Um Inquilino e Meio

guqpjm tarafından

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[EM ANDAMENTO] [EM REVISÃO, ESTÁ SUJEITA A ERROS] Jimin se vê atolado de dívidas depois que o dinheiro que su... Daha Fazla

Apresentações
[1] Dívidas.
[2] Soluções.
[3] Reforma.
[4] Mudança.
[5] Lar.
[6] Amigos.
[7] Proteção.
[8] Jeon's.
[9] Sol.
[10] Invasão.
[11] Ciúmes?!
[12] Promessa.
[13] Próximos.
[14] Próximo passo.
[15] Depois.
[16] Fazenda.
[17] Frutas.
[18] Me conte.
[19] Eu e você.
[20] Você merece.
[21] Cuidar de você.
[22] Recomeçar.
[24] Importância.
[25] Barracas.
[26] Sem bandanas.
[27] Único.
[28] Aprendizados.
[29] Aniversário?
[30] Ãn?
[31] Meu tchan.
[32] Um chuchu que colhi na vida.
[33] Futuro.
[34] Amor e seus significados.
[35] Novas sensações.
[36] Como quiser.
[37] Primeira vez.
[38] Fizemos amor!
[39] Abacaxi.
[40] De mentirinha.
[41] Descobertas. 2
[42] Ciclos.
PRÉ VENDA DE UIM!

[23] (re)começo.

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guqpjm tarafından


#GarotoDasBandanas📽

Jungkook franziu as sobrancelhas quando ouviu aquela palavra sair da boca de Jimin tão de repente. Deixou que seus olhos caíssem sobre o peito do mais velho, o local que mais lhe chamou a atenção naquele momento. Não porque aquela parte do corpo de Jimin era extremamente linda e atraente, mas porque ele respirava tão rápido, que seu peito subia e descia de maneira contínua, chegando a causar preocupação no garoto.

O impacto que aquela frase causou ao mais velho, foi muito maior do que em Jungkook, porque o inquilino não sabia exatamente sobre o que se tratava, mas Jimin sim.

Recomeço.

Eles iriam recomeçar o que exatamente?

Jeon apertou Mike em seus braços, e com a voz cheia de dúvida e medo, perguntou:

— E por que você me deixou aqui fora junto com o Mike, hyung?

Sem desviar o olhar das lumes brilhantes de Jeon, Jimin soltou um sorriso nervoso antes de responder:

— Eu quero recomeçar. Eu vou fechar a porta, e quando abri -la novamente, estaremos recomeçando.

Jungkook assentiu com a cabeça, ainda sem entender realmente o quão importante aquilo era para a relação deles. Achou que Jimin estivesse sobrecarregado e precisasse disso para se sentir melhor.

E, bom...Jimin já o conhecia bem o suficiente para ler sua confissão através do biquinho nos lábios, as sobrancelhas torcidas, e a cabeça tombada para o lado.

— Jungkook, estou dizendo que quero deixar todo o passado para trás. O Jimin que um dia te deixou triste, não vai mais existir. Vamos começar do zero?

— Hyung, como assim?

Jimin percebeu receio no tom de voz do garoto, a maneira que Kook apertava sua pelúcia nos braços, denunciava que provavelmente ele não tinha entendido. Recordou-se de quando Jungkook lhe disse que não gostava de sair da rotina, talvez devesse deixar seu medo de lado e deixar as coisas um pouco mais claras.

Deu um passo para frente, e segurou os dois lados do rosto do dele.

— Quero que o começo da nossa história seja diferente. Podemos começar a contar a partir do momento que você entrar dentro da nossa casa? Como se fosse a primeira vez.

— Como se fosse a primeira vez? - Os olhos brilhavam em expectativa, e a feição antes confusa, deu lugar a uma extremamente feliz. Jungkook sorriu ao escutar Jimin dizer "nossa história."

— Entende o que quero dizer com isso? Imagino que você esteja confuso agora, então apenas confie em mim. Recomeçar do zero não quer dizer que vamos voltar a ser dois estranhos, só preciso me livrar desse peso que carrego toda vez que olho pra você. Quero me perdoar por te tratar tão mal no passado, só assim vou conseguir avançar. - As palavras tão sinceras que saíram da boca dele, deixaram Jeon sem qualquer reação a não ser um acenar com a cabeça e um sorriso de lado. — Podemos passar uma borracha nisso e começar a escrever uma nova história?

Tudo ainda era tão novo para Jeon. Ele sentia que mesmo que anos se passassem, Jimin ainda teria todo o controle da situação, e ter Park ali, tão próximo falando sobre recomeço e um próximo passo - este que deixou Kook ansioso - era inacreditável.

