Condão (Lista Internacional)

Von GiordanoMochel

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A obra de ficção científica “Condão” diferencia-se pela abordagem político-técnica de um futuro onde o contro... Mehr

Prólogo
Capítulos 2 e 3
Capítulos 4 e 5
Capítulos 8 e 9
Capítulos 10 e 11
Capítulos 12 e 13
Capítulo 14

Capítulos 6 e 7

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Von GiordanoMochel

Capítulo 6

Henrique Pierrone sentiu o café amargar na boca. Aquilo não era comum. Sempre tomara café sem açúcar e orgulhava-se de ser bom entendedor dos melhores tipos. “Café deve sempre ser tomado sem açúcar para que o sabor seja preservado”, dizia. Agora, aquele sabor amargo. Soube de imediato que não se tratava do café, e sim dos acontecimentos que vinham se sucedendo desde a madrugada. Aquele protocolo de nível de segurança era o precursor de tudo. Quando o informaram, há 15 meses, que os drones teriam a liberdade de execução imediata foi tomado por um arrepio de pavor. Seguiram-se dias de palestras, filmagens externas à cidade, fotos de paióis e milícias para convencê-lo de que havia uma revolução sendo arquitetada no interior. Não seria só no Rio de Janeiro, mas em diversos outros estados do país. A mobilização era federal, portanto. Ainda assim estava totalmente desconfortável sobre o protocolo do Condão ter sido violado de tal forma. Violência era algo extremo para o programa. “Ultima ratio”, por assim dizer. Como Comandante da Região Central do Município sentiu-se na obrigação de questionar tal procedimento. Só haviam 3 comandantes na cidade. Acima dele apenas o Comando Estadual e o Comando Federal. Foi em vão. No fim teve que se dobrar à ordem. Voltou-se para a mesa de controle. Naquele momento o aspirante Freitas olhou-o e assentiu com a cabeça, quase imperceptivelmente. Então sorriu com leve nervosismo, mexendo a xícara.

Recordou-se da noite anterior e como a sucessão de fatos anormais a transformariam. Tudo começara quando fora acordado pelo chamado inesperado, às 2 da madrugada, para que coordenasse a busca da testemunha de uma execução de segurança. Ligou os dois aparelhos óticos imediatamente através de uma sequência de piscadelas. Não fora comunicado. 2 rapazes haviam sido eliminados através de força eletromagnética por serem subversivos infiltrados, outro procedimento de execução sem o seu consentimento. Isso estava se tornando mais comum do que queria ou poderia aceitar, já era a terceira vez. Sentou-se abruptamente na cama. Não era qualquer um que conseguia controlar dois dispositivos de lente ao mesmo tempo. Orgulhava-se disso e gabava-se aos aspirantes. Em uma das lentes acessou o drone de terra e em outra um dos drones de ar. O segundo parecia vasculhar um telhado de prédio, mas repentinamente virou-se para um conjunto de construções separadas por centenas de becos. Captara algum som. Deslocou-se velozmente para o local. Infelizmente, para um drone de ar, o deslocamento entre paredes tão próximas tornava seu movimento lento, por isso perdera o rastro. O comandante tentou ordenar o drone de terra para que desse a volta no prédio e rastreasse o fugitivo. Mas o drone já se deslocava para lá. Alguém já havia dado o comando.

— Crasso! – Pensou. Acessou o drone vigilante supra-aéreo mais próximo. Estava a 3 mil metros de altura e a 10 mil metros do local. Ordenou o mergulho para 500 m acima do complexo. Chegaria em 70 segundos e era dotado de feixes gama que poderiam detectar pessoas através das paredes.

Voltou à reflexão anterior: o alerta de fuga da testemunha fora dado pelo drone de terra pois estavam programados para alertá-lo sobre esse procedimento, mas não da execução. Provavelmente porque a execução não era uma emergência. De repente teve um pressentimento: se Crasso tomara o controle do drone de terra poderia querer levar a cabo a execução da testemunha como parte do protocolo. Mataria um inocente e não poderia deixar aquilo acontecer. Tinha que interceptá-lo antes.

O drone aéreo sob seu controle ainda tateava às cegas pelos becos. Subiu para 50 metros, mas não conseguia detectar nada. Os becos eram muito estreitos e salpicados de meios telhados, escadarias de ferro e pequenos destroços que impediam a visão. Repentinamente recebeu um alerta. Alguém acessara um dispositivo remoto entre os becos. O drone voou diretamente para o local. Tarde demais. Um segundo drone de ar disparara um feixe eletromagnético. Ouviu o estrondo no captor sonoro auricular esquerdo, vindo diretamente do drone sobre seu controle.

— Crasso, seu idiota!

Enviou sua nave para verificar o corpo, mas não havia corpo. Acessou o drone supra-aéreo que havia chegado ao local. Ordenou uma busca infravermelha. Nada. Estava a ponto de usar o escaneamento por raios gama quando o segundo drone detectou uma mancha de calor; quase imperceptível em um beco. Enviou os dois drones aéreos para o local. O drone terrestre estava se deslocando para lá com extrema velocidade, tinha que chegar antes. No exato momento em que o drone terrestre entrou no beco, pronto para disparar, os dois drones aéreos puseram-se entre ele e o corpo. O drone terrestre ainda chegou a apontar a arma, mas recuou. Aliviado, o comandante enviou o drone aéreo menor para perto do corpo caído. Deitado, de bruços e com vômito à frente, um marinheiro dormia. Provavelmente coreano. Era pequeno e usava pouca roupa. Naquela temperatura de 16º que fazia aquela noite não era de se estranhar que estivesse quase morto. Estava com hipotermia aguda. Provavelmente por isso os drones não o haviam detectado, já que usavam uma faixa padrão de 35ºC a 41ºC. O drone supra-aéreo usava uma faixa maior. Ao detectá-lo lançou o aviso padrão automaticamente a todos, inclusive ao drone terrestre. O comandante não poderia ter evitado isso, o que poderia ter levado o pobre marinheiro à morte. Enviou as coordenadas a um drone de saúde para o recolhimento e tratamento imediato do pobre homem. Aquela distração permitira que o fugitivo escapasse. Ainda fizeram buscas durante 30 minutos mas não acharam nada.

Já eram quase 3 horas e o sono estava definitivamente comprometido. Levantou-se com uma espreguiçada programada e voltou-se à cama, vislumbrando a esposa. Pensou em como tinha sorte em tê-la. Já estavam casados há 45 anos. Embora toda a propaganda governamental incentivasse a separação após a geração de filhos, o comandante continuava dando valor à família. Já os dois filhos do casal foram contaminados pela massificação da mídia sobre não manter laços afetivos. Havia anos que não falava com a filha, e com o filho, tenente no comando federal, há uma década. Apesar de sofrer com isso, acostumou-se. Era a nova maneira de viver. Do alto dos seus 65 anos ainda poderia ter filhos com a esposa. Mas isso já seria um abuso intolerável. Riu-se. Colocou seu uniforme, beijou a esposa, que se virou inconsciente para o outro lado, e partiu.

Chegou ao Comando Municipal vindo de metrô. Só usaria um drone de transporte em último caso. Não gostava de transgredir as regras do espaço aéreo. Além do mais, comandava os robôs de busca de onde estivesse com o par de lentes. Ainda no metrô procurara todas as câmeras da região, mas havia poucas no local. Era um lugar tombado e histórico, pouco frequentado. A única imagem que tinha fora capturada pelo drone de ar que vasculhara o telhado. Apenas uma perna encoberta pela parede do beco. Tirada uma fração de segundos antes do fugitivo se esgueirar desabalado pela galeria.

Entrou na sala de controle. Ele já estava lá: 2,30m de metal frio. 2 olhos azuis-cobalto iluminados, que serviam mais para dar uma aparência humana do que para enxergar, já que era dotado de escâneres por todo o corpo, de todos os tipos. Calor, forma, feixes gama. Todos.

— Por Deus, o que pensou que estava fazendo lá, Crasso? Se é que o que circula nessa cabeça cheia de elétrons desgovernados pode ser chamado de pensamento.

— Apenas cumpri o protocolo. E sim. Os elétrons podem ser chamados de pensamento, de certa forma. Apesar de minha memória ser genética.

— Poupe-me das aulas de robótica. Sabe que o protocolo de segurança permite execução apenas de quem está envolvido na revolução. Uma testemunha não pode simplesmente ser executada. De forma alguma. Foi decidido que a população não seria alertada sobre a revolução para não causar um pânico descontrolado. Mas se assassinarmos um inocente, que tipo de pânico acha que estaríamos evitando?

— Não havia evidência de que a testemunha não estivesse envolvida com os rebeldes. Além disso, o protocolo propõe uma interpretação extensiva que permite a execução para que sejam mantidas as premissas básicas.

— Não me venha com devaneios exegetas. Nenhum inocente será executado sem uma ordem minha. Ficou entendido?

— Sim, comandante.

Sabia que as palavras seriam totalmente ignoradas pelo androide caso devesse levar o protocolo a cabo, mas precisava transmitir certa autoridade para os seus comandados. Havia uma dúzia na sala. Quando designaram o drone de última geração para trabalhar junto ao comando sob a alegação de reforço contra a revolução, percebeu de imediato que sua autonomia estava severamente comprometida. Havia mais dois nos outros centros de comando. Públio e Pompeu. Ainda se perguntava quem tivera a estúpida ideia de dar nomes de generais romanos aos robôs. De qualquer maneira uma coisa ficou clara: teria que encontrar o fugitivo antes de Crasso.

— Aspirante Freitas, o que conseguiu da análise da foto?

O garoto de 17 anos foi pego de surpresa. Havia chegado há apenas 3 semanas da EV preparatória de cadetes. Non entanto, tinha um talento inegável para análise de dados.

