Capítulo 3 - Missão Triskle

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A manhã havia começado agitada. Comerciantes, camponeses e autoridades do conselho pareciam mover-se mais rápido pelas ruas, como se tivessem atrasados para um compromisso muito importante.

Os burburinhos se misturavam com as músicas dos bares e sons de flautas provindos de artistas autônomos, que trabalhavam nas ruas para conquistar o seu sustento. O povoado, mais do que agitado, parecia inquieto e esperançoso.

- Estou ansioso, Vougan – disse Lancelot ao pequeno homem que era responsável pelas anunciações do conselho – sinto que algo de bom está por vir, mas nunca liderei uma equipe tão grande.

- Acalme-se, Lancelot – a voz do homem era um pouco fina e instável – apesar do povoado de Ariosto ser bastante analítico, são também bons guerreiros e conselheiros. Tenho certeza de que nossa – tossiu, Vougan - quer dizer, SUA equipe vai ter sucesso na missão.

- Nossa equipe, amigo – Lancelot sorriu – Nossa.

O ajudante sorriu de volta, e deu-lhe um pequeno tapa no ombro, como gesto de companheirismo. Aos poucos, a cabana, que tinha um formato circular e era toda feita de madeira e palha, começou a ficar pequena. O lugar foi ficando cheio de homens e mulheres, jovens ou anciãos, que desejavam auxiliar na missão para encontrar o dono do amuleto de Triskle.

Quando percebeu que o lugar já estava cheio o suficiente, Lancelot pediu para que Vougan fechasse a porta e pedisse silêncio aos moradores, que já conversavam e discutiam a respeito do plano a ser traçado.

- Caros voluntários de Ariosto – disse Lancelot, batendo palmas para reforçar o pedido de silêncio – hoje é um dia muito importante e determinante para o futuro de nosso povoado. Mas, antes de tudo, gostaria de agradecer a coragem e vontade de cada um aqui. Vocês farão parte de uma grande história.

Os primeiros cumprimentos continuaram, e o povo parecia cada vez mais contente e atento. Após as saudações, todos sentaram-se em volta de uma grande mesa de madeira. Por conta da falta de lugar, alguns ficaram de pé, mas certificaram-se de dar lugar aos anciãos.

Lancelot, inclinado sobre a mesa, abriu um enorme mapa, colorido em tons de marrom. O documento era feito de tecido, e tinha uma aparência antiga e algumas partes já deterioradas pelo tempo.

- Esse aqui é o mapa de Gália – disse o homem esguio, passando a mão por toda a superfície do mapa – aqui estamos nós – ele apontou para uma região pequena do mapa, que tinha um tom mais alaranjado.

Todos ouviam o discurso e olhavam o mapa, atentos. Alguns buscavam os olhares uns dos outros, à procura de aprovação ou concordância com o plano. De repente, ouve-se três batidas à porta.

Vougan, com seu jeito caricato, correu para abri-la. Era Lorna e Genevieve.

- Bom dia, senhor – disse Lorna, abaixando levemente a cabeça – pedimos desculpas pelo atraso. Viemos da parte mais longínqua de Ariosto.

Vougan não falou nada. Apenas olhou para trás, buscando aprovação de Lancelot, que logo falou, com doçura:

- Deixe, Vougan, deixe que a moça e a menina entrem.

Lorna logo posicionou-se à mesa, enquanto Genevieve começou a se enturmar com algumas crianças no canto da cabana. Lancelot olhou para a moça, que já concentrava um olhar de seriedade no mapa posto à sua frente. Reparou que Lorna usava um capuz na cor marrom, que era a extensão do seu vestido. Seu cabelo era castanho claro, e quase não contrastava com a cor de suas vestes. O rei lhe lançou um breve sorriso, mas é provável que Lorna não tenha visto.

- Prosseguindo: nossa ideia é montar diferentes grupos de busca para as diferentes regiões de Gália – a partir dessa frase, o rei começou a apontar todas as regiões do mapa – Um grupo para Boios, outro para Menápios, um grupo para Vélavos e, por último, mas não menos importante: um grupo para Ariosto.

As pessoas se olharam com estranheza, franzindo as sobrancelhas. Um menino robusto, de pouca idade, falou:

- Ariosto, senhor? Não acha que seria desperdício de esforços procurar o herdeiro do amuleto em nossa própria tribo?

- Meu jovem – disse Lancelot, como se estivesse explicando algo extremamente valioso – se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida foi que, muitas vezes, o que procuramos está bem à nossa frente. – Neste momento, o rei lançou um olhar para todos que circundavam a mesa – Ariosto sempre foi uma tribo abençoada pelos deuses. Quem sabe, em nossa procura, não tenhamos a agradável surpresa de encontrar o herdeiro do amuleto bem aqui?

Lancelot olhou de maneira segura para todos aqueles que o ouviam. Com os braços levemente esticados para os lados, espalmou a mão para cima. Neste momento, a tribo já entendeu o que fazer. Deram as mãos, e repetiram em única voz:

- Pela Deusa-Mãe, a força do dia. Por Tailtiu e Macha, a braveza da natureza. Por Tan Hill, o calor do fogo. E por Epona, a coragem dos cavalos. Hoje, amanhã e para sempre, até o cair das estrelas.

Por fim, Lancelot disse:

- A partir de agora, está aberta a missão para encontrar o herdeiro do amuleto de Triskle – e, depois, esbravejou – POR ARIOSTO! 

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⏰ Last updated: May 17, 2018 ⏰

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Ariosto e o Amuleto de TriskleWhere stories live. Discover now