5𝒕𝒉 𝒕𝒐 8𝒕𝒉 𝒈𝒓𝒂𝒅𝒆

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Fiquei com vários traumas do 1º ano ao 5º ano, os anos em que mais sofri bullying e me senti odiada, com o tempo comecei a confiar menos nas pessoas e a escolher melhor as minhas amizades, mas mesmo assim, até ao 9º ano que ando sempre em grupos de amizades em que todas são falsas

Cada vez que ia para um grupo de rapazes havia sempre um desgraçado ou mais que acabava por se apaixonar e querer ficar comigo, eu tive um segundo melhor amigo, obviamente não substitui o Mateus mas era alguém que me fez bem mas no final muito mal, ele sempre me apoiou e eu dei toda a minha confiança e eu confio nele até hoje, mas, quando ele começou a namorar abandonou me completamente, mas tudo bem.

 Atualmente já falamos melhor, mas já não é o mesmo.

Passado um tempo não sei quanto exatamente comecei a namorar com um menino de 15 anos, ele era muito fofo no início, mas após um tempo ele tornou se noutra pessoa completamente diferente, não a pessoa que eu me tinha apaixonado, ele pedia me fotos, se eu não mandasse ele acabava comigo, como eu estava instável emocionalmente naquela altura então eu só obedeci, não o podia perder. Ele começou a fazer novas ameaças, tais como, "Se não mandares outra eu espalho as outras", a melhor coisa que aconteceu foi eu ter conseguido apagar aquelas fotos do telemóvel dele e ter seguido a minha vida em frente.

Sempre fui uma aluna exemplar, então sempre tive ótimas notas, os meus pais exigiam muito de mim, o que me fez atualmente não conseguir aceitar um simples 70%, na minha cabeça menos de 80% é horrível, isso afetou me muito, pois muitos tinham inveja de mim do 5º ao 7º ano. 

A escola para mim era como tortura nessa época, sentia que ninguém gostava de mim lá, que as minhas "amigas" ficariam melhor sem mim e sentia me sobrecarregada com os estudos, bom, eu tenho TDAH para quem não sabe é Défice de atenção com hiperatividade, ansiedade, essas são as coisas que mais me afetam, até porque muitos não levam em consideração porque não tenho isso escrito em algum sítio, desculpem se não tenho escrito na testa "TENHO TDAH".

No 7º ano eu já estava completamente esgotada, discussões todos os dias com a minha mãe, o meu pai a trabalhar maior parte do tempo, com as mesmas amizades de antes e a fingir que não via que era excluída, a fingir que não via elas a falar mal de mim, a dizer que sou dramática depois de ter contado como me sentia mal com tudo, as minhas notas desceram, eu tive vários esgotamentos, cortava-me todos os dias e tomava medicações para me dopar. 

Nesse mesmo ano eu encontrei o meu primeiro amor, o Simões, a pessoa que eu mais amava, estava tudo bem, ele amava me, eu a ele, realmente foi verdadeiro, nesse mesmo ano eu fiz um amigo, que se hoje pudesse voltar naquele dia com certeza matava aquela pessoa, não posso dizer o nome então vamos chama-lo de Pedro, aparentemente ele pintava, eu adoro arte, então passámos muito tempo a conversar, depois de nos aproximarmos ele disse que queria me dizer algo.

Afastámo-nos dos amigos dele e fomos para um sitio esquisito, então ele preparou se para contar, ele disse que eu teria que ter calma para que eu conseguisse processar, antes mesmo de eu puder perguntar algo ele tirou uma armada mochila e matou um casal à minha frente, a sangue frio, fiquei com aquela imagem para o resto da minha vida.

Eu obviamente não sabia como reagir, não podia simplesmente fugir, ele sabia onde eu estudava, onde eu morava, quem eram os meus amigos, tudo, apenas fiquei paralisada, por um lado queria chorar, por outro eu só queria pedir para que ele me desse um tiro, eu sabia que ele não o iria fazer, eu estava muito mal naquela altura, já havia destruído o meu corpo com automutilação, pernas, braços e barriga, pensava na morte maior parte do tempo, pois eu não aguentava mais ter ataques de ansiedade constantemente.

Quando me afastei ele automaticamente pegou no meu ponto fraco, o Simões, pois ele tinha sentimentos por mim, disse que se eu dissesse algo a alguém mataria o Simões, por um tempo obedeci, mas eu estava a arriscar a vida de alguém se eu não fizesse qualquer coisa que o Pedro  quisesse, então, tomei uma decisão que me doeu muito, mas ao mesmo tempo não, pois o Simões ainda tinha que crescer muito.