Assentiu mais uma vez. Jimin tinha a respiração descompassada, engolia em seco e tentava não pensar muito.

Era tão bom fazer aquilo que seu coração mandava. E mesmo com todo aquele nervosismo, não queria voltar atrás, estava feliz por finalmente achar uma solução para aquilo que tanto lhe incomodava.

— Hyung, me desculpa por aquela vez que eu disse que só eu fazia algo pra nossa amizade fluir. Ver o quanto você cuida de cada detalhe, me faz querer chorar.

Com os olhinhos encharcados, Kook chegou mais perto e esfregou os narizes, e em seguida, deixou um selar longo e molhado nos lábios alheios.

Jimin arregalou os olhos pela surpresa, antes de cair na real e efechá-los para enfim, se render a aquele selar tão significativo e intenso, ainda que simples. Teve que se afastar quando sentiu Jungkook tentar aprofundar o beijo, colocando timidamente sua língua para fora e abrindo a boca para que Jimin fizesse o mesmo.

O inquilino bufou. Poxa, só mais alguns minutinhos!

— Por que não tá colocando sua língua, hyung? ‐ A naturalidade de sua fala arrancou uma gargalhada do outro.

— Controla essa língua nervosa aí.

— Você não gosta mais de chupar minha língua?

O rosto de Jimin ficou vermelho quase que instantaneamente. Jungkook sempre soltava uma dessas como se não fosse nada, e não se envergonhava ou se arrependia depois, pelo contrário, seus grandes olhos sempre buscavam os de Park, um mínimo biquinho habitava nos lábios alheios esperando por uma resposta, como se a pergunta feita tivesse sido muito séria.

Ele nem se dava conta do que estava perguntando.

— Gosto. Mas você quer fazer isso aqui fora e na presença do seu filho? - Argumentou.

Como se tivesse acabado de cair na real, Jeon afastou -se subitamente, em um ato rápido e afobado. Em seguida, fez um esforço para tapar o único olho de Mike, com medo do filho ver aquela "safadeza" que estava prestes a fazer ‐ isso se Jimin tivesse aceitado chupar sua língua.

Oras, agora Jimin estava lhe ensinando a como cuidar do Mike?

— Vamos fazer isso, depois eu chupo sua língua, pode ser? - Park sorriu grande, fazendo com que seus olhos se tornassem apenas duas linhas retas. O dente tortinho aparecendo, arrancou um sorriso sincero de Jeon.

Aquele sorriso poderia iluminar até as trevas mais escuras.

Lembrou -se da vez que seu hyung usou aquilo como argumento.

"Eu tenho um dente da frente torto, você acha meu sorriso feio por causa disso?"

Ah...

Graças a aquele hyung ‐ e aos outros também -, ele conseguiu aceitar seu sorriso, uma insegurança que adquiriu com o tempo, mas que acabou com o tempo também. Era bom sorrir sem medo, sem ter que cobrir a boca com a mão por conta da vergonha. Ainda que a insegurança batesse na porta quando via alguém com os dentes alinhados e diferente dos seus que eram iguais aos de um coelho, estava lidando com aquilo.

Estava indo bem.

— O Mike vai entender, ele torce pela gente.

— Não confio nele, não. Ele fala mal de mim pelas costas, vai usar isso como argumento por causa do pai dele que não consegue ficar sem chupar minha língua.

— Não fala assim, hyung. Me sinto uma pessoa da mente suja. - Bateu os pés no chão, mas a vermelhidão tomou conta do seu rosto.

— Mas você que começou com essa conversa sobre chupar língua. - Defendeu-se.

— Mas você que chupou minha língua primeiro! - Rebateu. — Não estou querendo que chupe minha língua porque quero. Eu só sou curioso, entendeu? Já que lá no lago você fez isso e foi algo novo pra mim, tenho algumas dúvidas que só serão respondidas na prática, Ji.

Jimin diria que aquilo era pura conversa e cinismo, mas conhecendo Jungkook, aquele belo curioso, aquilo tinha grandes chances de ser verdade - ainda que ele se aproveitasse do coração mole de Park. Tudo se confirmou quando Kook colocou sua própria língua para fora e passou a tocá-la como se tivesse a tocando pela primeira vez. Os olhos curiosos e atentos, as sobrancelhas franzidas e os dedinhos grandes resvalando sobre os dentinhos, aquela cena era tão fofa que Park pensou que fosse explodir de amor.

Quis perguntar o que era aquilo, mas ao invés de questionar, deixou que o garoto terminasse de fazer o que quer que estivesse tentando fazer naquele momento.

Esperou pacientemente com os braços cruzados e um sorriso mínimo nos lábios. Foi impossível controlar uma gargalhada quando Jeon teve que colocar a língua para dentro de novo, porque estava quase babando ali mesmo.

— Hyung, você não acha estranho isso de colocar a língua na boca de outra pessoa? Ouvi dizer que tem mais de cem bactérias aqui.

— Se ficar pensando tanto nisso, você vai achar muitas coisas estranhas. - Escorou-se na parede, sabendo que se dependesse do mais novo, aquela conversa ia longe.

— Tipo o quê?

— Tipo: tem gente que coloca a língua em outros lugares. Acredite, a língua não é a coisa mais estranha que as pessoas chupam.

— Então o que é?

— Porra, por que a gente ta conversando s-sobre isso do do nada?

Seu gaguejar denunciou a mentira assim que ela saiu de seus lábios. Jeon, não aceitando ficar para trás, estreitou os olhos e soltou um murmúrio baixinho em sinal de descontentamento. Jimin fechou os olhos com força quando viu o menino com os olhos enormes lhe fitando seriamente, esperando por uma resposta.

Porra.

Sempre se esquecia que Jeon era daquele jeito, estava acostumado a ter esse tipo de conversa com os meninos, e quando se dava conta, já tinha dito besteiras, como essa.

Mais tarde colocaria a culpa em Yoongi.

— Mentir é feio, hyung.

— Não lembra do que seu pai falou? É uma mentira boa!

— Como isso pode ser uma mentira boa? ‐ Bateu um dos pés no chão, indignado. —Estou curioso, Ji. Você pode me dizer.

O loiro suspirou alto, negando com a cabeça.

Quando foi que o recomeço deles acabou em um assunto sobre boquete?

— Você vai ficar com vergonha se eu falar.

— Então me mostra!

— Não! Caralho, tá ficando louco?

— Por favor! Por favor! Por favor, hyung! - A última fala foi proferida de maneira tão manhosa, que Jimin teve que se controlar para não acabar caindo nos encantos daquele garoto.

Quis morder aquelas bochechas até que sanasse sua vontade de esmaga-lo.

Era tão fofo que deixava Park inconformado.

E o pior de tudo: Jeon não fazia de propósito, aquele era seu jeito. Tanto as pequenas provocações quanto os questionamentos que pareciam ser intencionais, saíam de forma natural, Jungkook não fazia de propósito.

— Porra, garoto. Tô tentando fazer um bagulho legalzinho aqui com aquele papo de recomeço, e você vem me perguntar uma coisa dessa?

— Você fica escondendo as coisas de mim. - Ele fez um biquinho ao usar aquele tom acusatório. E, ao ver que Park não parecia disposto a lhe contar o que era a tal coisa estranha que as pessoas chupavam, deu de ombros antes de completar: — Eu vou procurar lá na internet depois.

Park olhou para cima e colocou uma das mãos na cintura, como se estivesse pedindo ajuda. Suspirou alto, depois levou dois de seus dedos até suas têmporas, massageando aquele local ao mesmo tempo em que fazia uma falsa cara de dor.

Escorou-se na parede quando obteve a atenção de Kook, este que lhe olhava com atenção e preocupação. Caminhou até Park, e puxou a cabeça dele para cima, tentando a todo custo ler o que ele estava sentindo.

— Hyung, você está bem? - A resposta não veio, ao invés disso, Jimin forçou-se a olhar para o rosto de Jeon, os olhos alheios quase saindo para fora de tão arregalados, sorriu vitorioso quando viu que seu plano estava dando certo. A essa altura, Jungkook tinha até se esquecido do que conversavam antes, sua preocupação era maior do que a curiosidade.

— Não sei, depois que você disse que ia pesquisar, me deu um...ai, como dói! ‐ Encostou a cabeça do ombro dele, e ficou ali em silêncio, tentando conter o riso quando notou Jungkook encostar os dedinhos grandes em sua cintura com dificuldade por estar segurando Mike.

— Hyung! Desculpe, eu não vou pesquisar! - O tom de desespero era evidente. Jimin estava no mesmo desespero quando pensou na possibilidade de explicar sua fala para o menino, então estavam quites.

— E nem vai me perguntar sobre isso?

— Não, é sério! Não vou, hyung!

— Neste caso... - Levantou como se nada tivesse acontecido. E teve a ousadia de arrumar o cabelo e desfazer a expressão de dor bem na frente de Kook, que lhe olhou com um ponto de interrogação bem grande grudado na testa. — Estou melhor, obrigado.

— Eu fiquei preocupado, hyung. - Deixou um soco fraco no peito dele. — Não faz assim.

— Eu aprendi a fazer drama com você. - Riu soprado. - Talvez dramático não seja a palavra certa...manhoso? Sim. Podemos utilizar essa.

Um sorriso grande de Jimin já era motivo suficiente para Goo rir também. E, naquele momento, o loiro lhe mostrava a melhor gargalhada do mundo. O moreninho não entendeu o que tinha tanta graça em chamá-lo de manhoso, mas desfez sua carranca e sorriu junto, gargalhou junto, e chorou de rir junto ao Jimin.

Estavam felizes, esse era o motivo de tantas risadas. De vez em quando precisavam daquele momento.

Aquela felicidade que passaram tanto tempo almejando, finalmente estava bem ali.

Quando os risos cessaram, Jimin puxou Goo para um selar rápido, seguido de um esfregar de narizes. Algo deles que já era deles.

A ideia de Park era dar apenas mais uma bitoquinha em Kook e se afastar, mas quando Kook lhe olhou com aqueles olhos pidões e pediu para que ele desse outro, outro, e outro, a situação acabou fugindo do seu controle porque não conseguiu resistir aquela voz manhosa e aqueles lábios finos e tão beijáveis. Foram vários selinhos, um atrás do outro, o único barulho que se ouvia era das beijocas barulhentas que eles davam.

— Vamos fazer como eu disse? Aceita recomeçar comigo, Kook? - Perguntou assim que conseguiu se afastar.

Kook lhe deu outro selinho antes de responder:

— Tudo bem, hyung. Eu e o Mike aceitamos recomeçar com você!

Park se afastou e, ainda sustentando um sorriso no rosto, entrou para dentro da casa e fechou a porta em câmera lenta, Kook ficou fazendo um tchauzinho com a mão, até que a porta estivesse completamente fechada.

O loiro suspirou.

Era a hora do recomeço, e com recomeçar, estava querendo dizer que deixaria Jeon saber de tudo, contaria tudo que guardou para si. Sobre seu passado, seus gostos musicais, seus filmes preferidos, e sobre a morte de sua mãe.

Aquele recomeço seria necessário, ainda que difícil.

— Está pronto, Kook? - Gritou para que o outro conseguisse ouvir.

— Estamos prontos, hyung. - Gritou lá de fora. — Abra-te sésamo!

Sentindo o coração esmurrar seu peito de tão forte que estava batendo, as mãos suarem e a respiração oscilar em antecipação, Jimin procurava coragem para abrir a porta. Ela veio aos poucos, sentia-se preparado para aquela nova fase, mas estava tão ansioso, que deixou Jeon esperando do lado de fora por cinco minutos inteiros.

Ele já começava a achar que tudo aquilo não passava de uma brincadeira de Park, e que aquele papo de recomeço era apenas uma cilada para colocá-lo para fora.

Aquele hyung devia estar brincando com sua cara!

Tinha cara de palhaço?

Não era só porque seu nariz ficava vermelho de vergonha ás vezes, que era um palhaço!

Pensou em abrir a porta, porque analisou por dentro do buraco, que Jimin não tinha chaveado. Mas assim que fez menção em abrir, ele ouviu Jimin gritar que estava abrindo. Rapidamente, se posicionou na frente da porta, e segurou Mike um pouco mais forte nos braços, aguardando ansiosamente.

A porta foi aberta, revelando a imagem do seu hyung bem ali, lhe encarando com tanta intensidade, que ele se sentiu indefeso naquele momento, sem saber o que fazer.

— Oi, hyung! Sou eu, seu inquilino. - Fez uma reverência, apresentando-se como se os dois ainda não se conhecessem. Jimin sorriu contido.

— Oi, Kook. Quem é esse no seu braço? - Aprontou para a pelúcia em seus braços, assim como fez quando se conheceram.

Sorriu grande, as pequenas ruguinhas se formando no canto de seus olhos, ao mesmo tempo em que os dentinhos da frente ficavam em evidência.

— É o meu filho, hyung. Ele vai morar com você também.

— Então eu tenho um inquilino e meio? Devo cobrar o valor de dois? - Questionou.

Sem continuar com aquela cena, Jungkook avançou sobre Jimin, o envolvendo em um abraço forte que foi retribuído imediatamente. Mike também fez parte do abraço, ficou entre os dois, aquilo foi importante em níveis absurdos para Jeon. Sentia todo o - pequeno- vazio que ainda habitava em seu peito por causa de tudo que já tinha passado, sendo preenchido novamente.

Aquilo foi tão nostálgico, como se fosse a primeira vez.

A diferença era que, agora, o sentimento era recíproco. E por esse lance ser novo para Park, ele sentia emoções com muito mais intensidade do que Kook.

Se Jeon estava feliz, ele estava mil vezes mais.

Os corações batiam em sincronia agora.

Só eles dois entendiam o significado e a profundidade daquele simples recomeço.

