Touching Paradise • Beauany

By abeaushine_

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Any era uma adolescente extrovertida e cheia de alegria até o pior acontecer. Quando perde sua mãe em um terr... More

Elenco + playlist
The lake
Beautiful smiles
Going back to our lives
First on the list
Aquarium of the Pacific
Old and new friends
Just friends
Good night, Any!
Plans for the saturday
City of Angels x Twilight
It's a crazy party
Friendly advice
No powers
Tedious but interesting
Nervous
Nostalgic day
Feelings
Enlightening conversations
She drives me crazy
Twins day
Theories
I miss you
Like the sky
Screams, hugs and tears (1/3)
Not everything is as it seems (2/3)
Bad dream (3/3)
Know better
Caution
A small wager
Dinner invitation
You're not the only one
Revelations
Ups and downs
Trying
Sofya's party
I'm not crazy
Sensations (+16)
Decisions
The truth (parte 1)
The truth (parte 2)
Did I screw it up?
Shiv being Shiv

Shoulder to cry

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By abeaushine_

24.09.2019 - 11:45
Los Angeles, California

Any Gabrielly

Desconforto. É exatamente isso o que sinto enquanto Bailey May está sentado ao meu lado, sorrindo, e minha irmã não tira os olhos de nós. Tudo porque o professor de literatura, Sr Baker, decidiu que seríamos uma boa dupla para o trabalho final do semestre. A tarefa consiste na produção de um artigo sobre uma das várias obras que precisaremos ler nos próximos meses. Como Bailey, curiosamente, sempre teve excelentes notas nessa disciplina, ao contrário de mim, acabamos juntos para que as duplas fossem "equilibradas".

Shiv também sempre foi uma ótima aluna quando o assunto é literatura, mas segundo o Sr Baker, por sermos irmãs, eu poderia facilmente me aproveitar dela e deixar que fizesse todo o trabalho sozinha. Me senti ofendida, claro, mas não pude contestar sua autoridade. É ele quem manda, afinal. Agora encontro-me junto ao crush dela, ainda em sala de aula, para que possamos começar nosso planejamento. Ainda teremos muito tempo para isso, porém, nosso professor sugeriu que usássemos essa aula como um pontapé inicial.

— Você não ouviu nada do que eu disse, não é? — Bailey chama minha atenção.

— Desculpa, eu me distraí.  — ajeito minha postura. — O que dizia?

— Que seria interessante se escolhessemos um livro forte, com críticas sociais que levem as pessoas a refletirem.

— Uau! — não escondo minha surpresa em ouvir algo assim vindo de alguém como... ele. — Tudo bem. Eu super concordo. Tem alguma obra específica em mente?

— Dei uma olhada na lista que o Sr Baker nos entregou. Temos conteúdos incríveis aqui. — ele diz, analisando a folha impressa. — Pensei em O Sol É Para Todos. — seu olhar se volta ao meu rosto. — Você já leu?

— Sim, minha irmã praticamente me obrigou a ler há algum tempo. Ela ama esse livro. E você?

— Li duas vezes. É um dos meus favoritos.

— Então quer dizer que você aprecia os clássicos... — o observo. — Tá aí algo que eu nunca imaginaria a seu respeito.

— Assim como qualquer ser humano, tenho minhas qualidades, Any. Posso mostrar todas elas se você quiser. — ele sorri, sedutor. Engulo em seco. O que esse garoto está pensando?

— Seria uma proposta bem interessante se eu não tivesse participado do DARE no primário. — rebato. Seu sorriso se torna uma risada divertida.

— Sr May e Srta Soares, será que posso saber o que é tão engraçado? — o professor pergunta. Automaticamente, todas as cabeças na sala se viram para nós. Sinto meu rosto esquentar.

— Nada demais, Sr Baker. Só estávamos discutindo algumas questões sobre o trabalho. — Bailey diz calmamente, ainda sorrindo.

— Então discutam de forma mais contida. Lembrem-se de que estamos em uma sala de aula, não em uma feira.