— Se… senhor. A imagem do drone capturou apenas a perna. Pode ser visto que o tênis que o fugitivo usava era definitivamente um Antares cinza. A distância da imagem é de apenas 150 m. No entanto, devido ao tecido do tênis ser viscoso, não conseguimos extrair as digitais. A calça é de algodão, como um moletom. Usada para caminhadas, corridas, pedaladas ou esportes aeróbicos, também sem digitais. Usava meia de algodão grosso, branca. Sem digitais também.

O comandante parecia decepcionado. Se tivessem capturado uma foto da pele poderia tentar uma superaproximação para detecção de traços genéticos. Mas no caso, não se sabia sequer a tez. Nem o sexo da testemunha poderia ser deduzido. Os tênis Antares eram extremamente comuns. Em uma população de 2 milhões de habitantes seria como procurar agulha no palheiro. De qualquer forma, pediu ao aspirante que cruzasse todas as compras de tênis Antares de cor cinza nos últimos 3 anos. Lembrou-se do drone que atirou.

— E quanto ao drone artilheiro, o que disparou a onda eletromagnética?

— Enviou-me a imagem anterior ao tiro, mas o fugitivo estava encoberto por uma lata de lixo. Depois do disparo o relatório do drone apenas informou que a onda eletromagnética afetou a câmera e em uma pequena fração de tempo, ficou sem imagem.

O comandante achou difícil de engolir aquela explicação. Sabia que o drone estava sob o comando de Crasso. O androide deveria ter mais informações que queria disponibilizar. Mais uma reclamação a fazer ao comando estadual. Mas não por enquanto.

— Freitas, não dormi nada essa noite. Venha tomar um café comigo na sacada. Não gostaria de chamar um androide para me fazer companhia, mesmo porque um gole de café poderia fazer com que seus circuitos ficassem ainda mais afetados. – Olhou para o androide e deu um sorriso irônico.

— Tu… Tudo bem comandante. – falou o aspirante levantando-se abruptamente, como se cumprindo uma ordem.

O militar foi conduzindo o garoto, conversando sobre o pai dele, que conhecera há uns anos. Passaram no corredor que dava a sacada e pegaram dois expressos. Caminharam uns 20 metros e abriram a porta a vácuo que dava à sacada. O vento frio do fim da madrugada bateu gélido em seus rostos. A torre de comando deveria estar uns 350 metros acima do solo. Voltaram-se na direção do Morro da Urca. Apesar dos elevadores de alta velocidade nas encostas, os bondes até o Pão de Açúcar foram preservados. Estavam visíveis da sacada do Comando do Centro, no Aterro do Flamengo.

— Garoto, fale sempre contra o vento. Não vire a cabeça em minha direção. – tomou um gole do expresso. – Aquele robô maluco não deve ter engolido essa estória de café em sacada. Mas se falarmos contra o vento, pela velocidade, não conseguirá decifrar o som. Tentará, claro, através dos captores na varanda. Mas estão na parede atrás de nós, a cerca de 40 metros.

Antes que o aspirante virasse o comandante pegou em sua mão – Não vire, e haja normalmente. Tome seu café.

Nessa hora o garoto já estava muito nervoso e a xícara tremia em sua mão.

— Freitas, você foi escolhido por ser extremamente capaz em análise de dados. Suas notas alcançaram um percentual de 0,1%. Isso quer dizer que você foi superior à 99,9% dos outros analistas. Mas isso não quer dizer que você seja apenas um garoto superinteligente. Você está no Comando. Agora você é um militar, um soldado, e deve agir com rigor. Quero que saiba que não deve obediência a nenhum androide. Nenhum robô pode dizer o que um humano deve fazer ou não, principalmente a um oficial do Comando.

O garoto pareceu começar a entender. Assentiu com a cabeça.

— Agora me diga. Como você se saiu em infiltração biônica?

Era uma disciplina nova. Há 15 anos o protocolo da Central havia mudado. Não existia mais uma unicidade que interligava todos os drones. Agora cada um tinha sua própria unidade individual, ainda obediente à Central ou ao Comando, dependendo da sua configuração. Quase ninguém sabia disso, e apenas os escolhidos na EV para seguirem carreiras de oficiais de comando cursavam a disciplina. Tratavam-se de técnicas de invasão. Mas não era um raqueamento comum. Os circuitos drônicos tinham uma natureza diferente. Eram programados para não receberem interferência externa, sequer troca de mensagens, a não ser da Central e de protocolos de segurança. Para garantir a integridade total do sistema, criaram a disciplina de infiltração biônica. Assim, caso um drone se isolasse de tudo, inclusive da Central, essa técnica poderia ser tentada. Nunca houvera necessidade.