Não se tratava apenas de fechar e abrir a porta da casa, se tratava de abrir as portas do coração, de permitir que Jeon fizesse morada, de conseguir deixar alguém entrar dentro de seu coração. Esse alguém era Kook, o garoto que Jimin quase jurou que não gostava, aquele taxado de "garoto perseguição" por ele, aquele menino que tentou de todas as formas obter sua atenção.

Aquele que, mesmo sendo maltratado por Park, aceitou ajudá-lo com suas dívidas, sem ter certeza de nada, com medo, com vergonha, mas feliz, feliz por ajudá-lo, feliz por ver uma pequena brecha que talvez pudesse resultar em algo bom.

Aquele era seu garoto, que tinha o coração tão puro a ponto de sempre esperar o melhor das pessoas, mesmo já tendo conhecimento do quão ruim elas poderiam ser.

Sim, era por esse Jungkook que estava perdidamente apaixonado.

— Recomeçamos...- Jimin mais para si mesmo, aliviado. - Recomeçamos.

— Sim, hyung. Nosso recomeço.

— Nosso recomeço. - Repetiu.

Eles caminharam igual patinhos abraçados, e Jimin aproveitou para fechar a porta com o pé.

Ficaram na sala, ainda de pé e sem deixar de se abraçar.

— Será que você faz ideia do quanto me faz bem, hyung? - A voz chorosa de Jungkook chegou até os ouvidos de Park. O loiro molhou os lábios, escondendo o rosto da curvatura do pescoço do moreninho, onde deixou uma fungada.

— Eu faço? - Perguntou, realmente desacreditado. — Eu faço bem pra alguém? Isso me parece tão impossível, não consigo acreditar.

— Por que não? Ter você por perto me faz bem. Não me lembro de sorrir tanto como estou sorrindo esses dias.

— Você sempre sorria, Jeon. Sempre estava com um sorriso no rosto. - Recordou, e o outro assentiu com a cabeça, sabendo que Jimin não tinha entendido o que ele quis dizer com "sorrir."

— Mas dessa vez é um sorriso sincero, hyung, porque estou feliz, não porque estou tentando esconder minha angústia. Agora que tenho você, não preciso mais fingir, não quero mais fingir.

— Obrigado, obrigado por não fingir, sério, obrigado. Eu quero saber sobre tudo, quero que confie em mim para falar sobre qualquer coisa. Se você quiser chorar, eu vou ser seu ombro amigo, nós vamos chorar juntos. Se quiser rir, vamos sorrir juntos também. - Afastou-se, ficando cara a cara com o menino, que agora mordia os lábios tentando afastar a vontade imensa que estava de chorar. — E se precisar de um abraço, pode me abraçar. Quero ser esse tipo de pessoa pra você.

— Você é, hyung. Você é meu porto seguro. - Encostou as testas. — Meu refúgio, minha casa...

— É tão bom ouvir isso de você. Porque você significa a mesma coisa pra mim.

Jeon o fitou com cuidado, tentando achar algum vestígio de arrependimento, porque conhecia Park o suficiente para saber que às vezes as palavras fugiam de seu controle, e ele arrependia-se imediatamente. Mas aquele não era o caso, não encontrou nada além de sinceridade, o loiro fez questão de deixar isso bem claro ao selar seus lábios com cuidado e calma. Tentou transmitir através do beijo, tudo aquilo que não era capaz de transmitir através de palavras.

Não havia malícia ou pressa, ninguém tentou aprofundar o beijo dessa vez. Aquele simples contato foi o suficiente para deixá-los eufóricos.

— Você também é minha casa, docinho.

— Pode repetir isso?

— Você é minha casa, Kook. - Afirmou. - Minha casa. - Repetiu mais uma vez para que Jeon não esquecesse. — O Mike vai morrer de diabetes. - Sorriu, mudando de assunto.

Aquela melosidade toda não era seu perfil...isso, claro, antes de Jungkook.

Tomou a pelúcia da mão do outro, e fez contato visual com Mike, olhando bem a fundo em seu único olho.

— Olha, Mike...eu sei que você não me curte muito, eu compartilho da mesma opinião, acredite. - O comentário levou Kook a deixar um soquinho fraco no ombro de dele. Ele sorriu, porque aquilo tinha sido apenas para provocá-lo. — Mas vamos fazer um esforço, tá bem? - Continuou. — Desculpe por aquele dia que eu te joguei no chão, ou pelo dia que eu desejei que você criasse vida e saísse correndo sem rumo e sem olhar para trás.

— Ei, hyung! Eu não tava sabendo dessa parte.

— Shh! Estou no meio de uma conversa séria com meu amigo um olho aqui. - Repreendeu em uma clara brincadeira. Jeon fez um sinal de rendição com as mãos, e ficou observando os dois "conversarem" com os olhos brilhando. — Descobri que seu pai é muito importante pra mim, então, por favor, não fale mal de mim quando ele estiver bêbado, quero causar uma boa impressão. Tô indo bem? - Perguntou Jimin.

— Está. O Mike me contou através do olhar, que gosta muito de você, hyung. Ele apoia a gente. - Abraçou Jimin por trás, querendo que o loiro soubesse que ele estava aprovando cada segundo daquela conversa. Saber que Jimin estava disposto a recomeçar até com Mike por saber da importância que a pelúcia tinha para si, não tinha preço.

Queria eternizar aquele momento. E ele podia fazer isso...

— Hyung! Vamos tirar uma foto?

— Agora?

— Sim! Você quer guardar no seu caderno de aventuras?

Jimin virou-se, agarrando o menino pela cintura. Jungkook deu um sobressalto pelo susto, mas relaxou assim que seu hyung deslizou a mão gentil sobre sua nuca, de maneira tão suave, que o ele fechou os olhinhos e ronronou baixinho, em completo deleite.

— Vamos tirar a foto então. Vou pegar o celular, depois a gente mandar revelar. ‐ Avisou.

Não demorou muito para que Park abrisse a câmera do celular. Eles se sentaram no sofá para tornar a foto boa. Jungkook segurou Mike, deixando a pelúcia no colo dos dois, mas não sabia que pose fazer. O loiro já estava com o celular posicionado, segurando alto o suficiente para deixar a foto ampla e captar todos, já Kook, tentava achar um jeito de sair bonito na foto.

Como se precisasse. Ficaria bonito até sem querer. Em qualquer ângulo, em qualquer lugar, com qualquer câmera.

Mas Goo já havia decidido que não queria uma foto normal, queria uma diferente.

— Hyung...você pode me abraçar pra gente tirar a f-foto?

— Isso é uma foto em família?

Jeon, apressadamente, negou com a cabeça.

— Eu juro que não!

— Por que não? - O tom de voz de indignação que Park usou, causou confusão no mais novo. — O caderno de aventuras é meu.

Ele queria que fosse uma foto em família?

— Você quer uma foto em família comigo e com o Mike? - A resposta era evidente, mas ele queria ouvir aquilo com todas as palavras. — Você gosta do Mike agora?

Jimin balançou os ombros, e ainda sem dar uma resposta concreta, sentou-se no tapete peludo e retirou os sapatos, depois deu dois tapinhas ao seu lado, instruindo Kook a fazer o mesmo.

— Achei que estivesse claro.

— Você chamou eu e o Mike de família? - Encostou a cabeça no ombro de Jimin.

— Bom...tipo, vocês moram comigo, né? Tem algum problema?

— Nenhum.

— Ele é importante pra você. - Comentou. — Quando fizemos o primeiro trabalho juntos, você me contou um pouco da importância que essa coisa tem pra você. Também sou grato pelo Mike ter cuidado de você até eu chegar. Agora, não tem que se preocupar mais...- Aproximou-se. Roçou os lábios, a voz incrivelmente grossa, mas suave, deixou Kook completamente mole. — Eu vou cuidar de vocês. É uma promessa.

— Você não pode quebrar uma promessa, hyung. - Lembrou-lhe e Jimin sorriu.

— Eu não vou. Me dá mais esse voto de confiança, docinho.

Kook deixou um beijinho no canto da boca dele.

— Nós acreditamos em você, azedinho. - Riu pelo apelido que utilizou.

Se Jimin o chamava de docinho, nada mais justo que chamá-lo de azedinho, né?

Foi tirado de seus pensamentos quando Jimin entrelaçou os dedos. Segurou tão forte, que os dedos ficaram brancos pelo tamanho da força.

Mike ficou entre o colo dos dois mais uma vez. Jungkook quis perguntar o que ele estava fazendo, mas assim que viu Park limpar a câmera e depois segurar o celular lá no alto mais uma vez, se preparando para tirar a selfie, soube do que se tratava.

— Se preparem. - Disse Park colocando na contagem regressiva de três segundos.

Jungkook colou os rostos, sentindo a maciez da pele de seu hyung, deixando que Jimin sentisse sua fragrância única e gostosa, que ele tanto gostava.

Sorriu quando o inquilino esfregou as bochechas, como um gatinho manhoso.

E que os meninos não soubessem disso nunca, mas Jimin gostava de ficar de dengo assim. Apenas com alguém específico; Jeon Jungkook.

Estava muito ferrado, mas de uma maneira boa.

Quando Jimin apertou o botão da foto e a contagem regressiva começou a ser feita, Jeon parou, retomando sua postura anterior.

