VALENTINE

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Luke acordou ouvindo risadas.

O loiro girou na cama de cima do beliche, observando enquanto Ashton e Nova riam e rabiscam algo no quadro de atividades que haviam no quarto. A garota, pelo jeito, ainda vestia pijamas e o melhor amigo estava da mesma forma. Hemmings franziu o cenho tentando enxergar o relógio digital que tinham no móvel, vendo as luzes do mesmo brilharem indicando que não havia se passado das 5 da manhã e era por esse motivo que o quarto parecia estar tão escuro.

— Bom dia? — perguntou com a voz levemente grossa de sono. — Perdi algo?

— Bom dia, Luke. — Ashton se virou. — Nova veio atrás de você, mas contei o quão chato fica quando te acordamos antes das sete.

— Meu Deus, dois amigos que parecem morcegos. — Passou a mão no cabelo enquanto sorria de lado. — São 4 da manhã, você acorda esse horário todos os dias?

— Não, só estava meio agitada pensando na sua lista. — Nova subiu nas escadas, se juntando a Luke na pequena cama. — Os ingressos do All Time Low em Orlando começam a ser vendidos em algumas horas.

— Mesmo? — Coçou os olhos. — Pensei que estavam esgotados.

— Show extra. — Deu de ombros, mostrando o celular. — Já estou na fila virtual.

— Vou deixar os pombinhos e voltar para a cama. — Ashton disse do outro lado do quarto, subindo em seu beliche e recebendo o dedo do meio de Nova como resposta. — Ok! Desculpa.

— Boa noite. — Luke acenou sem questioná-lo. — Enfim, como ficou sabendo? Até ontem não tinham nada.

— Saiu pouco depois que você veio para cá, mandei mensagem mas percebi que já devia ter dormido. — Deu de ombros. — Aliás, você dorme cedo demais.

— Por favor, sou um universitário no último ano de faculdade, é meu único momento de paz — ele brincou, rindo. — Que horas começa a venda?

— Seis, mas eu sou meio ansiosa. — Se virou para ele. — Se quiser dormir, te acordo uns dez minutos antes.

— Não. — Hemmings fez uma careta. — A gente pode conversar, sei lá, se conhecer melhor.

— Isso soou tanto como um filme de romance clichê — Irwin disse novamente do outro lado do quarto, fazendo-os resmungar e xingá-lo. — Ok, sem mais comentários, não estou aqui.

— Obrigada. — Nova riu baixo. — De toda forma, gosto da ideia de conversarmos um pouco.

Naquela madrugada, Luke descobriu ter mais coisas em comum com Nova do que ele esperava. Os dois aprenderam a tocar violão quando eram apenas crianças, tinham vermelho como uma de suas cores favoritas e, por incrível que pareça, suas bandas favoritas também eram as mesmas, incluindo o All Time Low e Blink-182. Nova se mostrou ser tão tímida quanto Luke quando se tratava de apresentações, mas também o contou que estava trabalhando no medo e que teria até o final do semestre para vencê-lo.

No fim, observaram as cores do céu mudarem pela pequena janela que iluminava o quarto. Podiam ouvir Ashton roncar, mas o barulho não os incomodava, se sentiam confortáveis perto um do outro e, por algum motivo, Nova sempre acreditou que suas conversas favoritas sempre aconteciam quando ela ficava acordada até de manhã.

— Ei — Luke sussurrou para ela, chamando sua atenção. — Vou pegar o computador, pode ajudar a conseguir os ingressos.

— Ok. — Ela sussurrou de volta, assentindo.

Hemmings se levantou sentindo um pouco de frio, pegando o notebook no móvel enquanto olhava o sol pela janela mais uma vez. Ele logo voltou para a escada, deixando o computador na cama enquanto subia mais uma vez e se sentava em frente à Nova, que o observava. Por alguns segundos se perguntou sobre o que ela pensava, mas apenas assumiu a ideia de que deveria estar com sono e estava apenas sonhando acordada.

Quando o relógio apontou as seis horas, o desespero pareceu ter tomado conta dos dois. Luke pensou até mesmo que cairia da cama com a agitação de Nova, mas a garota pulou do beliche e mostrou-lhe a tela do celular em comemoração. Ela havia conseguido.

— Dois ingressos para o All Time Low em Orlando! — Dançou, fazendo com que o mais alto gargalhasse. — Pode tirar o desejo da sua lista!

— Tudo por sua causa. — Hemmings esticou a mão para que ela batesse e assim ela o fez. — Te devo uma.

— Não se preocupe, ainda temos a minha lista. — Ela se pendurou na escada. — Te envio seu ingresso por mensagem e você põe na Wallet do seu celular, ok? — Nova sorriu. — Vou te deixar dormir agora.

— Obrigado. — Ele sorriu de volta. — Te mando mensagem quando acordar.

— Boa noite de novo, bonitinho. — Deu impulso beijando sua bochecha. — Ainda temos coisas para fazer hoje!

— Boa noite, Nova! — Luke segurou o sorriso bobo que quis dar, apenas observando a garota passar pela porta do quarto o deixando sozinho com Ashton novamente.

Ela ainda o deixaria louco, ele tinha certeza disso, mas ele não teve muito tempo para pensar antes de cair no sono novamente.

Se for sincera, posso dizer que os sonhos de Luke muitas vezes não fazem sentido. Por hora, ele sonhava que domava dinossauros em Marte, em outros momentos tudo que via era um dia normal na faculdade, pelo menos até perceber que estava nu e tinha seu corpo pintado de azul, mas dessa vez algo diferente do seu "normal" aconteceu.

Hemmings sonhava com uma música, uma melodia que de alguma forma lhe era familiar. Estava no centro do palco do anfiteatro da faculdade, com sua guitarra prateada na mão e o seu melhor par de botas. Olhou para os lados vendo seus amigos, cada um com seu instrumento e naquele momento ele entendeu o que acontecia.

Pensou em cantar, mas sua voz não saiu. No lugar dele, pode ver Nova caminhando entre o público e, com o microfone na mão, cantava o refrão que a tanto tempo tentava concluir.

I can take you out, oh, oh — Os olhos dela estavam grudados nos dele e a voz dela parecia o hipnotizar como uma sereia. — We can kill some time, stay home. — continuou. — Throw balloons, teddy bears and the chocolate eclairs away. — Sorriu para ele. — Got nothing but love for you, fall more in love everyday. — E, quando ele deu conta, ela estava a centímetros de distância, fazendo com que ele sentisse sua respiração. — Valentine.

Acho que posso dizer que Hemmings não esperou nem um minuto para escrever a letra assim que se levantou horas depois.

Bucket List | LRHOnde histórias criam vida. Descubra agora