Irresistível Amor

camila-teixeira द्वारा

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Spin-off do livro No Coração de Sofia Maria Lúcia foi abandonada pela mãe biológica aos seis anos de idad... अधिक

Leia! É importante!
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 01 - Longe de ser a filha perfeita!
Capítulo 02 - Mal acompanhada, mas nunca só!
Capítulo 03 - Mesmo sem entender
Capítulo 04 - Ainda existe uma saída
Capítulo 05 - Os planos de Deus...
Uma carta para você
Capítulo 06 - Para salvar uma vida
Capítulo 07 - Liberte-se de você. Seja livre!
Capítulo 08 - Três Motivos
Capítulo 09 - Último motivo: Deus
Capítulo 10 - O evangelho é loucura para o mundo
Capítulo 11 - Um grito de socorro
Para quem não conseguiu ler
Capítulo 13 - Preciso que me ame!
Capítulo 14 - Isso não podia ter acontecido
Capítulo 15 - Sozinha não!
Capítulo 16 - Você precisa entender!
Capítulo 17 - A dor que ninguém vê
Capítulo 18 - Bônus por Leonardo
Capítulo 19 - Um lugar
Capítulo 20 - Simplesmente sobrenatural
Epílogo - Eu sou livre!
Para quem não conseguiu ler

Capítulo 12 - Além do que vejo

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camila-teixeira द्वारा

"Deus está cuidando de mim, nos detalhes cuida de mim, Seu amor é sobrenatural, faz com que eu me sinta especial"

Deus de detalhes - Pr. Lucas


🎵🎵🎵


— Malu, você vai sair hoje? — perguntou Jussara, com um mistério no olhar que eu bem conheço.

— Por quê? — investiguei, curiosa.

— Porque algumas irmãs da igreja vão vir para cá.

— De novo? — encrespei a testa.

— Como assim de novo? A última vez foi mês passado! — respondeu como se fosse óbvio.

     Por que eu ficaria contando os dias para receber um grupos crentes em minha casa?

— Que seja! — dei de ombros. — E eu vou sair, sim.

     Eu sei que deveria dizer não para mim mesma agora, mas ainda não estava pronta para mudanças drásticas. Ficar em meio a um grupo de mulheres orando ainda não faz parte dos meus planos. Não consigo orar sozinha, tampouco rodeada de mulheres desconhecidas.

— Você não pode esperar até de noite, quando elas forem embora, filha? — ela insiste.

— Não! Agora preciso ir para escola — me aproximo e deposito um beijo em seu rosto — Tchau.

...

     Depois da aula fui direto para casa de Letícia e Gustavo. O plano era ficar na casa deles até onze horas, horário que certamente minha casa já estaria livre do grupo de oração. O que Jussara não entende é que eu não fujo da oração e sim das coisas que acontecem no meio disso. As poucas vezes que participei, há uns anos atrás, sempre tinha alguém para falar coisas que me deixavam completamente apavorada. Sentia meu corpo estremecer todas às vezes que revelavam algo para mim. De início o medo me afastava dos meus amigos e consequentemente das saídas "perigosas". Elas sempre me alertavam do quanto meu siclo de amizade me prejudica e diziam que Deus havia me livrado diversas vezes da morte. Havia as palavras boas também, porém decidi não ficar para saber o que aconteceria dessa vez.

— Então — Letícia começou a falar, assim que sentou no sofá. — Como estava falando no intervalo, eu e Gustavo vamos passar as férias em uma casa de praia que uma amiga aluga. Ela fez um preço ótimo pra gente. Quer ir também, amiga? Eu tinha convidado o safado do Alex e a vaca da Rebeca, mas depois de tudo que você me contou, vou proibir a ida deles. Depois eu devolvo a metade do dinheiro que eles deram... e se eles reclamarem, eu juro que vou arrastar a cara dos dois no asfalto!

     Encarei Letícia mais séria do que pude, mas depois de tanto segurar o riso, acabei rindo pelo nariz. Ela manteve sua pose séria e depois de um tempo se rendeu a risada também.

— Você não existe, cara! — disse, ainda rindo. — Mas acho melhor eu não ir. Jussara não vai ficar nada feliz com essa viagem.

— Ah, não! — exclamou. — Não aceito um não como resposta. Você tá precisando ficar longe de tudo e todos, assim vai espairecer a cabeça e esquecer de vez tudo que aconteceu nessas últimas semanas.

— A ideia é boa, amiga, mas você sabe como é a Jussara, né?