— Me saí relativamente bem. Na minha tese final construí um bot drônico capaz de se infiltrar por um código de imagem. Ao filmá-la, o drone a transforma em código binário. A memória do drone é genética, com 4 estados, mas a leitura e o processamento ainda são binários. O software padrão dos drones interpreta a imagem, mas lê o código como se fosse um programa. Então o bot aproveita essa falha e se introduz no software drônico. De qualquer forma só funciona se os padrões de protocolo da central forem inseridos com o software. O problema é que, por segurança, o drone reescanea o sistema a cada 6 horas. Até lá, consigo acessar a memória do drone e verificar, por tabela, o que quer que esteja fazendo. Tirei 10 nessa monografia, mas nada foi divulgado. A tese foi colocada como segredo de estado.

— Muito bem, Freitas. Sabia que você era um dos melhores. Quanto tempo para fazer o bot de imagem?

— Ainda tenho o código, basta inserir em qualquer imagem. E os protocolos da central estão todos no meu terminal, pelo menos os básicos de comunicação, suficientes para isso. – tomou mais um gole de café. Estava gostando do rumo que a conversa tomava, empolgado pela sede de aventura da juventude.

— Coloque-o na imagem da perna do fugitivo. Mande-a ao drone que está em terra no local do crime. Aquele sob controle de Crasso. Informe que observou algo no tênis Antares e peça para reanalisar a imagem. Se o drone fizer qualquer coisa diferente ou receber a mensagem de outro drone, avise-me.

— Os drones já tem essa imagem. Desconfiariam. Mas posso fazer um tratamento com despigmentação para cruzamento morfológico. Assim posso passar uma imagem diferente, com novos dados. Acho que não desconfiariam.

— Boa ideia. Faça isso, Freitas. Dependendo do rumo que essa história tomar, você pode ser muito bem recompensado. – disse-lhe, sabendo que a cobiça ainda era uma forte característica humana, apesar de achar que o garoto estava tão interessado que talvez a promessa fosse desnecessária.

Voltaram à sala de comando. O androide estava lá. Impassível. Mas o comandante sabia que estava processando centenas de coisas ao mesmo tempo, controlando diversos drones. Após alguns segundos, já com nova xícara de café na mão, o comandante recebeu um olhar discreto de Freitas, como um assentimento. O comandante deu um leve sorriso.

Enquanto aguardava pacientemente o próximo passo de Crasso, Lembrou-se de certo período do início do Condão, quando tudo o que hoje acontecera seria inimaginável. Era apenas uma criança quando o futuro líder da nação, Jeremias, ascendeu ao senado, e recordou-se como aquela época transformou o país, deixando tudo o que o atrasara durante séculos para trás, livre, finalmente, dos cartéis políticos corruptos.

Para começar, várias ações foram executadas, primeiramente com o objetivo de recuperar o tempo histórico perdido em mais de 500 anos de desmando administrativo. A educação foi fortalecida, através da escola integral e da escola supraintegral. A primeira, obrigatória a todos os estudantes. Ficavam de 7 da manhã às 18:30 da tarde. Fossem instituições particulares ou públicas, Ssmpre deveria haver 5 refeições diárias. A escola supraintegral era mais radical. Os alunos ficavam initerruptamente, de segunda a sexta. Voltavam aos fins de semana para casa por opção própria ou poderiam permanecer na escola. Era direcionada aos extremamente carentes, fazendo com que a família tivesse fôlego para organizar e estruturar a vida. No entanto, foi cada vez mais procurada por alunos das mais variadas classes sociais. A consequência imediata disso foi a redução da criminalidade em 93% nos primeiros 8 anos. Ao diminuir o contato com bandidos, o estudante restringia intensamente a possibilidade de ingressar no submundo do crime. Além disso, o país preparava-se para entrar em uma nova fase de conhecimento visando ao mercado de trabalho mundial. O Congresso incentivava, com a liderança da bancada tecnológica, a criação de escolas totalmente voltadas à tecnologia, com mitigação moderada às outras áreas do conhecimento. A ideia era fazer do Brasil polo exportador de tecnologia de software de última geração. Daria certo.

Outra ação extremamente importante foi a recuperação do tempo perdido em infraestrutura nacional. Ficara claro que o Brasil nunca havia realmente investido em infraestrutura. As estradas envergonhavam a população e as tarifas absurdas cobradas pela exploração privada causavam repulsa. Um plano nacional de integração foi elaborado e executado em tempo recorde, graças também ao volume de dinheiro recebido pelas exportações de software. Fato é que em menos de 10 anos todas as capitais e grandes cidades do país estavam interligadas por ferrovias modernas, de carga e passageiros. Grande parte com trens de alta velocidade. Nessa esteira vieram as melhorias em saúde, urbanismo e outras áreas administrativas.

