofo ele me defendendo.

— Que isso, parceiro. Não pode falar nem um "A" com a loira que ele morde. - O Felipe falou irritando o Enzo, que ignorou ele — Vou falar pra vocês viu, depois que a Cecília entrou na vida do Enzo perdi até o meu lugar no banco do passageiro.

— Quer um lencinho pra secar as lágrimas? - Perguntei me virando pra trás e senti o Felipe puxando meu cabelo, me fazendo começar a bater nele.

— Eu vou fazer todo mundo descer aqui no meio da rua. - O Enzo falou sério e nós quietamos.

— Qual filme, amiga? - A Amanda perguntou animada.

— Já aviso logo que eu me recuso a assistir aqueles filmes de desenho. - O Felipe deixou claro.

— E eu me recuso a assistir aqueles de romance. - Enzo também deixou claro, me fazendo revirar os olhos pros dois.

— Engraçado que lá em casa você assistiu caladinho um filme de romance comigo. - Falei olhando debochada pro Enzo e o Felipe começou a zuar ele.

— Não boto fé nisso não, pô. - Felipe falou rindo muito alto — Enzolas assistindo filminho de romance, muito pau mandado mesmo.

— Cala a boca, para de ser chato. - A Amanda repreendeu o Felipe, que calou na hora.

— Só eu sou pau mandado né, otario. - O Enzo riu olhando pro Felipe pelo retrovisor, que deu dedo pra ele.

— To olhando aqui quais filmes estão no catálogo, seus chatos. - Falei concentrada olhando os filmes pelo site do cinema — Tem uma comédia boa até.

— Qual, Ceci? - Amanda perguntou interessada.

— Minha irmã e eu. - Respondi olhando pra ela.

— Aquele da Tatá Werneck e Ingrid Guimarães? - Perguntou e eu concordei — Eu vi o trailer, pilho muito.

— Então vai ser esse. - Afirmei e ela assentiu.

— Porra, que isso? - O Enzo perguntou olhando pra gente quando parou em um semáforo — Decidiram assim sem nem perguntar pra gente?

— Que machismo é esse que os homens não tem poder de escolha? - Felipe perguntou também.

— Felipe. - Falei me virando pra ele de braços cruzados — Você quer mesmo falar sobre poder de escolha?

— Logo você? - Amanda completou perguntando pra ele — Que confirma a presença de todo mundo nas festas sem nem perguntar se as pessoas querem ir?

— Tá. Vou ficar calado dessa vez. - Ele bufou e nós rimos — Mata essa no peito, Enzo. Você tem local de fala nessa porra.

   O Enzo foi falar alguma coisa mas calou quando eu olhei séria pra ele, fazendo nós três rirmos dele.

— Na moral, vão tomar no cu. - O Enzo reclamou e eu neguei com a cabeça rindo.

    Até que enfim, chegamos no shopping. O Enzo estacionou no estacionamento que ficava perto do cinema.

    Fomos até aqueles caixas de autoatendimento, que você faz tudo pela telinha, e compramos os ingressos na última fileira.

— Que horas é o filme? - Felipe perguntou abraçando a Amanda por trás.

— 17:45. - Falei olhando nos ingressos.

— Falta 35 minutos ainda. - O Enzo falou olhando no relógio dele e o Felipe fez careta.

— Vamo na praça de alimentação ver o que comprar pra comer no cinema. - A Amanda sugeriu e nós concordamos.

O Felipe saiu segurando na cintura da Amanda, me fazendo achar fofo os dois.

    Já eu e o Enzo fomos andando com as mãos entrelaçadas.

— Que tal um Mc? - A Amanda sugeriu e todos concordamos, menos o Felipe.

— A gente sempre come Mc, vamos comer algo diferente hoje. - Falou fazendo cara feia e a Amanda revirou os olhos.

— Esse cara é sempre do contra, puta merda. - Enzo reclamou — O maluco consegue discordar de coisas que todo mundo concorda, menos ele.

— Bora de sushi, porra. - Felipe sugeriu e nós três encaramos ele — Que foi?

— Sushi no cinema? - Amanda perguntou e o Felipe assentiu — Nossa, nada a ver. Vamos de Mc mesmo gente.

— Puta que pariu, eu não decido nada nessa porra. - O Felipe reclamou seguindo a gente, se dando por vencido.

    Enfrentamos uma fila horrorosa mas conseguimos pedir os nossos lanches, contra a vontade do Felipe mesmo.

    Esperamos a nossa senha sair no painel e pegamos as embalagens assim que a mesma apareceu na tela.

    Já faltava uns 15 minutos pra começar o filme e fomos direto pro cinema sem enrolações.

    Agora já estávamos enfrentando uma outra fila duas vezes maior que a do Mc, a do cinema.

    Apoiei minha cabeça no ombro do Enzo, que deixou um beijinho e cheirou o meu cabelo.

    O Felipe já tava agoniado com a fila, dava pra ver pela perna dele.

— Se demorar mais um pouco, você bota um ovo. - Eu falei olhando pro Felipe e ele revirou os olhos pra mim — Já que você tá tão agoniado, vai ali comprar uma pipoca pra mim, amigo?

— Tá me achando com cara de palhaço? - Ele perguntou olhando pro tamanho da fila da pipoca e eu fiz bico.

— Mas amiga, você não queria Mc? -  A Amanda perguntou rindo apontando pras sacolas que os meninos carregavam com os lanches.

— Eu ainda quero, mas olhei pro banner ali da pipoca de M&M que viralizou no tiktok e fiquei com vontade. - Falei fazendo bico e os dois pombinhos riram.

— Eu vou lá pra você. - O Enzo disse saindo da fila e eu tirei o bico do rosto.

— Esse Enzo tá te estragando. - O Felipe falou pra mim quando viu o Enzo pegar a fila da pipoca — Vai ficar chata e mimada se ele continuar fazendo tuas vontades desse jeito.

— Você deveria aprender com ele, isso sim. - A Amanda falou entre dentes batendo no braço do Felipe e eu sorri.

     Quando tava quase chegando a nossa vez na fila do filme, o Enzo chegou com a pipoca fazendo meu olho brilhar.

— Obrigada, obrigada, obrigada. - Falei alegre fazendo biquinho de beijo e ele riu baixando a cabeça pra depositar um selinho no meu bico.

— Podia ser a gente, mas você não faz as minhas vontades. - A Amanda resmungou e o Felipe encarou ela com os olhos estreitos.

— Ficar igual um corno esperando 45 minutos pro seu lanche chegar de madrugada não é fazer tuas vontades não? - O Felipe perguntou desacreditado e a Amanda se fez de sonsa.


    Fomos os próximos da fila, entreguei os ingressos e a moça liberou a gente mostrando qual era a sala do filme.









  

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