— Sim, senhor. Seremos mais discretos. — ele responde antes de voltar a me observar. — Sabe, Any, eu sou muito mais do que a má fama que tenho nessa escola. Vai perceber isso se nos conhecermos melhor.

— Nós vamos, mas com uma única finalidade: a produção desse artigo.

— Por hora, é o suficiente para mim. Posso fazer com que sua finalidade mude com o tempo. — ele umedece os lábios enquanto encara os meus. Acabo fazendo o mesmo, ainda que inconscientemente, então desvio o olhar.

— Não deveríamos estar focados na escolha do livro?

— E não é exatamente o que estamos fazendo? — pela minha visão periférica, o vejo sorrir outra vez. Para o meu alívio, o sinal que marca o fim desta aula finalmente toca e começo a recolher meus materiais de forma apressada. — Então ficaremos com O Sol É Para Todos?

— É, pode ser. — me coloco de pé. — Até mais, Bailey.

Saio da sala quase correndo. Deus me livre ter esse garoto no meu pé. Além de ser problema na certa, ainda teria que me entender com a Shiv. E por falar nela, sou alcançada no momento exato em que chego ao meu armário para guardar minhas coisas e ficar livre para encontrar Sofya e Lamar para o almoço.

— Sua vaca sortuda! — ela diz entre os dentes, os olhos estreitos em minha direção. Joalin, que está ao seu lado, apenas observa. — Não acredito que vai ser parceira do Bailey.

— Nem eu acredito. O Sr Baker foi muito cruel comigo. — abro o armário.

— Cruel? — sua voz soa estridente. — Eu daria qualquer coisa para estar no seu lugar.

— Eu também daria qualquer coisa para estar no seu lugar. — digo, entediada. Joalin ri.

— Olhe pelo lado positivo, Shiv. — a loira se manifesta. — Agora Any pode te ajudar com o Bailey.

— Não inventa, Joalin! Aquele garoto é uma péssima influencia. Minha irmã merece coisa melhor. — termino de guardar meus materiais e fecho a porta.

— Coisa melhor? — Shiv franze o cenho. — Não existe coisa melhor que Bailey May nessa escola. Ele é simplesmente o cara mais lindo de todos.

— O cara mais lindo e o mais problemático, garota. Acorda! — bato levemente em sua testa.

— Ei, meninas, não briguem! — ouço a voz de Lamar em um tom divertido.

Me viro em direção a ele e me surpreendo ao ver que Sofya não é sua única companhia. Josh e seus amigos estão junto dele. O loiro sorri ao me ver e eu correspondo.

— Não estávamos brigando. — respondo. — Ei, não sabia que ficaram amigos. — visualizo o pequeno grupo.

— Ficamos graças à física. Josh, Noah, Sabina e eu estamos na mesma turma. — Lamar sorri. — Sofya nos encontrou no meio do caminho.

— Isso quer dizer que almoçaremos todos juntos? — Joalin pergunta.

— Se vocês não se importarem. — ele diz. Todos trocamos olhares amistosos em forma de consentimento.

— Por mim, tudo bem. — digo por fim.

Enquanto caminhamos até o refeitório, me apresento a Noah e Sabina corretamente. Simpatizo com eles logo de cara, assim como foi quando conheci Joalin. Depois de todos pegarmos nosso almoço, encontramos uma mesa, onde nos acomodamos. Sento-me ao lado de Josh, que está próximo a Noah. Sofya decide ficar ao meu lado direito. A nossa frente, sentam-se Shiv, Joalin, Sabina e Lamar, respectivamente.

— Onde está a Hina? — pergunto a minha irmã.

— Hoje ela almoça mais tarde. Está envolvida em algo relacionado ao grêmio estudantil. — ela dá de ombros. — Pensei em participar também, mas minha grade já está cheia o bastante. Me meti em mais atividades extracurriculares do que deveria.

— É, eu sei bem o motivo... — digo num murmúrio. Shiv apenas me ignora.

— Atividades extracurriculares são interessantes, mas sabem o está realmente me deixando animada? — Sabina pergunta. Todos voltamos nossa atenção a ela. — A festa de boas vindas que Heyoon Jeong dará neste sábado. — ela bate palmas, empolgada. — Vocês vão, né?

