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SIMÓN

Seguindo o melhor caminho primeiro preciso pegar Gabrielle e Jana, e por último Travis.

Quando a porta do carona da frente se abre é Gabrielle quem entra e se senta ao meu lado.

— Bom dia estranho! — Ela está exalando bom humor as sete e meia da manhã.

Abaixo um pouco o óculos de sol cobrindo meus olhos a observando por um instante.

— Quantas horas você dormiu?

— Umas três.

Olho para Jana que já se jogou no banco de trás e parece nem ter acordado direito.

— Você é esquisita. — Me viro para frente. — Até a Jana é mais normal em uma segunda de manhã.

— Esse é o modus operandi dela em qualquer manhã.

Enquanto Gabrielle fala segura o seu cabelo para trás e passa um laço por ele o prendendo. Fico a observando fazer isso porque quando você está perto dela é difícil não prestar atenção.

Ela tem uma presença marcante, embora tudo nela, principalmente seus gestos sejam leves, dignos de alguém que fez anos de dança clássica.

Quando termina o rosto dela se ergue um pouco para se observar no retrovisor interno.

— Está ótima. — Opino mesmo sem minha opinião ser pedida. — Como sempre está.

O rosto dela se move dessa vez para perto do meu, há um sorrisinho divertido em seus lábios.

— Nós vamos nos atrasar. — Jana resmunga no banco de trás colocando os fones.

Ela é antisocial pela manhã e eu respeito isso porque sou antisocial em qualquer horário. Ligo o carro de volta para irmos buscar Travis.

— Então, algo relevante nesses três dias? — Gabrielle me pergunta. — Como foi o ensaio? Estou triste de não participar da cena.

É porque é uma das aulas de Pete na companhia de dança e Davina terá deixado a academia a essa altura da série.

— Foi legal, vai ter bastante elenco de apoio, e como você sabe saímos depois, estava todo mundo animado.

— Sim, percebi, é diferente ver você alternar um pouco o grupo de amigos. — Ela brinca enquanto pego uma avenida. — Eles não ficam chateados de te dividir? Sabe, é porque eles devem se importar tanto.

Franzo a testa olhando para ela só por um instante, mas logo volto a me atentar ao trânsito.

— Por que estou sentindo uma ironia?

— Nãooo. — Ela exagera no O. — Não entenda mal, eles são legais, mas também parecem um grupo muito restrito, não é como se o resto de nós parecesse importante para eles. Talvez com você seja diferente.

— Não, é exatamente assim. — Eu dou razão a ela. — Eles são sempre o centro das atenções e o assunto gira em torno deles.

— É por isso que está sempre com eles? Porque você pode ser introspectivo e fechado sem se preocupar?

O semáforo fica vermelho e eu paro aproveitando a oportunidade para olhar Gabrielle. Ela entendeu exatamente o motivo. Seus olhos verdes me encaram esperando uma resposta.

— Não gosto de falar de mim, sei lá, minha vida só pertence a mim, não preciso ficar contando, nem as partes ruins e nem as boas. — Eu olho pelo espelho para ver se Jana ainda está ouvindo música. Ela está. — Era mais fácil sair com eles porque se eu saísse com vocês tentariam fazer eu me abrir mais.

Sob tantos olhares (Metrópoles #2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora