8 - O CONFRONTO

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Paro em frente a sua casa, deitando a bike na calçada.

Não sei onde encontrei coragem para fazer isso, mas vou fazer. Ele não pode ir ao meu ambiente de trabalho, me ameaçar metaforicamente e sair como se estivesse certo.

Eu estou certa, ele é o errado! Ele é um assassino!

O frio castiga as minhas mãos expostas. O céu está cinzento, é um daqueles dias escuros e medonhos. Talvez se eu ligasse para D... Ele é fuzileiro, ele poderia dar um fim em Elliott com apenas um disparo. Não, não há razão para meter Dereck nisso. Esse foi um problema que eu arranjei para mim, ele já tem problemas demais para lidar. Ele tem literalmente uma guerra o esperando e Kevin para cuidar. E a ideia de Elliott morto me assombra.

Definitivamente tudo menos Jordan morto.

Mas se Elliott me matar...

Me pergunto o que aconteceria…

No entanto, quando reflito a respeito não vejo razões para temer a morte. Não há porque temer morrer quando se apenas sobrevive.

“Foda-se! A minha vida é um combo de merda!"  Penso ao subir na calçada.
Fecho a mão em punho, ergo o braço e bato na porta, mas há apenas o silêncio.

Nada de Elliott.
Insisto.

Toco a campainha, observo através das janelas baixas de vidro, mas não tem ninguém em casa.

Só o vazio.

Acho que ele foi para outro lugar. Certamente está matando mais alguém a essa altura do campeonato ou escolhendo a faca que irá me degolar. Me pergunto o que ele fez com o corpo de ontem. Será que ele jogou em algum rio ou desovou parte por parte pela cidade? Não. Seria uma perda de tempo imensa. Acho que simplesmente jogar em um rio daria menos trabalho.

Ah, por que estou pensando nisso?

Que horrível!

Respiro fundo e ando em volta da casa procurando por ele, mas ele realmente não está. A rua parada e silenciosa começa a me causar um pouco de medo. Ele poderia me matar aqui e agora e ninguém saberia. É tudo tão... Escondido.
Não me resta mais o que fazer a não ser atravessar a rua e entrar em minha casa. Vou abrir uma garrafa de vinho e ficar olhando da janela, assim que ele chegar, se ainda me restar coragem, irei confrontá-lo.

Encosto minha bike no hall de entrada  fechando a porta atrás de mim, e corro para a escadaria. O som de um pigarro me faz paralisar quando subo os dois primeiros degraus.

Olho para trás e avisto Elliott encostado na quina da parede de cabeça baixa olhando para os seus dedos despretensiosamente.
Merda. Ele mudou de ideia. Voltou para me matar.

Mas a pergunta é: Como ele entrou aqui? Como passou pelo sistema de segurança?

— Oi, blackberry. Venha aqui. — Diz com a  voz mansa de um predador.

“Blackberry?”
Não me movo.

— Sei que surda você não é. Vem já aqui.

—  Ordena, mas meu corpo se recusa a obedecê-lo, e tudo o que o meu cérebro consegue fazer agora, é se perguntar como ele entrou aqui?

Continuo paralisada nos degraus.
Ouço o pesar da sua respiração. Ele parece impaciente quando sai da sua pose e caminha em minha direção. Elliott agarra a minha mão e me puxa para junto de si.

Com o coração martelando, e a centímetros do assassino, ergo os olhos marejados para encará-lo.

Ele é bonito demais para ser um monstro. “Bonito demais…” 

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