— Mas é claro que sim. — Shiv responde, toda sorridente.

— Se a Shiv vai, eu também vou. — Joalin diz. Aos poucos, todos a mesa confirmam presença. Eu apenas permaneço quieta, no meu canto, torcendo para que não notem que estou ignorando essa história de festa.

— E você, Any? — Lamar pergunta. Instantaneamente, sete pares de olhos pousam em mim. — Vai com a gente, não é?

— Bem, eu... — me ajeito na cadeira. — não acho que seja uma boa ideia.

— Por que não? — dessa vez é Sofya quem questiona.

— Fala sério! Vocês sabem muito bem com quem a Heyoon se mete. Se a festa é na casa dela, com certeza as más influências dessa escola também estarão lá.

— Não é você que está fazendo dupla com o May para o trabalho de literatura? — Joalin me olha. — É a ele que se refere, certo?

— Certo. — concordo, ainda que essa seja apenas uma desculpa para não ir a festa. — Vocês chegaram agora, então ainda não devem saber. Bailey May, Krystian Wang, Sina Deinert, Heyoon Jeong, eles não são boas companhias. Estão metidos com coisas pesadas. Só farei o trabalho de literatura com o Bailey por obrigação. Eu não tive escolha. Enfim, não pretendo me misturar com eles.

— Que desculpa mais esfarrapada, Any! — minha irmã revira os olhos. — Nós duas sabemos bem que esse não é o real motivo. Na boa, você precisa parar com isso.

— Shiv, nós não vamos discutir sobre esse assunto aqui na frente de todo mundo, ok? Não tem a menor necessidade. — lhe dou um olhar ameaçador. Ela não tem o direito de me expor dessa forma.

— É claro que tem. — ela rebate. — Está na hora de voltar a viver normalmente. Pensei que estivesse superando. Entenda de uma vez por todas. Esse seu comportamento não vai apagar o que houve, muito menos trazer ela de volta. Vai deixar de viver sua vida porque sente culpa?

Um clima estranho se instala em nossa mesa. Sofya e Lamar sabem exatamente ao que Shiv se refere, mas os outros, que ainda não tem conhecimento sobre a história, parecem perdidos. Noto que Sabina está prestes a abrir a boca, mas Joalin lhe acerta uma cotovelada e a garota desiste. Ninguém diz mais nada. De repente, sinto-me pequena, sufocada. Só penso em sair desse lugar. Coloco-me de pé.

— Any, você... — minha amiga começa, mas a interrompo.

— Eu já volto, Sofy. Só preciso tomar um pouco de ar.

Deixo o refeitório a passos rápidos. Tudo o que quero no momento é ficar sozinha. Se ficasse naquela mesa acabaria chorando e não seria nada legal. Sei que parece exagero, que um simples convite para uma festa não deveria desencadear certos sentimentos, mas acontece que festas sempre serão como gatilhos para mim. Foi por causa de uma dessas que minha mãe se foi. Shiv tem plena consciência disso, mas aparentemente não se importa. Está aí uma coisa que nunca conseguirei entender.

Me dirijo até a parte externa da ESLA, onde uma parcela dos alunos também se encontra, dividida em pequenos grupos. É um lugar agradável se você busca por algum tipo de contato com a natureza. Decido me sentar na grama, ao lado de uma árvore grande e bem cuidada, que uso como apoio para as minhas costas. Abraço meus joelhos contra o peito, fecho os olhos e respiro fundo, tentando manter a tranquilidade.

— Se importa se eu me sentar aqui com você? — uma voz calma adentra meus ouvidos. Abro os olhos e encontro Joshua, de pé, a minha frente. Nego com um aceno de cabeça, então ele se abaixa lentamente, posicionando-se ao meu lado. — Quer conversar?

— Não. Eu estou bem.

— Tem certeza? Você saiu correndo. Eu gostaria de saber o que houve.