Era mais do que claro que Jeremias seria eleito presidente assim que quisesse. Apesar disso, deixou que outros ocupassem o cargo. Sabia-se que por trás de cada ação estava a mão do líder. Não importava. A população o adorava. O país havia erradicado a pobreza e erguera-se ao nível de potência educacional mundial. Tinha tanto poderio econômico quanto a Europa inteira. Além disso era detentor intelectual de um novo segmento de robótica, reforçado pela inteligência artificial do Condão. Não interessava a nenhum país qualquer tipo de conflito bélico com o Brasil. Ainda assim seria suicídio. A recente tecnologia dos drones e o conhecimento aprofundado das telecomunicações poderia destruir rapidamente uma nação. De qualquer modo, quem se interessaria em atacar o Brasil? O mundo inteiro surfava no bom momento econômico mundial. Os estudos genéticos feitos na Polônia e no Canadá reduziam a necessidade de grandes extensões de terra para o cultivo de alimentos. Do Japão veio a técnica agrária vertical. Grandes edifícios de cultivo e criação de animais. Aliado a tudo isso, ainda havia a nova educação alimentar, pelo menos no Brasil. Depois de intensa propaganda sobre os males da ingestão de carne vermelha, o consumo foi reduzido em 90%. As grandes terras de pecuária restaram dispensáveis. A população tornou-se fisicamente esguia e elegante, em parte também devido ao incentivo maior ao desporto. Cada escola era um núcleo de futuros campeões, principalmente nos centros supraintegrais. Não demorou para o Brasil se sobressair nas olimpíadas mundiais.

Então foi dado o próximo passo.

O comandante Henrique ainda estava absorto nestes pesamentos quanto Freitas se virou com visível nervosismo. Ao mesmo tempo, Crasso pediu licença ao comandante para tratar de assuntos de segurança, sem lhe dar muitos detalhes. O comandante estava tão interessado em se livrar de Crasso quanto este estava em se ausentar. Consentiu. Livre do androide, o comandante foi ao encontro do aspirante.

— Aqui não é seguro.

— Agora é. Isolei o detector de som da sala, bem como a câmera de vigilância.

O comandante exigira que não houvesse nenhuma câmera ou captor. Mas a central insistiu em, pelo menos, um de cada dispositivo por segurança.

— Muito bem Freitas. É só isso?

— Não. Interceptei uma mensagem vinda do drone. Está criptografada por um código da Central ultracodificado.

— Então não há meios de decifrar – lamentou-se o comandante.

— O aspirante Anderson pode tentar. Era o melhor decriptador da EV. Na verdade um dos melhores do País.

Virou-se para o outro garoto. A cara salpicada de espinhas. Completamente introspectivo. Devia ter uns 16 anos, no máximo. Quanto menos soubesse, melhor.

— Aspirante Matta. – Chamou o comandante. – Preciso que realize um procedimento.

O rapaz virou-se vagarosamente. O rosto frio, sem esboçar qualquer reação. – Sim senhor. O que ordena?

— Decripte a string1 que o aspirante Freitas está lhe enviando.

Verificou no seu console. Colocou a mensagem em um programa decriptador.

— É um código ultracodificado da Central. Não pode ser decriptado por programas comuns.

— E é por isso que não passei para um decriptador comum. – Deu um sorriso irônico.

O garoto pareceu entender imediatamente o que o comandante queria dizer. Fez um gesto com a mão. Disse um código e por fim: “UPLOAD”. Continuou fazendo gestos. O comandante entendeu imediatamente que ele havia transferido o código para sua lente e agora travava silenciosa batalha contra a criptografia em seu próprio domínio. Após 3 minutos disse:

— Usei um programa proibido. Não existe no Brasil, é russo. De um grupo fechado. Por isso não posso colocá-lo no sistema. Ainda assim só pude decriptar por ter as chaves básicas da Central. A combinação de ambas as técnicas permitiu o procedimento. – olhou para o painel e, por 30 segundos, pareceu ter entrado em estado catatônico. O comandante estava pronto a interromper aquela viagem ao centro do consciente quando o aspirante voltou a falar, de súbito. – Não é uma mensagem. É um código. Um código genético.

Crasso conseguira uma amostra do DNA do suspeito. Então o caso estava resolvido. Bastava chegar o mais rápido possível na casa da testemunha, antes dos drones do androide. Usaria o espaço aéreo e iria pessoalmente.

— Então decifre rapidamente o DNA e me diga de quem é. Precisamos urgentemente do endereço. Antes que ocorra… – Deteve-se. não queria envolver o garoto mais do que o necessário.

— Provavelmente mora no Jardim Botânico – Disse o aspirante, rindo.

— Sim. Em que rua, número, apartamento?

— “Dentro” do Jardim Botânico. O DNA é de uma planta.

Capítulo 7

Ed parecia excitado e ria nervosamente. Jan estava muito mais nervoso e temeroso que excitado, como se não acreditasse ainda que haviam conseguido.

— Nós conseguimos, Jan.