A primeira foto saiu toda tremida, porque o celular travou e os dois não aguentaram sustentar a pose por mais tempo. Explodiram em gargalhadas gostosas, rolaram sobre o tapete, choraram de rir, e depois tentaram mais uma vez.

Jimin tinha cortado Mike da foto.

Não propositalmente, é claro. Ele só não colocou o celular alto o bastante para capturar a pelúcia. Acontece.

Jungkook deixou alguns tapas no peito dele, enquanto os dois sorriam e Jeon dizia que aquilo tinha sido para provocá-lo.

Bem...se aquilo arrancou um sorriso dele, valeu a pena. Jimin gostava quando os dois sorriam de coisas idiotas. Tinha certeza que ninguém riria tanto por isso, mas eles eram diferentes. Moravam no próprio mundinho.

E mesmo com mais uma tentativa falha, eles não desistiram.

Tentaram outra vez. Mike ficou sentado no ombro de Park, para não correr o risco de ser cortado da foto de novo. Dessa vez, perto do final da contagem regressiva, Jimin cutucou a barriga de Kook. O menino se esquivou todo, gargalhando por causa da cosquinha.

Jeon saiu sorrindo. O narizinho enrugado, os dentinhos da frente aparecendo, as bochechas vermelhinhas, e os olhinhos fechados. Jimin também sorria, e a foto não saiu tremida como a outra.

Jeon ficou morrendo de vergonha daquela foto.

Mas na opinião de Park, ela tinha saído linda. Definia totalmente como eles ficavam quando estavam perto um do outro.

Felizes. O sorriso estampado no rosto de ambos, era a prova disso.

Se recusou a apagá-la, mesmo quando Kook implorou para que ele deletasse, porque, segundo Jeon, estava estranho.

Jimin discordou totalmente.

— Você é lindo, docinho. Essa foi a melhor foto que eu já tive no meu celular. - Admirou, com sinceridade, enquanto olhava a foto mais uma vez. — Posso ficar com ela na minha galeria?

— Mesmo eu estando feio assim, Ji?

Park aproximou-se, deixando o celular de lado.

— Eu adoro seu sorriso... - Sussurrou baixinho, a voz quase sumindo. Ele tinha os dois olhos fechados, desfrutando daquele momento. — Adoro quando você esconde as orelhas quando está com vergonha, ou quando você fica vermelhinho igual a um pimentão. Você está sempre tão lindo. Quero olhar para esta foto para sempre.

Jeon ofereceu seu melhor sorriso, um sorriso grande, porque sua felicidade naquele momento, era maior do que todos as coisas grandes que sua cabecinha conseguia pensar.

Estava tão feliz!

Gostava tanto de Jimin!

Seu coraçãozinho batia tão forte agora.

— Por que você iria querer isso aí, hyung? - Estava tímido, mas sua curiosidade era maior.

— Quero olhar sempre que eu estiver tendo um dia ruim. - Disse simples e Kook ficou chocado com a simplicidade de Park ao falar aquilo, quando ele quase explodiu de felicidade.

— Podemos tirar outra? - Perguntou, tentando esconder o quão eufórico estava.

— Claro, vem cá.

Antes de pressionar o botão, Jimin colocou Mike em um bom lugar, no meio do colo dos dois novamente, disposto a fazer aquilo dar certo, sem brincadeiras.

— Chega mais perto, Kook. - O menino se aproximou de mansinho do rosto de Park. — Mais perto. - Goo colou as bochechas mais uma vez, mas Jimin ainda não estava satisfeito. — Da um beijinho aqui. - Apontou para a própria bochecha e o outro lhe olhou com o cenho franzido.

— Você quer uma foto assim comigo, hyung?

Jimin o olhou como se a resposta fosse óbvia.

Ainda bem que já estava acostumado com a lerdeza - e insegurança - do garoto.

Era paciente para ele.

— Eu e o Mike queremos. Eu e ele temos intimidade pra isso, confia.

— Eu também quero, sabia?

Park sorriu pela fofura do menino.

— Sabia. - Era gostoso quando sentiam que podiam se comunicar apenas com o olhar, como agora. — Vem.

Eles se posicionaram como Jimin havia proposto e, de última hora, o loiro decidiu mudar a pose dos dois. Segundos antes da foto ser tirada, selou os lábios de Jeon. Aquilo pegou o garoto completamente desprevenido, mas ele fechou os olhos a tempo da câmera capturá-los.

Mesmo já tendo visto tantas fotos em toda a sua vida. Tantas paisagens, lugares, países e pessoas, nenhuma dessas fotos chegou aos pés daquela que Jeon viu.

Quis chorar quando viu o resultado.

Não mediu palavras para dizer o quanto estava linda e quanto tinha adorado. Realmente era a melhor foto que já tinha tirado e visto.

