Clexa: Jogos Vorazes

By DeathToPrimes

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O que de tão ruim pode acontecer se a garota da família mais rica da capital, meio que se apaixonar pela maio... More

É a morte quem te segue
O primeiro dia é sempre o pior
Não perca tempo
Massacre Quaternário
Quando a tirania é lei, a revolução é ordem
Mudando de lado
Sangue se paga com sangue
Você me protege?
Só resta a morte
A.L.I.E
livres

Contagem Regressiva

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By DeathToPrimes


Ainda sem comunicação?

Nada — Gabriel deslizou a mão até o cabelo e coçou a cabeça, confuso com esse problema de energia, mas a luz da lua salvava-os da escuridão completa — Eu não consigo arrumar um sistema sem um sistema disponível, o problema é na capital, com certeza eles estão na mesma situação

Josephine se aproximou, sentando ao lado dele em alguns degraus de madeira — São 2 da manhã, provavelmente, de acordo com a posição da lua apontou o céu

A Clarke vai surtar — voltou seus olhos até Josephine — Ou agradecer por não ter água quente, então não podem obrigá-la a tomar banho

Podemos não pensar na Clarke e em tudo que tem acontecido lá? — a garota desviou o olhar, observado as próprias unhas — Sei que ela não acredita que eu poderia ajudar de formas melhores, mas eu venci um jogos vorazes, e todo mundo me olha como se fosse por sorte — retornou a olhar o rosto dele, seus olhos já se acostumaram a baixa iluminação — Me sinto triste por não estar lá.

Eu não acho que tenha sido sorte, você venceu com inteligência, não força — voltou a olhar o céu, apontando as estrelas — Aliás, pode me ensinar essa coisa das horas? — Josie sorriu de canto e começou sua aula sobre as horas.

Alvo na mira — um sniper dentro de um helicóptero mirava a cabeça de um morador do distrito 4, quando um soldado correndo passou na frente dele e desviou toda sua atenção — Merda

Clarke atravessou um campo de batalha sem querer, ela usou as locomotivas rodoviárias até o distrito 8, mas ele foi forçado a parar, os trilhos estavam inacessíveis para a frenre

PARADO! — um dos soldados que lutavam ao lado de Bellamy a rendeu, apontando a metralhadora a sua cabeça. Clarke estava desarmada, só usava o uniforme, perdeu a metralhadora no meio do caminho

Não, não sou uma deles — se rendeu rápido e sua voz era ofegante, o coração quase explodir no peito pela corrida extensa que levava horas, não sabia sequer que tinha condições de correr tanto — Por favor, preciso falar com a Lexa — o som da arma sendo destravada a assustou — Porra eu não tô armada! Tô rendida, você é idiota ou o que?

O homem a observou, desconfiado, pensando muito, gastando um tempo que ela não tinha

Por favor, não posso me defender, muito menos te atacar, só quero falar com ela — talvez ser honesta seja útil, uma vez na vida. Olhar nos olhos dele causava nela um sentimento novo, afinal, aquela luta era por ele, era por cada pessoa que vivia fora da capital, mesmo naquela situação, ela ainda queria o salvar — Eu tô implorando, por favor

O homem franziu as sobrancelhas, ou ficando irritado, ou pensando, Clarke ouviu sons de explosão atrás dela, alto o suficiente para arder em seus tímpanos, mas manteve a atenção nele, repetindo mais baixo e deixando todo seu desespero transparecer — Por favor

Ela tá no distrito 10 — tirou ela da mira de sua arma, se afastando ainda com a expressão fechada — Melhor continuar a correr.

Obrigada — nunca na vida disse isso com tanto peso, estava cansada, só queria parar para se recuperar, mas precisava chegar lá, então disparou como um furacão.

Lexa observava o céu naquela noite, deitada em um gramado e lembrando-se de Costia, da arena, daquela noite, os poucos caia na realidade do que aconteceu, estava sozinha, provando de uma paz incerta, sentindo sua alma partida finalmente doer.

Pensava demais em coisas demais, Anya, Raven, Bellamy, Octavia, tudo era tão pesado, tão doloroso, não conseguia evitar o choro e se desmanchou em lágrimas, cada amigo que perdeu, cada momento que passou, cada vida que tirou, se sentia fraca, perdida, sentia falta de tudo, mas principalmente, de quem ela era até duas atrás semanas...