O metrô viajava agora a uma velocidade de 450 km/h sob o aterro. Estavam indo para a casa de Ed para tentar decifrar o que acontecera, baseado nos dados capturados. Antes de ver o Boletim de Ocorrência dos garotos em sua câmera, Ed acoplou o detector de íris ao software da lente. Depois de uma rápida instalação que demorou uma fração de segundos, o programa colocou a mensagem “READY” na tela. Nos produtos nacionais os comandos eram em inglês mas os dados escritos eram em português. Nos produtos chineses tudo era em inglês. Virou para Jânio. Na tela apareceu:

Jânio Carlos Fonseca

Nascimento: 23/07/2064

Nacionalidade: Brasil

Naturalidade: Rio de Janeiro

Identidade: 123.222.100.054.099.203 – Super Mondial Internet Protocol ID.

Status: EMPREGADO

Situação: EM ATIVIDADE

E abaixo a foto do amigo, no caso com 20 anos. Na outra página havia dados como local de nascimento, nome dos pais, entre outros. Sabia agora que o amigo nascera no Engenho Novo, bairro nos limites da cidade.

Testou com mais alguns passageiros. A distância de detecção da câmera era de 15 metros. Produtos chineses não eram mesmo tão precisos. Uma senhora, um professor. Tinha acesso às informações de todos, 10 anos atrás. Tentou em uma garotinha de 6 anos. Nada acontecera.

Depois de testar o programa voltou ao vídeo gravado. Passou rapidamente pelo minuto antecedente ao momento de download do boletim. A ficha apareceu. Abaixo da foto dos dois garotos apareceu o texto “---.---.---.---.---.---”. Pareceu o espaço de um SMIP, o IP usado mundialmente para identificar pessoas. No meio de tudo, o status: “PROTOCOLO 23”. Seguia-se o endereço do incidente, hora, mas sem motivo algum.

Existia um terceiro quadro sem foto que Ed pareceu instintivamente achar que se destinava ao seu rosto. Abaixo: “Alerta 3”, e mais abaixo “relacionados: tecanol; TGCCACCTCTGGCTA...”

Sentiu um frio na espinha. Acharam o cigarro. Se acharam o cigarro acharam as digitais ou provavelmente o seu DNA pela saliva, Todos estavam e perigo. Verificou se o aparelho chinês tinha decodificador de DNA. Claro que não tinha. Já havia sido presenteado por um identificador de Iris. Não existia comerciante chinês bonzinho.

— Jan, se você é como eu imagino tem um decodificador de DNA nesse celular das cavernas.

— Tenho. Mas não tenho um banco de DNAs. Não saberia dizer de quem é.

— O que dá para saber?

— Algumas características comuns. Cor da pele, doenças hereditárias.

Era melhor do que nada. Mas só tinha um pedaço do DNA. Bem pequeno aliás. Havia filmado a tela, não descarregado.

— Tome o que tenho.

— Num átimo lançou o arquivo da tela para o tijolinho de amianto.

Jan colocou no decodificador.

— Cara, não dá pra saber nada disso aqui, mas dá pra saber tudo. – Jan sorriu.

— Nada e tudo. Boa hora para piadas dualistas.

— Dá pra saber que o cara que estão caçando é uma planta.

— Como assim? – De repente tudo fazia sentido. Obviamente não haviam achado sua digital ou sua foto estaria estampada no boletim. Haviam achado apenas algum fragmento de tecanol. Mas tinha um problema: o DNA levaria diretamente ao Instituto Federal Biogenético. Sílvia estava em perigo imediato. – Vamos descer em Botafogo Jan. Sílvia pode estar em risco de morte!

Desceram na estação e dispararam em direção ao Morro Dona Marta. Foram pela supervia, da Rua São Clemente, correndo pela faixa central.

O Dona Marta era um dos melhores conjuntos residenciais do Rio. O conceito de bairro em encostas foi aplicado pela primeira vez no morro. O ângulo de 60º favoreceu o projeto. Após o cadastro de todos os habitantes e concessão de moradias provisórias durante a execução, o morro foi totalmente limpo. A ideia era construir vários arcos escavados ou de concreto armado com o fim de formar os alicerces, tal como uma gigantesca escada em arco com degraus altos. Nestes degraus seriam erguidos os blocos, cada qual com quatro pequenos, mas funcionais, apartamentos de quarto e sala. Nada de veículos. Apenas 7 elevadores que cercavam o morro como se fechando uma grade. Eram comuns, nunca foram trocados pelos elevadores a vácuo. No alto havia um centro com delegacia eletrônica, escola, posto de saúde eletrônico, salas de cinema projetado e simuladores, infraestrutura de água e luz. A obra demorou 15 meses, um tempo relativamente baixo para a sua dimensão. Isso já tinha 60 anos.