— Você vai, sim, nem que eu tenha que ir na sua casa pedir pra sua mãe!-
— ela fala firme.

— Isso vai piorar a situação — disse, rindo.

— É, eu sei — admitiu rindo também. — Mas tenta, vai que...

***

     O plano de não encontrar o grupo de oração em casa deu certo. Mas, ainda assim, não pude fugir das tais revelações. Mal passei pela porta e Jussara me puxou para uma conversar bem séria. Ela não entrou em detalhes, mas pelo que entendi, Deus havia alertado sobre algo que está por vir e tendo em vista o desespero de Jussara, não é nada bom.

— Se acalma, Jussara, não vai acontecer nada comigo — disse, tentando acalma-la. — Já falaram essas coisas outras vezes e nada aconteceu.

— Menina, para de brincar com Deus!

— Mas eu não tô! — exclamei alarmada.

— Vê lá o que você anda fazendo, filha, o diabo não tá brincando! — disse com voz firme.

— Ai, Jussara, para de ficar falando essas coisas — senti meu corpo estremecer como das outras vezes.

— Eu estou falando sério, Malu — continuou me olhando com toda sua seriedade. — Você podia ir para igreja domingo, o que acha?

    Podia jurar que vi aqueles olhinhos brilharem. O medo de me perder era tão nítido em sua face que eu não pude simplesmente ignorar-lo. Sabia que ela só queria me proteger de todas as formas possíveis e isso me deixou tão vulnerável no momento que eu fui incapaz de negar seu pedido. Eu quase disse um sim, porém me calei, não consegui pronunciar essa simples e pequena palavra.

— Eu... eu...

— Por favor, filha — ela me olha com aquele olhar tristonho que mexe tanto comigo ao ponto de doer na alma.

— Eu vou na igreja do Leo — anunciei involuntariamente.

     Jussara arregala os olhos surpresa, sua feição mudou, seu olhar voltou a brilhar e então um grande sorriso brota em seu rosto. Pisquei algumas vezes meio confusa, sem entender o que havia acontecido comigo. As palavras saíram de uma forma tão simples e inesperada que eu não tive tempo de raciocinar direito, apenas disse, sem ao menos ter combinado nada com Leonardo. De início não soube o que dizer, mas ao ver a felicidade estampada no rosto de Jussara, decidi seguir a diante com o que disse.

— É sério? Por que você não me avisou antes? — questionou eufórica.

— Porque eu combinei tudo com ele hoje. Agora, antes de vir pra casa — menti descaradamente.

     Foi uma mentira justa. Pelo menos eu achei necessária.

— Eu não consigo nem acreditar, filha, depois de tanto tempo orando, os resultado estão finalmente acontecendo. Deus é perfeito! — exclamou, com um sorriso radiante.

     Ainda meio sem jeito, achei melhor pôr um fim na conversa antes que estragasse tudo ou piorasse a situação.

— Agora vou dormir, tá? — disse, me levantando. — Sugiro que você faça o mesmo.

Ela levanta e me dá um abraço bem apertado. Foi uma ação tão inesperada que fiquei alguns minutos parada sem reação alguma. Depois de um tempo sentindo o calor do seu abraço e todo carinho que ele transmitia, entrelacei seu corpo e apertei contra o meu. Foram anos e anos sem fazer essa pequena ação. Anos perdendo tanto amor, um colo amigo, esse carinho que minha alma tanto carece. Naquele momento não dei ouvidos para meus medos e traumas, eu só queria ficar aninhada em seus braços. Minha alma ferida precisava desse cuidado. Consegui até sentir o efeito que um ato de amor faz, um efeito tão imediato que trouxe descanso ao meu coração cansado.

— Eu te amo, filha! — ela sussurra em meu ouvido.

     As batidas do meu coração entraram em um ritmo acelerado. Petrifiquei nos braços de Jussara. Abri a boca para dizer algo, no entanto nenhum som foi emitido. Eu quis retribuir suas palavras, porém a frase eu te amo não saíam pelos meus lábios.
     Não consegui abrir meu coração para ela. Eu o fechei há anos, tranquei a cadeado e em meio ao medo de tudo e todos, joguei a chave fora. Assim eu me senti segura. Segura o suficiente para saber que mais ninguém teria a oportunidade de machucar meu coração novamente, destruir os poucos retalhos que sobraram dele.

— Ainda é difícil para você, né? — ela me solta para me olhar melhor.

— Eu não consigo... eu não consigo, Jussara — embora minha visão estivesse embaçada pelas lágrimas que haviam se formado em meus olhos, mude ver com clareza seu semblante mudar.