Não quero incomodar, pode continuar chorando — uma mulher se aproximou, com um suspiro pesado e uma fisionomia cansada, sentando na grama em seu lado — Seja lá qual for a razão, você não tá sozinha

Isso era tão real que era surreal, Lexa era um símbolo, ela nunca parou para pensar ou apreciar isso, sua existência e sobrevivência indiciou aquela revolução, ela nunca mais estaria sozinha.

Se sentiu confortável para continuar a chorar, não que tivesse algum controle sobre isso

O que te deixou assim? — a mulher perguntou, seu nome era Indra, e ela passou a ser um dos braços direitos de Lexa naquelas batalhas, uma mulher que parecia ter guardado todo o ódio do mundo para descarregar em seus inimigos — Tenho uma filha da sua idade

O mundo é ruim pra todo mundo? — seu choro não atrapalhou muito a pergunta, mas ela soluçou e escondeu os olhos com as mãos, tremendo e perdendo levemente o controle sobre seus medos — Eu não queria esse inferno, só queria proteger a minha irmã — não sabia se era possível chorar ainda mais. Mas chorou ainda mais.

E você protegeu, já é mais do que o suficiente.

Lexa não poderia explicar com palavras, o rosto de sua equipe passeou por sua mente, como poderia ser o suficiente, quando tudo que ela tocou, morreu?

A minha mente não para.. — apertou os olhos e deslizou os dedos pelo rosto, observando Indra ao seu lado, só conseguia se lembrar de Costia, e se sentia terrível por ela — Por que todo mundo me machuca? Até sem querer...

Fecha os olhos — Indra fechou os olho, Lexa continuou a olhando — E respire fundo

Por que?

Nem tudo tem um porque, só faça.

Lexa relutou um pouco pelo nível de estresse, mas se esforçou para obedecer, não percebeu que travou sua mandíbula com tanta força, que agora seus dentes doíam

E agora?

Você está em um campo gigante e vazio, com um longo céu roxo — Indra voltou a abrir os olhos e espiou a garota — Uma mão se estende até você. Quem é?

Lexa abriu os olhos imediatamente ao visualizar Clarke, como não pensou em Clarke até agora?

O que isso quer dizer, Indra?

Em quem você pensou?

Não tinha motivos para mentir

Na Clarke

A mulher mais velha revirou seus olhos e negou com a cabeça enquanto levantava — Desisto de você

Clarke Clarke Clarke

Ela deveria ser parte do problema, não?

Deveria ser um motivo de dor.

Mas Clarke era como uma luz no fim do túnel

E todo aquele ódio que sentia, evaporou.

O único som que ecoava além das bombas, dos tiros e dos gritos distantes, eram as botas militares de Clarke atingindo o ferro dos trilhos do trem, todo barulho era bem alto no silêncio, a escuridão a deixava quase cega, mas isso não era motivo para parar.

Em algum ponto do caminho ela tropeçou, caindo e ficando, cansada por não ter ideia se faltavam 3 metros ou 3 quilômetros, queria ficar ali mesmo, descansar e voltar a correr depois, mas sabia que seu corpo não iria aguentar a voltar em um bom ritmo quando percebesse a dor de seus músculos super forçados, apoiou as mãos no chão e se levantou sentindo a gravidade puxa-la com mais força do que o normal, evitava cada pensamentos sobre qualquer coisa que não fosse Lexa. Porque tudo lhe deixava mal, menos Lexa.

Apenas respirou fundo e voltou a disparar com todo seu esforço, ela era rápida como uma garota naquela idade deveria ser, mas nenhuma adolescente deveria fugir de guerras daquele jeito.





Becca observava em derrota a tela com acesso aos sistemas da A.L.I.E, agora eles não respondiam mais a ela, a inteligência artificial descontrolada tentava, por diversas vezes, invadir o sistema com acesso à bomba nuclear que a capital guardava.

Becca já sabia, e tomou sua decisão, não gostaria de ver as consequências de sua criação — Eu não queria que nada disso tivesse acontecido — falou sozinha, quase se convencendo daquilo, a culpa corroía seu cérebro como um parasita incontrolável.

Pensou que pudesse destruir o código-fonte de A.L.I.E até gerar um problema forte o suficiente para interromper qualquer atividade, então Becca trancou a porta de sua casa, onde morava sozinha, virou todo tipo de álcool que tinha guardado naqueles painéis, usando a última garrafa de bebida para jogar sobre si mesma. Seus olhos cansados só queriam que tudo acabasse logo, porque aquele era só o início, e ela era só a primeira a morrer em chamas.

Um fósforo, 2 minutos, e a Capital perdeu a pessoa mais inteligente da história humana.