***

A menina espreguiçou-se. Só vestia uma pequena peça, ainda da época de pré-adolescente. O problema era que a adolescente crescera muito mais que as peças, que cobriam bem pouco de seu lindo corpo. Talvez começasse a entender por que às vezes, quando chegava, Edwardo não dava sequer boa noite antes de partir como um lobo faminto atrás de um beijo, muitas vezes mais que isso. Mas ela não se importava. Olhou-se no espelho, inteira. Soltou os cabelos, tirou a camisa e se direcionou ao banheiro. Estancou. Fez um gesto com a mão e a lente ótica abriu. Verificou que havia uma chamada de chat à tarde, mas havia dezesseis chamadas nos últimos 15 minutos. Ed! O que houve? Nesse instante o alarme da porta tocou. – Deve ser ele, tem a senha da portaria. – Pegou a camisa e colocou-a sobre o busto. Praticamente um enfeite, pelo tamanho. Abriu e Ed entrou desabalado.

— Sílvia! Pensei que a tinham pegado! Ou até pior!

A menina havia se assutado de tal forma que deixara a camisa cair. Ainda espantada encarou Jan que a olhava ficto, em algum estado nirvânico ou coisa assim. Correu para o quarto.

O amigo suspirou. Tudo que a boa ciência pregava sobre a inexistência de Deus, gerando essa enorme quantidade de ateus, tudo isso era mentira. Vira um anjo e podia provar. Ainda estava atônito.

— Um anjo. Deus existe.

Ed pareceu ignorar. Empurrou a porta. Estava fechada. Sílvia gritou de dentro: – 50 segundos!

Tomou um banho a jato. A ducha era forte e eficiente. Poderia estar em risco de vida, mas sem banho não sairia. 30 segundos. Colocou o jeans colado, praticamente na forma do corpo. Uma blusa, um Antares preto.

– Vamos.

Jan ainda pensou em dizer para Ed: – Olha aí, eu não menti. – Mas achou que definitivamente, daquela vez, levaria um soco.

Saíram do Prédio e entraram no elevador coletivo, ao lado do bloco.

— Ok, o que aconteceu? – Disse a garota apreensiva.

— Sílvia. Se eu for te contar a história toda perderemos muito tempo. Mas o fato é que o tecanol que você me deu ontem está nas mãos da Central. Eles estão rastreando a planta pelo DNA. Qual a chance de a encontrarem?

Desceram do elevador e partiram correndo.

— Quem liga para DNA de tecanol? – Disse, inconformada. – Se conseguirem decifrar o código terão como procurar nos 7 campus de biotecnologia e nos 6 de medicina. Todos eles têm tecanol. Mas já sabem que é do instituto. O IFB assina todas as plantas. Por que o estão perseguindo por isso?

— Duas pessoas morreram. A Central os matou e eu fui testemunha.

A menina brecou, pondo as mãos à frente. – Ok. Vamos parar. Essa história é completamente absurda.

— Sílvia, eu vou lhe contar, mas vamos para a supervia. Não podemos perder tempo. Mas antes disso…

Pegou a garota e deu-lhe um beijo. Sentiu o coração dela espancando seu peito. Puxou-a meio zonza e sorrindo para a supervia. Ela quase caiu.

— Ok. Preste atenção. Tenho 5 minutos para resumir. Depois temos que pensar onde ir. – Contou-lhe tudo, ainda arrumando tempo para alguns detalhes. A menina ouvia pasma. Em nenhum momento duvidou de Ed. Conhecia-o há quase 3 anos e sempre confiara nele, desde que estudava na EV e ainda era uma adolescente. O primeiro encontro acontecera quando Ed estava acompanhando dois supervisores do Instituto Tecnológico para exames orais de seleção de estagiários. Não a escolheram, mas ela estava na sala de seleção e os olhos se cruzaram. Ed ficou apaixonado instantaneamente. A moça deu um sorriso, quase sonoro. Ele deve ter feito alguma cara de imbecil. No momento não conseguira falar com ela, mas nem podia. Seria antiético um seletor falar com uma estagiária fora da seleção. Ainda mais se ela logo depois fosse aceita. Ed tinha um plano. Há tempos precisava colocar um projeto de extensão de memória genética para frente, mas todos os outros técnicos eram analistas ou projetistas, nenhum era biotecnólogo. Falou com seu chefe imediato e pediu o ingresso da única estudante da lista que estava cursando o nível técnico de biotecnologia. Falou até em pagar metade do estágio da garota. O chefe sorriu.

– Não precisa. Você deve estar com muita vontade nesse projeto, hem?

— E Como.