— Não foi nada, Josh. Está tudo bem. — digo. Não quero que ele se preocupe comigo por problemas que somente eu posso resolver.

— Não minta para mim, Any. Eu me importo com você, quero te ver bem de verdade. Por favor, se abra para mim. — ele fita o meu rosto. O profundo azul em seus olhos transmite uma paz inexplicável.

— Você não entenderia. — suspiro. — É muito mais complicado do que parece.

— Posso tentar entender. Você só precisa me explicar. — ele segura minha mão. O toque suave parece emitir pequenas ondas de calor por minha palma. — Prometo não fazer julgamentos. Só quero te ouvir e te ajudar a se sentir melhor. Às vezes, desabafar é tudo o que precisamos.

Encaro seu rosto por breves instantes, depois nossas mãos unidas. Quando volto a erguer os olhos, tudo o que vejo é sinceridade, carinho, ternura. Josh realmente se importa e está disposto a fazer o possível para que eu fique melhor. O problema é que não me sinto a vontade para dizer tudo a ele. Não no lugar em que estamos, muito menos nessas circunstâncias. Talvez algum dia... Por hora, decido lhe contar apenas uma parte da história.

— Eu perdi minha mãe há pouco tempo. Pra ser mais exata, vai fazer dois meses na semana que vem.

— Sinto muito. Deve ser uma dor horrível.

— Horrível é pouco. Me arrisco a dizer que uma parte de mim se foi junto com ela. — volto a suspirar. — Às vezes acho que nunca vou ser feliz de novo. Não plenamente, sabe? — ele assente. — Ela era tudo pra mim. Era exatamente o que eu quero ser quando a maturidade chegar. Eu sinto tanta falta dos momentos que passamos juntas. — sinto uma lágrima rolar pelo meu rosto e me apresso em secar. — Aconteceu quando ela foi me buscar em uma festa.  — mordo o lábio inferior com força e faço uma longa pausa. Não sei se consigo prosseguir. Como se soubesse dos meus conflitos internos, o toque de Josh se torna mais firme, me encorajando. Apesar disso, o nó que se forma em minha garganta prevalece. Não consigo ir em frente. — É tudo o que posso te dizer agora. Desculpa.

— Está tudo bem. Venha aqui. — ele passa a mão pelos meus ombros e me puxa para si, acomodando-me em um abraço reconfortante. Minha cabeça se encaixa na curva de seu pescoço e sua mão passa a acariciar meu braço lentamente. — Eu realmente sinto muito. A dor da perda é terrível. Any, eu sinto tanto... — ouço sua voz levemente embargada. Quando ergo a cabeça e encaro seu rosto, meu coração se aperta. Ele está chorando...

— Desculpa, Josh! Eu não queria que ficasse assim. — levo meus polegares a suas bochechas, secando parte da umidade.

— Está tudo bem. Não é nada. É só...

— Empatia. Você sentiu a minha dor. — digo. Ele assente de forma tímida. — Você é incrível, sabia? — volto a abraça-lo. Acomodo minha cabeça em seu peito dessa vez e permito-me ficar ali por um tempo, ouvindo seu coração bater.

— Any? — ele chama depois de alguns minutos. A voz está baixa, tão contida que parece um sussurro.

— Sim? — respondo sem me mover. Me sinto protegida em seu abraço. Não quero me desfazer da sensação tão cedo.

— Pode me dizer que vai ficar bem? — ele afaga meus cabelos. — É tudo o que importa no momento.

Sinto meu coração errar a batida. Suas palavras são tão doces e afetuosas. Me afasto alguns centímetros para voltar a encarar seu rosto. Joshua é muito bonito, de um jeito único. Descobrir o tamanho de sua sensibilidade faz com que ele se pareça ainda mais lindo aos meus olhos. Faz com que ele se torne especial. Por um momento pergunto-me se ele é real. Honestamente, se não estivéssemos tão próximos agora, eu pensaria que estou enlouquecendo e que ele é apenas fruto da minha imaginação, algo projetado apenas para amenizar meu sofrimento.

— Acho que enquanto estiver comigo, Josh, sim, eu ficarei bem.

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