A morte da cientista Becca se espalhou rápido dentro do prédio presidencial, todos ainda buscavam Clarke, mas o chefe do exército assumiu o comando da presidência temporariamente, já que não tiveram tempo de nomear um vice-presidente

Luna e Raven estavam na casa da ruiva, ela preparava as malas e Raven sentia a luto, gostava de Becca, não eram amigas mas tinham coisas em comum, e era assustador pensar que ela morreu daquela forma — O que leva alguém a se matar?

Desespero. É por isso que vamos fugir, precisamos avisar os outros e.. ir embora, rápido

Onde a Clarke está? essa, era a principal pergunta, desaparecida desde o Red Sun

Provavelmente morta, é assim que a política funciona, eu deveria ter sido a guarda dela, não a idiota da Ash — suspirou meio irritada, mas não pelas ações, e sim pela consequência — Já sabemos qual é o plano caso ela ficasse ausente.

Raven estava calma, ao contrário da garota à sua frente, tão nervosa que dava pra sentir de longe — Quais as chances da Clarke estar viva e apenas.. ter abandonado o barco?

Luna riu — Zero.

Raven não se convenceu, mas teve uma ideia para restaurar a comunicação

Lexa não tinha o que fazer sem instruções, estava sozinha, por conta própria, sendo a líder número um, e torcendo para Clarke dar algum sinal de vida, dar uma ordem.

Lexa com certeza saberia se virar, mas Griffin foi treinada para isso a vida inteira. Confiava mais nela.

Comandante.. — um homem se aproximou, ela ajeitou a postura — Esse drone tá com defeitos mas ainda tava funcionando, e tem alguém querendo falar com você — carregava confuso o aparelho em mãos, o curto circuito era visível, sua armadura destruída e os fios expostos, mas o importante é que funcionava

Lexa? Aqui é a Raven — a voz dela saiu cheia de interferências e robótica, algumas falhas, mas deu pra ouvir. Poupou os maiores detalhes — A Clarke tá com vocês?

A comunicação mundial era precária, eles não tinham mais noção do que acontecia nos distritos, e Clarke só podia estar em um deles

Ela não tá na capital?! — arregalou os olhos com a informação

Não

COMO ASSIM "NÃO"?

Longa história — sua voz falhou e a próxima frase de perdeu —... toda parte, ela não tá aqui

Qual a última vez que você a viu?

O robô começou a pifar ainda mais, o homem o deixou cair no chão para não queimar as mãos e o objeto sofreu uma pequena explosão, nada que machucasse alguém. Raven percebeu que o dispositivo foi desativado — Merda... — voltou o olhar para Luna, as duas estavam ficando sem saída.

A presidente Clarke? Vish... — ele sorriu de leve como se gostasse da notícia, é claro que Lexa sabia o que todos pensariam em uma situação dessas, um golpe de estado, iniciado com a morte

Vamos avançar — Lexa vestiu seu capacete e se levantou, não importa a hora, se era noite ou dia, ela esvaziou o distrito em rumo ao próximo, e agora, mais do que antes, queria derrubar a capital.




Clarke estava indo de encontro a Lexa, no mesmo caminho, ainda corria, se sentia um super herói por conseguir isso, e se arrependia profundamente dessa decisão, de fugir dessa forma, de deixar para trás o que precisava mesmo proteger

Uma luz de lanternas iluminou seu rosto através do visor, a cegando por alguns segundos

HEY! TEM ALGUÉM AQUI — um guarda avançou para cima dela com mais velocidade, ela se rendeu, nessas horas não tinha a menor ideia da onde estava.

Tô rendida — levantou as mãos como deveria — Não atira.. por favor, eu só quero chegar em casa — não percebeu que falou casa, mas seu subconsciente já lidava com isso, Lexa era sua casa.

Os guardas a cercaram, armados, mas alguém entre eles abriu caminho, empurrando-os e afirmando que ela estava na liderança, mesmo de armadura, Clarke reconheceu a voz da sua casa

Ela levantou, sem se importar se estava sobre a mira de 12 fuzis, um tiro de qualquer um poderia abrir um buraco de 15 cm no seu corpo, e isso seria fatal. Ela ignorou a voz daqueles que a mandavam parar, as ameaças, as armas sendo engatilhadas, Lexa estava há metros na sua frente, e também apontava a arma em sua direção. Mas se Clarke fosse morrer, aquela era a hora certa, porque ela não podia parar, seu corpo não a obedeceria, ela só queria um pouco de paz

Hey! Para trás — Lexa mandou, não a reconhecendo com a armadura naquela escuridão, o corpo de Clarke abraçou o dela, os braços passaram pelos ombros e Lexa afastou a arma para um dos lados, não retribuindo a princípio. A confusão de todos era nítida, e ela não estava armada, só parecia um soldado esquisito e carente

Lexa.. — soltou seu nome com um alívio de dar inveja, como se acabasse de completar seus objetivos de vida, realizar todos os seus sonhos.