     Agora ela volta a me olhar com tristeza.

— Desculpa mas eu não consigo... eu queria, mas não dá! — tento explicar, enquanto permito que as lágrimas rolem pelo meu rosto.

— Só me diz o motivo, filha — ela segura meu rosto cuidadosamente. — Nós podemos vencer isso. Deixa eu te ajudar, abre seu coração, meu amor.

     Não pude reprimir mais aquela angustia que tomou conta do meu peito. Eu quis gritar o mais alto possível, até sentir que minhas cordas vocais não suportaria mais.

— Eu tenho medo! — exclamei aos soluços. — Tenho medo de te amar, me apegar a você, de abrir meu coração e você me deixar também. Tenho medo de te perder, Jussara. Eu não sou uma boa pessoa e você, por outro lado, é a melhor pessoa que encontrei e mesmo diante de tudo que faço você ainda diz que me ama... isso não faz sentido! Tenho medo porque... porque eu sinto que a qualquer momento você também vai se cansar de mim, igual ela se cansou, e você vai... não! Você não pode me deixar também!

— Eu já disse e vou repetir quantas vezes for necessário, eu nunca vou deixar você, filha. Você é presente lindo pra mim — ela diz com a voz embargada.

— Não, eu não sou — me apressei em dizer, balançando a cabeça. — Eu não sou um presente para ninguém. Sequer sou uma boa filha, ninguém quer uma pessoa inútil.

— Não diga isso nunca mais! Você é o meu presente! — ela esboça um pequeno sorriso. — Você me deu a oportunidade de ser mãe. Eu não tinha nenhuma possibilidade de ser mãe um dia, então Deus me deu você para cuidar e dar tudo que um dia você não teve.

— Eu não entendo Deus — friccionei a testa. — Você merece uma filha melhor, Jussara, mas eu... eu não posso ser essa filha porque ela acabou com a minha vida.

— Não! Claro que não! — exclamou. — Você só tem dezoito anos, minha filha, tem muita coisa boa para viver ainda. Mas uma vida nova só Deus pode te dar! Basta você dar essa oportunidade a Ele.

— Jussara... — comecei meio sem jeito.

— Não... tudo bem, é aos poucos, filha. Você vai conseguir — me interrompeu, em seguida depositou um beijo em minha testa.

— Tenho que fazer uma coisa — falei já me afastando dela.

     Ela me olha sem entender o motivo de tanta pressa.

— O que você vai fazer?

— Vou escrever! — respondi, indo em direção ao corredor que dá para os quartos. — Amanhã a gente conversa. Boa noite.

     Fui para meu quarto as pressas, peguei minha mochila e tirei de dentro meu caderno e estojo. Pus o caderno em cima da escrivaninha e com as lágrimas já descendo pelo meu rosto, comecei a escrever:

"Querida" Ana,

Como toda filha feliz, eu queria começar essa carta dizendo o quanto te amo, queria desenvolve-la detalhando como você foi uma ótima mãe e, por fim, termina-la com um "muito obrigada, mãe". Mas eu não posso e tenho todos os motivos para não poder; primeiro, porque eu não consigo te amar. Segundo, porque você não foi uma mãe. Terceiro, porque você não vez absolutamente nada para que eu pudesse, orgulhosamente, te agradecer.

Você nunca ligou para mim, não é mesmo? Quantas vezes eu quis que você entendesse, pelo menos, que eu precisava mais do seu carinho do que um prato de comida. Eu não queria matar a fome, eu queria preencher a falta de você!

Não sou o tipo de pessoa que se orgulha em colocar a culpa no próximo, mas não posso negar o fato de você ser a culpada de toda essa dor. Por sua culpa não tive um pai, você nunca quis me falar sobre ele e isso me doía ainda mais. Eu só tinha você e ainda assim você me abandonou.
Por sua culpa eu sou uma pessoa infeliz, amargurada. Por culpa sua eu sou insegura, tenho medo das pessoas, sou desconfiada, não consigo mais acreditar nelas, eu não tenho paz... Droga! O que você fez comigo, "mãe"?

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Tô chorosa! :'(
Esse capítulo foi um parto! Sério, fiquei dias para termina-lo e no final saiu diferente do que tinha planejado. Mas acho que deu para passar um pouquinho mais sobre o quanto nossa Malu tá machucada. E apesar de tudo, fiquei feliz com o rumo da conversa das duas. Amor de mãe é outro nível! Já amo a Jussara com todas as minhas forças haha

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