A princípio a menina estranhou uma vaga a mais, mas Ed foi totalmente profissional. Trabalhavam juntos no projeto horas a fio. Ed sentia, certas horas, que não aguentaria mais. E realmente toda encenação só durou 3 dias. Sempre fora péssimo em cantadas. Então, quando ela se virou para lhe falar sobre uma sequência de estados genéticos, Ed parou e olhou fixamente para sua boca. Ela riu. Mas dessa vez maliciosamente. Fechou os olhos. Ed aproveitou aquela chance como se fosse a última de sua vida. Beijou-a longamente, colocou a menina na mesa de trabalho espalhando códigos genéticos para todo lado. Inclusive o seu. Ainda bem que os métodos contraceptivos brasileiros eram os melhores do mundo. A velha política de poucos filhos, menos gente, solidão e tudo mais do governo. Para evitar a gravidez após o sexo bastava um adesivo no pulso. A substância era absorvida e envolvia o óvulo com uma capa que se dissolvia em 48 horas. Ou seja, nenhum espermatozoide conseguia chegar ao destino. Por isso repetiram três vezes naquele dia. Depois, claro, Ed usou outros métodos. Apesar de doenças infectocontagiosas terem sido praticamente erradicadas, não era bom abusar do contraceptivo tópico. Era seguro, mas a tendência era de sempre usar menos remédios. Fato é que o projeto de 3 meses durou 6, a ponto do chefe repensar a proposta de meio salário da estagiária. Enfim, ficou pronto. E se saiu muito bem. Ganhou várias homenagens, depois foram comemorar no Morro da Urca com muita champagne. Embriagou-se rapidamente, pois bebia pouco. A menina bebia mais. E ria. Disse que ficaria com Ed para sempre. Riram juntos e passaram uma noite deliciosa em seu apartamento. No outro dia, ambos estavam com remorsos. Não por tudo o que passaram, isso fora magnífico. Mas por terem prometido ficar juntos de imediato. A menina entraria no Instituto de Biotecnologia e Biogenética. Seria uma Biogeneticista ou algo assim. Ed não podia casar com ela. A política: primeiro todos os estudos, só depois os filhos, casados ou não. Frio demais. Mas eficiente. Pelo menos para a máquina tecnoadministrativa. Ed pensou em mandar a política pro diabo, mas estaria sendo egoísta. Não casariam ainda. Namorariam e se encontrariam sempre, até a formatura. Ela concordou. Chorou. Ed achou que pela primeira vez a política havia lhe apunhalado pelas costas.

Sílvia parecia atônita, ainda tentando assimilar os acontecimentos. Mas Jan estava com uma nova ideia.

-O único lugar seguro agora é o interior, nas cidades agrárias. Sei que estão cada vez mais automatizadas, mas ainda deve haver gente por lá. Poderemos no esconder em algum sítio.

— meu pai contava uma história sobre meu avô. De como ia com minha vó passar a semana em Visconde de Mauá. Agora virou um parque nacional. Conheço a região pelo que vi na super-rede, nos sites de projeção natural, existe uma comunidade totalmente alternativa, livre de máquinas. Talvez possamos ficar lá até a poeira baixar.

— Ainda prefiro a cidade agrária. Há muitos campos para se esconder e estaremos próximos à cidade se quisermos acessar alguma notícia na super-rede.

— Sílvia decide. Voto de Minerva.

— Na verdade me passou algo pela cabeça. – A menina parecia fervilhar os neurônios. Ed sabia o quanto era inteligente, portanto algo ela tinha descoberto.

— Ed, você disse que a notícia no jornal fala em 16 mortes no último ano por excesso de ColdCo. Mas, como sabemos, isso é uma informação falsa. Você tratou de descobrir que na verdade são assassinatos por razões desconhecidas. O que quer que esteja acontecendo, iniciou-se ou se intensificou de 1 ano para cá. As eliminações podem estar em uma escalada progressiva. Temos que sumir de vista até descobrirmos o que está acontecendo.

— Ed estava surpreso. Primeiro por não ter pensando na correlação com as outras mortes. Estivera tão absorto nos planos e tão cansado após uma maratona de natação de 6 Km que até se perdoou. Jan também participara dos planos e não notou. Mas estranhamente achava que o amigo estava montando o quebra-cabeças de trás pra frente. A outra razão de estar surpreso foi por Sílvia chamar o assassinato de eliminação. Também poderia existir uma conotação nisso.

— Voto de Minerva, Reserva das Agulhas negras!

— Não podemos ir para nenhuma estação de trem, nem aeroporto. – disse Jan – Ainda não nos descobriram, mas é muito arriscado. Ficaríamos expostos durante toda a viagem. Temos que sair pela cidade deserta. Mais uma coisa: removam a identidade dos aparelhos. Só poderemos nos conectar anônimos. Creio que Sílvia não poderá mais conectar. Seu aparelho é original. Deve haver uma identificação.

— Não é original, é chinês. Peguei a sua mania. Comprei esse aqui por ter 100 Petabytes. Sabe como gosto de dormir com paisagens projetadas. Sonho visual interativo. – Sílvia suspirou e desativou a identidade. Sabia que rastreariam a assinatura da planta até o seu instituto. Havia cerca de 100 biólogos que teriam acesso ao tecnol. Mas conhecia a inteligência dos drones. Uma hora chegariam no seu nome. Disse, suspirando.

— E eu pensei que minha vida seria feliz. Casaria, teria um filho e tentaria refutar a política do Estado de separação até o fim da minha vida. – Edwardo sentiu-se feliz, apesar de tudo.

1uma sequência ordenada de caracteres ou símbolos escolhidos a partir de um conjunto pré-determinado.

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