Introdução

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Em fevereiro de 2020, Giulia e eu nos encontramos após duas tentativas fracassadas e alguns convites recusados, por parte dos dois, para sair. Ela estava terminando o seu TCC de Graduação em Psicologia e eu começando o terceiro período em Administração. Entretanto, nossa primeira conversa passou longe de ser a respeito de empresas ou saúde mental.

Giulia me contou sobre as viagens que faria naquele ano, disse sobre sua família e as férias que teria no próximo mês. Porém, nem ela, nem eu poderíamos prever que exatamente um mês depois, a COVID-19 estouraria no Brasil, mudando todos os seus planos.

Os assuntos que vieram a ser recorrentes na mídia não tiveram muito a ver com viagens, nem férias, e sim com o futuro e o medo desenfreado das pessoas em ter que enfrentar uma doença perigosa, desconhecida, que se propagava rapidamente.

Durante a pandemia da COVID-19, houve uma mudança veloz e radical na indústria tecnológica, expandindo a forma de comunicação. Confinados e distantes um do outro, Giulia e eu começamos a conversar mais esporadicamente no mundo virtual e encontramos nos jogos online uma maneira de distrairmos as nossas mentes.

Ela me apresentou o Valorant, e com as minhas desculpas, também me convenceu a jogar Among Us, um jogo online que pode ser jogado com até dez amigos, onde um astronauta impostor deve eliminar os outros membros da tripulação, enquanto o restante tenta sobreviver e ejetar o impostor da nave.

Caso você seja escolhido como impostor, precisa matar os outros personagens sem que eles percebam. As reuniões são feitas casualmente para encontrar o culpado, e nessa parte é que entra o poder de investigação, argumentação e persuasão do jogadores.

Logo notei a capacidade analítica e dedutiva da minha amiga. Giulia conseguia ganhar de várias formas, alterando as regras ou criando sabotagens perfeitas como impostora. Dificilmente alguém suspeitava de seus comportamentos. E as votações sempre terminavam em impasses.

Eu sei que os jogos não são testes de raciocínio, mas aqueles que envolvem elementos de estratégia requerem um bom nível de conexão neural. Então nossas inúmeras partidas, somado ao seu talento na área comportamental e neuropsicológica me ajudaram a chegar em uma análise: Giulia era uma das mais inteligentes pessoas que eu havia conhecido em toda minha vida. Alguns anos depois, eu não tive receio em convidá-la para participar deste livro, e ela, com toda sua humildade, aceitou.

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