Ele estava no 8º ano e eu no 7º, mas eu tinha mais maturidade que ele, por causa das coisas que eu passava, ele magoava me várias vezes, então não doeu tanto essa decisão por isso, mas eu terminei com ele, os amigos dele odiavam me, eu tentei explicar-lhe a situação, o que foi estúpido, pois ele foi contar aos amigos e não acreditaram em mim, eu não os culpo, não é todos os dias que conhecemos um assassino.

Eu continuei a assistir a alguns homicídios desse tal Pedro sem puder dizer nada e a sofrer sozinha, quando criei coragem para falar com a pessoa que eu mais confiava, uma ex-professora minha ela riu se, não acreditou que eu estivesse a passar por aquilo. Com o tempo o Pedro obrigou-me a fazer coisas que eu não queria, ele tocou me e usou o meu corpo, e eu não podia fazer nada, eu tinha uma arma apontada para mim.

Nesses momentos eu pensava no quanto eu não queria na realidade morrer, mas sim, matar algo dentro de mim.

 Talvez esse fosse um dos momentos mais traumatizantes da minha vida, e realmente foi, nesse momento eu só implorava para sair dali viva, quando eu pude ir para casa fui tomar banho, mas sentia me sempre suja, podia lavar me mil vezes, continuava a sentir me suja, isso aconteceu várias vezes até ele ir para o Brasil, senti um alívio enorme quando soube que ele se tinha ido embora.

Uns meses passaram e várias coisas aconteceram, eu estive com outra pessoa, que era incrível mas no fim do relacionamento fez porcaria, foram 8 meses juntos, mas não funcionou, na altura doeu muito, mas superei até que rápido, o problema foi eu estar a levar com muitas coisas, as minhas "amigas" abandonaram me, estava completamente sozinha agora, discutia com a minha mãe todos os dias, tomava comprimidos todos os dias antes das aulas e quando chegava a casa, tentei me matar 2 vezes com eles.

Eu tomava Quetiapina como antidepressivo, mas eu comecei a tomar a mais, para me dopar, o que foi muito bom na altura até começar a ter dores e nem conseguir me levantar quando tomava demasiado, numa vez quase tive que fazer uma lavagem de estômago, os meus pais pareciam muito preocupados, mas depois de um tempo utilizavam isso como argumento em discussões e pouco se importavam.

Eu estava tão instável que acabei por me apegar a alguém que já me tinha magoado antes, o Simões, ele desculpou me por o ter deixado, eu acreditei que ele tivesse mudado, era tudo muito bom na realidade, a única coisa que me incomodava era o facto de ele não admitir que estava comigo, porque tinha medo dos comentários, mas eu respeitei isso. 

Arrependo-me de ter voltado com ele? Não, mas doeu muito, tive uma grande quebra emocional, que sinceramente até hoje ainda dói pensar que fiz de tudo por uma pessoa que de um dia para o outro me deixou. 

Ele magoou me tanto, mas tanto, mas nunca me vou arrepender do que tivemos, talvez ele já não pense em mim, ou nem sequer o tenha afetado tanto quanto a mim, eu espero que ele seja feliz, eu quero que ele conquiste tudo o que ele me disse que queria conquistar e eu espero um dia poder ver ele a ser bem sucedido, guardo um pouco de ódio, mas também muitas memórias. Eu realmente gostei de ti Simões.

Entretanto entrámos em quarentena em março de 2020.
Covid-19
Foi fudido essa altura

Era uma má pessoa, tinha tido problemas com ele, logo eu fiquei atenta e reduzi a conversa, mas ele não parecia ser assim tão mau, dei lhe um voto de confiança e adivinhem, ele tornou se meu namorado, eu amava o tanto, ele tinha 17 anos e eu 15, há pessoas que nos julgavam pela nossa idade.
Mas ele foi apenas mais um erro meu

Afastei me de muitas pessoas, falsas, problemáticas ou que me magoassem, afinal, não precisava delas, só me magoava, ele ajudou me com isso também, ele abriu me os olhos sobre muita coisa e ensinou me a saber lidar com problemas de uma forma diferente, sempre fui muito dependente das pessoas à minha volta.

Estava tudo bem, até que alguém do meu passado voltou, o Pedro, ele foi ter à minha escola, para falar comigo, ele disse para eu escolher entre duas pessoas, para ele torturar e matar, ele realmente gosta de me ver sofrer, a diferença é que desta vez eu escolhi me, deixei ele fazer o que ele quisesse comigo, eu não podia deixar ele fazer algo com eles, então eu fiz algo que eu arrependo me, mas ao mesmo tempo não, pois salvei duas pessoas, eu fui violada.

Nesta altura toda perdi 10 kilos, parei de comer e demorei muito para conseguir voltar a conseguir comer. Até hoje tenho algumas dificuldades

Mary's lifeWhere stories live. Discover now