Prévia de Absolutos: Sinfonia...

RodolfoSalles tarafından

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#10 no ranking de Ficção Científica no dia 28/06/2017 "Os Dançarinos do Destino. Os Sentenciadores da Escurid... Daha Fazla

Nota do autor sobre a Saga dos Absolutos
História para dormir
1. Tatuagens
3. Decifradora

2. Sete chaves

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RodolfoSalles tarafından

Érico não esperou o despertador tocar. Já estava acordado quando a luz de seu ID se acendeu e tocou a versão instrumental de Sweet Dreams (Are Made Of This), outra canção clássica de seu planeta natal. Não conseguia conter a ansiedade por ter encontrado uma Decifradora e por estar a um passo de respostas.

Parou em frente ao espelho e levantou o braço direito, tentando ver se o músculo desenvolvera.

— Nota mental #11: fazer mais exercícios! — disse Érico para seu gravador interno.

Cansou-se de olhar para o corpo magro e vestiu a camisa cinza com a touca caída para trás, depois a calça, prendeu as fivelas das botas confortáveis para caminhada e, por fim, vestiu a jaqueta vermelha preferida, dada por Vexel quando ele completou dezoito anos. A irmã conhecia seu gosto para roupas, ele tinha que admitir. Desceu os olhos para as holofiguras de super-heróis sobre a cômoda. A cadela Laika girava em um movimento de ataque em looping eterno.

— É hoje, Laika! Minha primeira caça ao tesouro! Ou quase isso...

Acima da cômoda, os pôsteres dos caçadores de Relíquias em poses heroicas que enfeitavam as paredes de pedras rejuntadas o abasteceram com mais energia ainda.

Na cozinha, encontrou Vexel já acordada.

— Você nunca vai acordar mais cedo do que eu, Érico — riu a moça, estendendo-lhe o copo. — Agora, bebe isso, vai te dar energia pro resto do dia.

— Ou uma caganeira, como naquela vez com os cogumelos do Vale de Cima — disse Miro, com sua cara de quem odiava acordar cedo. — Nunca mais experimento suas vitaminas nojentas. Da última vez, fiquei cheio de bolhas!

— Medo de tomar esse negócio, Vexel... — disse Érico com uma careta.

— Bebam agora! Enquanto vocês apreciam essa maravilha fitness, eu vou falar com o líder da vila.

Érico tomou um gole da gororoba e quase engasgou. Miro puxou a sua e jogou sobre uma planta em um vaso do canto, recebendo de Érico seu olhar de censura.

— Que foi? As plantas precisam de energia — gargalhou Miro.

Os irmãos partiram após o retorno de Vexel com a permissão do líder de Planalto Castelar, vila onde viviam, que era território dos nobas — espécie semelhante a humanos, mas com corpos revestidos de exoesqueletos, verdadeiras muralhas de resistência. Felizmente, os nobas aceitavam pacificamente a presença de outras espécies em seus territórios, embora os tratassem com rédea curta. Vexel estava acostumada a relatar todos os seus passos aos líderes da comunidade, enquanto Érico e Miro preferiam cuidar de suas vidas sem dar muita satisfação.

Com o mapa ativo em seus olhos, Érico deixou a rota ligada e eles caminharam quase um dia inteiro por tantos lugares de Miesac que ele jamais visitara, que, em certo momento, achou estar em outro planeta. Vales de lama, lixões, planaltos cercados por formações rochosas, abismos onde lixos espaciais e detritos das duas luas eram acumulados pelos limpadores de dejetos espaciais.

— Lembra do seu primeiro emprego como limpador, Érico? — perguntou Vexel, ajustando o zoom de seus olhos digitais para analisar o perímetro pelo qual passavam.

— Prefiro esquecer — respondeu Érico, agradecendo aos astros por ter aprendido a pilotar naves e conseguir um novo emprego de manobrista, embora aquela estivesse longe de ser a profissão de seus sonhos.

Miro reclamou mais da metade do caminho por não poderem pagar transportes que os levassem mais perto do vale, enquanto Vexel tentava entusiasmá-los.

No final do primeiro ciclo diário, eles passaram por um acampamento no Vale da Lua, uma vasta planície entrecortada por fendas e abismos.

— Tomem muito cuidado por essas bandas, moçada — avisou uma das humanas do acampamento, enquanto suas amigas mais jovens davam risinhos tímidos e apontavam para Érico e Miro. Tratava-se de um acampamento apenas de mulheres, as Amazonas Livres, que vinham para a lua competir nas maratonas. A presença de rapazes nas redondezas era sempre um evento singular.

— Pode deixar — Vexel tentou se apressar para tirar logo os meninos dali, mas falhou: Miro já estava perto delas, todo simpático.

— Você é aquele videocaster dono do Videoespaço Miromania? — perguntou uma delas.

— Sou eu, sim — entusiasmou-se o rapaz com todo seu charme, passando a mão nos cabelos enrolados no alto da cabeça e raspados do lado. Por fim, trocou contato com as moças.

Tsc, esse seu irmão, Érico, só pelos astros... — disse Vexel, com os braços cruzados em espera.

Érico não pensava muito em relacionamento, embora já tivesse saído com algumas pessoas apresentadas por Miro. Ver aquelas moças soltando risinhos ao observá-los fez seu rosto esquentar.

Depois que Miro voltou todo risonho, Vexel preferiu acampar o mais longe possível das moças para mantê-lo na linha.

Na manhã do ciclo seguinte, eles progrediram quando as primeiras luzes surgiram entre as duas luas. As informações dos IDs avisaram que era suicídio ficar exposto no Vale da Lua ao cair da noite e Miro não queria descobrir o porquê.

Ao final do segundo ciclo, já exaustos de tanto caminhar, Érico e Miro desabaram no chão enquanto Vexel ria da cara deles.

— Dois molengas mesmo! Acho que esse lugar é bom pra gente passar a noite — disse ela, enquanto suas narinas se moveram, farejando o ar. Supostamente, daquela forma, ela analisava as condições climáticas. Afirmava, inclusive, ser capaz de saber se ganharia ou não uma corrida pelo cheiro do suor das adversárias. Óbvio que se tratava de uma de suas loucuras.

Acomodaram-se sob pedras de formações engraçadas. Algumas lembravam bichos e outras formas geométricas precisas. Érico e Miro acenderam uma fogueira após juntarem pedaços de madeira e Vexel voltou com um filhote de cervonaut — espécie de roedor com pelagem listrada e rabo escamoso — abatido sobre os ombros. O bicho serviria de carne assada para se alimentarem.

— Por sua culpa, vou ter que sair da minha dieta e comer essas porcarias. — Vexel fulminou Érico com os olhos, tratando a carne como se fosse um monstro pronto para devorá-la.

Érico e Miro não conseguiram evitar os risos. Vexel girou a carne em um espeto acima da fogueira. Quando notou que estava bem assada, repartiu e os serviu.

— Só assim pra gente comer no mesmo cômodo, né? — observou Érico.

— Na mesma formação rochosa, você quer dizer. — Miro olhou para o céu.

Logo, os três estavam fitando as luzes das civilizações de Luna I e II orbitando o céu como estrelas.

— Ow, vamos cair fora desse lugar algum dia, né? Esse Universo é grande demais pra gente ficar só nessa lua chata — perguntou Érico, com um sorriso sonhador.

— Vamos! — disse Vexel.

— Podemos ir, embora eu não odeie Miesac tanto quanto vocês — disse Miro.

— É uma promessa — declarou Érico. — Vexel, você vai ser uma corredora mega famosa. Miro vai ser um videocaster em um mundo civilizado! E eu vou ser um hacker numa equipe de caçadores.

Os irmãos concordaram, mais para ele parar de encher o saco do que por compartilhar de sua vontade. A verdade é que eles já estavam satisfeitos com suas vidas. Érico é que ambicionava mais. Muito mais.

...

Ao amanhecer do novo dia, eles continuaram a caminhada que parecia interminável. Foram necessárias mais três horas para enxergarem seu destino. Vexel parou diante de uma parede tão vertical, que seria impossível continuar subindo. Só restava a eles se desviarem pelo abismo ao lado.

— ID, fale sobre esse lugar — pediu Miro.

— Cânion das Almas: no passado, duas civilizações prósperas guerrearam entre si pelo rio de águas puras que os separava no centro do cânion. De tão avançadas, nada sobrou de sua batalha, a não ser ruínas às margens do rio — disse a voz sedutora de uma mulher, configuração escolhida a dedo por Miro.

Sem opção, o trio começou a descer pelas rochas pontiagudas saltadas como espinhos do paredão escarpado. Érico encaixou um pé depois do outro nas rochas, tomando todo o cuidado possível. Despencar significava morte certa. O vento os golpeou e cada instrução de Vexel para que tomassem cuidado ecoava como uma trovoada distante.

Após descerem alguns metros, eles conseguiram pisar sobre uma superfície rochosa segura em forma de estrada curta, por onde seguiram encostados pela parede. Deram a volta pelo grande paredão, até alcançarem o outro lado.

Por fim, eles contemplaram o cânion: de um lado, erguia-se um conjunto de prédios piramidais esburacados, esculpidos em rochas. Do outro, mansões modeladas sobre metal antigo que devia ter sido trazido de longe por construtores ancestrais.

— Bom, pelo menos agora, sabemos que um dia existiu civilização nesse fim de Universo — disse Érico, tentando quebrar o clima silencioso e sinistro daquele local desabitado.

Eles caminharam por uma estrada à beira do rio que os levou à Fortaleza de Aplot, construída antes das duas civilizações nascerem aos seus arredores. A construção tomava todo o paredão, fechando o cânion. Érico se empolgou ao imaginar possíveis tesouros escondidos ali, sentindo-se um pleno caçador de Relíquias.

Subiram a enorme escadaria de acesso aos portões da fortaleza, onde precisaram juntar forças para empurrá-los e conseguir acesso. No interior, Érico se sentiu uma formiga diante dos pilares de quase trinta metros. A fortificação tinha cores desgastadas pelo tempo.

Vexel parou por alguns instantes e admirou os desenhos em uma das paredes enquanto enrolava um cachinho de cabelo nos dedos, ação que realizava sempre que estava pensativa ou concentrada.

— Runas valtares... esse lugar foi habitado por uma das espécies mais antigas do Universo — reconheceu ela, fascinada.

— Valtares não são os criadores daquele império de Majoris? — perguntou Érico, relembrando dos cursos online de História Universal que Vexel o forçava a frequentar. Ela vivia dizendo que, sem estudos, nem um caçador vagaba ele conseguiria ser, e tinha razão nessa parte.

— São eles mesmos — respondeu Vexel.

— Império Majoris? — perguntou Miro, aproximando-se.

— Tá vendo? Isso que dá não frequentar os cursos online das Casas de Sabedoria — apontou Vexel. Érico soltou uma gargalhada enquanto Miro corou.

— Deixa de chatice e explica logo! Eu não lembro quase nada dessa parada aí.

— Aiai, só você mesmo, Miro. Os humanos passaram milênios acreditando que não existia vida inteligente fora da Terra por causa do Império de Majoris — explicou Érico. — Mesmo as ondas de rádio que enviavam ou os telescópios ultrapotentes, capazes de alcançar anos-luz pelo Universo, não conseguiam encontrar sinais de outras vidas. Isso aconteceu porque nós tínhamos sido enganados o tempo todo.

— Pelos tais Majoris? — perguntou Miro.

— Sério mesmo que você não se lembra de um evento histórico tão importante como esse, Miro? Que vergonha — disse Vexel.

— Cala a boca, maninha. Continua, gigante.

— Bom, no passado, existia a Lei de Majoris, criada pra preservar o Universo de espécies que eles consideravam inferiores, como nós, humanos — contou Érico. — Com a tecnologia avançada deles, foi criada uma espécie de barreira na atmosfera da Terra que nos impedia de ver a verdade. Eram uma versão mais antiga do que temos hoje como Realidade Aumentada. Eles usavam uma grande simulação e escolhiam exatamente o que podíamos enxergar. Coisa de louco esses caras.

— Imagina quantas bilhares de pessoas não morreram acreditando serem incapazes de alcançar outros planetas. E também naquela mentirada de viagem à Lua terrestre. Aí, você que tem acesso a toda essa informação, não dá valor — atacou Vexel, inconformada.

— Você acordou inspirada pra me encher hoje, hein, Vexel? Relaxa, eu lembrei dessa papagaiada aí (mais ou menos). Esses caras até tinham uma base na Lua pra manter a atmosfera enganando a gente com as imagens falsas, não era? E depois que esse império caiu, as informações foram liberadas e começou a Era de viagens espaciais como a gente conhece, não foi isso?

— Isso mesmo — Érico riu.

— E aí os humanos e as outras espécies se espalharam por todo o Universo. — Miro sorriu com orgulho.

— Depois de tanta explicação do Érico, se você não soubesse isso por dedução, eu te internava por demência — bufou Vexel, voltando a caminhar. Para ela, as pessoas precisavam se atentar à educação em primeiro lugar, caso contrário não sobreviveriam no Universo. Miro conseguiu tirá-la do sério com sua ignorância.

Após horas explorando os cômodos da fortaleza — um labirinto de salões, corredores e pátios vazios —, eles voltaram para o salão principal sem sinal da Decifradora.

— Esse lugar já deve ter sido saqueado por caçadores antes. Não deixaram nada pra contar história — disse Érico, sentado em um degrau da escadaria.

— Bom, não encontramos a tal Decifradora. E agora? — perguntou Vexel.

— É, não encontramos na nossa realidade. — Érico se levantou e ativou o olho virtual, escaneando seu campo de visão. Caminhou pelos corredores com o olho ligado, bombardeado por informações referentes à construção da fortaleza, composição dos materiais usados para erguerem as paredes, datas de invasões, batalhas, reformas, mortes de habitantes, histórias de famílias e centenas de outros atributos que não o interessavam.

No final de um longo corredor, ele encontrou a porta de vidro que dava para uma estufa de plantas mortas. Quando escaneada, ela revelou outra, virtual como a ômicron de dias atrás.

— Fractal — concluiu Miro. Vexel respondeu com uma careta de dúvida. — Fractal é uma porta de sete trancas criptografadas, uma das mais difíceis de serem abertas. Parece que você não é a sabe-tudo que parece, né, maninha? — zombou Miro.

— Não sei se consigo decriptar uma dessas — disse Érico, encarando-a de braços cruzados. — Ela é uma porta de destruição. Ou seja, se eu errar um código, ela desaparece e nunca mais consigo encontrar.

— Então, com certeza, a Decifradora tá em uma realidade virtual aí dentro. — Sorriu Miro, aproximando-se com seus olhos virtuais ligados.

Érico se lembrou do link deixado por Neo Tyson, para que ele utilizasse apenas quando encontrasse a porta. Baixou-o, e, de repente, notou seu ID ser tomado por uma coloração branca.

— Protocolo Branco — concluiu ele, espantado.

— O que é isso?

— É o nível máximo de uma hierarquia hacker dentro da Irmandade! Eles me concederam tais habilidades... devem confiar mesmo em mim! Basicamente, graças a eles, tenho acesso a todas as habilidades, softwares e apps de um hacker... limitadas a um período determinado de tempo.

— Ou seja: a Irmandade quer que você encontre a Decifradora. Eles estão mesmo te testando — comemorou Miro.

— Não vou decepcioná-los, então. — Érico sorriu, confiante, aproveitando as novas habilidades para iniciar downloads de dezenas de decriptadores avançados aos quais tinha acesso.

Aquele não era só um desafio capaz de levá-lo a revelações sobre si, mas também seu teste final para se tornar um hacker legítimo e, quem sabe, ser aceito dentro da maior organização hacker já criada! Se vencesse o desafio, suas chances aumentariam exponencialmente.

Após se equipar com um verdadeiro arsenal de hackeamento, Érico pediu que os irmãos deixassem a sala. Precisava de silencio e concentração extrema para realizar a tarefa.

E então começou.

Expandiu seu espaço virtual e rodou um software de ataque contra a primeira trava. A porta exigia o vocabulário valtares, com seus dois alfabetos sincrônicos colocados um sobre o outro para serem entendidos em sua totalidade. A espécie usava letras de alfabetos combinados para criar frases que funcionavam como grandes anagramas. Para desvendá-los, só com softwares de tradução linguística. Felizmente, Érico tinha acesso a um programa diferente para cada uma das espécies, disponibilizando traduções automáticas para seu ID.

Os alfabetos valtares se cruzaram. Érico desvendou o primeiro enigma, detectando a frase como: "Viveremos além das estrelas". A primeira trava se abriu. A segunda e terceira foram mais fáceis do que ela, com dois códigos de guerra majorianos a serem desvendados. A quarta trava era um dito popular no idioma parabolar, descoberto por Érico graças a um app de mapeamento de memória cultural ancestral.

A quinta trava consumiu quase três horas de sua total concentração dentro do tempo virtual. Tratava-se de um mosaico multilinguístico que precisou de quatro softwares de decriptação, mais um tradutor aritmético de operações avançadas e um decodificador de runas em um idioma que ele nem sabia existir.

A sexta trava foi a mais simples, ainda que tivesse um contador de tempo decrescente que despertaria o nervosismo de qualquer amador. Para quebrá-la, foi necessário ativar três apps de chaves mestras dentro de um software de sincronização de chaves para criar o código de acesso correto.

Érico conseguiu acesso faltando quatro segundos para o contador chegar ao zero. Um desvio sequer e não teria sucesso.

De tempo em tempo, os irmãos espiavam pela porta atrás dele para ver se havia terminado. Suas costas, joelhos e pescoço latejavam, clamando por descanso, mas só faltava uma trava. Ele já tinha perdido a noção do tempo dentro das maravilhas proporcionadas pelo Protocolo Branco. E pensar que um dia — se viesse a se tornar um hacker de verdade — teria acesso a todas aquelas habilidades e muitas outras por tempo indeterminado. Não era à toa que hackers Brancos eram temidos e caçados por todo o Universo como os mais perigosos.

Devia estar ali há quase sete horas, já imaginando que a sétima trava seria ainda pior.

Não estava errado.

Decriptar a última exigia o trabalho sincronizado de sete programas para vencer quatro firewalls, dois salões de vírus — capazes de contaminar o ID e, por consequência, a mente do usuário — e um app de tentativa e erro. Este último consistia em uma ferramenta que desfazia a última ação antes de o sistema detectar o erro, impedindo, assim, que este fosse fatal e anulasse a porta. Um app raro e que só podia ser usado uma vez dentro de um ID, mesmo de um hacker Branco. Após seu uso, apagava-se para sempre do registro. Érico o guardou para o final de propósito.

Horas depois, ainda imerso em tentativas e erros, ele se deu por vencido. O labirinto parecia não ter fim, quase intransponível. Cada curva gerava um novo enigma que exigia o uso de novos softwares, o que consumia suas energias.

A exaustão dominou cada junta de seu corpo. Não havia escapatória.

Uma mão repousou em seu ombro. Miro surgiu ao lado dele.

— Você é orgulhoso mesmo, né, gigante? Compartilha aê sua visão.

Sem opções, Érico obedeceu. Miro conseguiu enxergar o labirinto que, de tempos em tempos, mudava de forma e exigia um novo mapeamento, desencadeando dezenas de novos enigmas a serem desvendados para progredir.

— Certo. Por mais que eu não seja um hacker, já conversei com muitos do meio. Isso tá me parecendo um vírus autorregenerativo da Classe Labirinto. Rode as defesas antivirais com os softwares de chave mestra ativos. Se tudo der certo, a eliminação do vírus vai gerar um código de abertura direto pra chave.

Érico fez uma careta incrédula, mas obedeceu. Após ativar o antivírus, o labirinto se desfez e uma nova chave surgiu. A porta apareceu em sua frente, e, sem hesitar, ele rodou a chave.

Ela se abriu.

Érico soltou um suspiro de alívio, recebendo alguns tapinhas de Miro em seu ombro.

— Nessas horas, fala comigo. Posso ser uma anta pra História, mas entendo de uma coisinha ou outra virtual — disse o irmão, convencido. — Caçadores de Relíquias trabalham em equipe, gigante, isso é um detalhe que você tem que aprender desde agora se quiser ser um deles.

Érico riu, esfregando os olhos ardidos de cansaço. Ele nunca tinha passado tanto tempo dentro do espaço virtual. Quando desligou a ferramenta, a noção do tempo real demorou a se estabilizar, como se tudo à sua volta estivesse em um ritmo lento. Notou que havia perdido as habilidades do Protocolo Branco após o uso ininterrupto, retomando às de um hacker comum. A sensação lhe trouxe um pequeno vazio.

— Érico, você tá bem? Foram quase dez horas na frente dessa porta. Eu já tava quase desconectando você — disse Vexel.

— Deu certo, graças ao Miro. A porta se abriu — disse ele com um sorriso cansado.

Em seguida, ele compartilhou seu olho virtual com os irmãos. Eles seriam capazes de ver o mesmo que ele dali em diante. Os três adentraram a Realidade Aumentada da Decifradora.


...


Olá, leitores. Este livro é uma prévia. Para lê-lo na íntegra, adquira no site da Amazon através do link: https://amzn.to/2LZYz4O ou buscar por Absolutos: Sinfonia da Destruição. Obrigado a todos.

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