Abaixem as armas — Lexa ordenou a todos enquanto a abraçava de volta, era meio desconfortável com tudo, não dava para sentir, mas era ela — Por que está aqui?

Não queria soar grosseira, mas soou.

POR QUE EU TO AQUI? AH VAI SE FUDER — Clarke a soltou em um segundo, empurrando-a, como se todo seu amor se tornasse ódio. Na verdade só era a gota da água — EU TE TIREI DAQUELA ARENA

Clarke... — a chamou baixo, agora todo mundo ali sabia quem era ela, e a confirmação fez várias armas voltarem a mira nela

PORRA — arrancou o próprio capacete, soltando o cabelo loiro junto a isso — Você quer mais O QUE? Eu.. — seu ódio diminuiu com a dor que cresceu — Eu não sei mais o que fazer pra te mostrar o quanto eu quero você.

Lexa não sabia demonstrar, nem por onde começar, sabia o que sentia, mas era péssima com palavras, péssima com gestos, péssima com o amor.

Alguém atira logo — Griffin abriu os braços — Foda-se essa porra toda também, eu tô exausta de viver sobre regras rigorosas, vocês não tem ideia do que passei pra aprender a liderar uma nação com pulso firme, e eu NÃO VOU LIDERAR MAIS NADA TAMBÉM — jogou o capacete no chão com todo seu ódio — por que eu também tenho 17 anos, e eu NUNCA QUIS SER UMA LÍDER, só querem me obrigar porque tenho competência

Eu não sei o que você quer ouvir — Lexa puxou o capacete, também soltando o cabelo, era desconfortável demais fazer isso com tantas pessoas olhando e ouvindo junto — Eu nunca amei ninguém.. não do jeito que eu aprendi a amar você

Eu joguei a minha vida e o meu mundo inteiro no lixo por você — Clarke a encarou, chorando — Abandonei a minha família, os meus amigos, a minha garotinha.. podia ter corrido para os braços de qualquer um, mas eu queria os seus — agora o peso da corrida chegou, enfraquecendo tudo

Lexa puxou rapidamente as partes de cima da armadura, arrebentando o que a segurava no lugar e se aproximando, Clarke ficou mansinha com a proximidade, esquecia tudo quando Lexa chegava perto, ela perdoaria qualquer coisa se Lexa continuasse perto. Nem precisava falar nada, era só estar perto.

E ela a abraçou outra vez, um pouco melhor agora, mas foi Lexa quem envolveu seus ombros com os braços, apertando com força, fechando os olhos e desejando entender um pouquinho mais daquela garota tão intensa, as duas eram tão diferentes, de um jeito que talvez, não funcionasse, mas talvez.. funcionasse muito — Por que você é sempre tão radical? Garotas normais me dariam flores, você joga sua coroa no fogo..

Clarke nem enxergava as pessoas em volta, e muito menos se importava — Eu não aguento mais.. eu não quero voltar, eu nunca mais quero voltar.

Lexa concordou, deslizando a mão por sua cabeça e fazendo um cafuné, não precisava, e não tinha muito jeito, mas Clarke adorou — Uma guerra é pior do que você aprendeu

Se é pra todo mundo olhar na minha cara e falar que só faço merda, eu dou meu lugar a eles, quero ver se fazem melhor — apertou o abraço, se sentindo acalmar

Ninguém fará nada melhor do que você.

Duas horas depois, às 7:15 da manhã, uma explosão imensamente monstruosa foi visível em todos os distritos, a nuvem de fumaça formou um cogumelo que respondia a qualquer dúvida.

Becca tirou sua vida por não ser capaz de lidar com o que criou. A.L.I.E jogou uma bomba nuclear no centro da Capital de Panem. Tudo dentro do raio de 10 km do local da explosão foi pulverizado imediatamente, os outros 12 km volta também foram atingidos e afetados. A capital caiu, e os 4 distritos que a cercavam sofreram danos irreversíveis







Luna está desaparecida.

Raven está desaparecida.

Madi está desaparecida.

Gabriel está desaparecido.

Josephine está desaparecida.

Abby está morta.

Jake está morto.

Roan está morto.

Ash está morta.

Maya está morta.

Jasper está morto.

Finn está morto.



E Clarke sabe disso.



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