Sempre via esse tipo de foto na Internet, com pessoas que comentavam que aquela era a meta, mas agora era sua vez.

Sua foto. Sua família. Sua meta se cumprindo.

Pulou de alegria quando Jimin perguntou se podia usar a foto como plano de fundo do seu celular.

É claro que ele podia!

Estava tão, tão, tão feliz!

A imagem saiu como nos filmes que Goo assistia quando era mais novo. Os filmes clichês eram seus favoritos e saber que Park, mesmo que sem saber, estava realizando cada um dos seus desejos, regava seu coraçãozinho.

— Você ainda quer que eu apague aquela foto? - Perguntou Jimin, deitando no tapete fofo.

— Se eu disser que sim, você vai apagar, hyung? - Repetiu o gesto do outro.

— Não. Mas vou fingir que sim. - Riu.

Jeon engatinhou até estar com a cabeça deitada no peito de Park, este que o acolheu em seus braços imediatamente.

Mike ficou deitado no sofá. Jungkook não quis correr o risco de deixá-lo ver os possíveis beijos que poderia acontecer entre eles.

— Eu gostei do nosso recomeço, Ji.

— Mesmo?

— Mesmo. Eu sei que sou um pouco lerdo e demorei pra entender, mas agora que eu entendi...Só consigo pensar no quanto eu gosto de você, hyung.

— Por que você gosta tanto assim de mim? - Deixou o celular de lado para dar-lhe a devida atenção. Se virou um pouco para o lado, ficando cara a cara com o garoto, e com o polegar, começou a acariciar a bochecha gordinha.

— Você não escutou o que Nam-hyung disse? Não existe por quê. - Fechou os olhinhos.

— Eu queria entender, porque sinto que não mereço que você goste de mim.

— Por favor, não diga isso. Você merece coisas incríveis, hyung.

Park deixou um selar longo na testa dele.

— Você é incrível. Um dia você agradeceu pela minha existência, hoje eu quero te agradecer. Obrigado por existir, por ser quem é. Por ser você.

Como se todas aquelas emoções fossem demais para suportar, Jeon assentiu com a cabeça, incapaz de dizer algo. Abraçou Jimin com força, sentindo as lágrimas molharem seu rosto.

Jimin, inevitavelmente, derramou lágrimas também. Eles choraram abraçados por um tempo, um choro baixinho, nenhum dos dois queria que o outro soubesse da sensibilidade que aquele momento tinha lhes proporcionado. Mas sabiam que estavam conectados pois sentiam os corações baterem em sincronia.

Após o breve momento de fragilidade, os três ficaram jogados no tapete. Enquanto Jeon e Mike esperavam curiosos, Jimin terminava de editar as fotos que haviam tirado mais cedo. Estava realmente empenhado com isso.

Escolheu filtros, recortes, formatos, e tudo que conseguiu colocar para que elas ficassem ainda melhores.

No final de tudo, ele fez uma colagem com todas elas, uma embaixo da outra. Uma sequência linda que, na percepção de Kook, pareciam fotos que os casais dos filmes tiravam na cabine fotográfica. Estavam tão colados e tão espontâneos, que quem visse de fora, acreditaria que elas foram tiradas em uma.

Foi o melhor começo do recomeço de todos.

Estava ansioso pela história que iriam escrever. E com certeza, se dependesse deles, ela nunca teria um ponto final a partir da agora.

                                    📽

Um pouco mais tarde, após tomarem um belo banho - separados -, e depois colocar uma roupa em Mike, os dois deitaram no sofá e ficaram completamente embolados um no outro, Kook sendo a conchinha de dentro, e Park a de fora. Eles revezavam o cafuné e, de vez em quando, Kook pedia um cheiro e um selinho de Park.

E não era como se o mais velho pudesse negar aquele desejo, era o seu também. Descobriu que deixar bitocas e cheirinhos em Jungkook, era seu novo vício, assim como fazer qualquer coisa ele.

Sempre que faziam alguma atividade juntos, por mais inútil que fosse, valia a pena.

Como agora, em que assistiam ao filme "Velozes e furiosos 7", sentindo a adrenalina tomar conta de seus corpos. Kook suave frio toda vez que alguém corria com o carro, sem saber que rumo o filme tomaria. Jimin observava suas reações atento.

Sim, não era um filme da Disney e nem um desenho. Jeon quis que Park escolhesse o filme dessa vez, queria conhecer os gostos dele, e Jimin agradeceu por aquilo. Parece que estavam em sincronia e dispostos a verdadeiramente ter um recomeço.

Foi onde ele parou para pensar:

"Qual é o meu tipo de filme favorito?"

"O que eu assistia?"

Percebeu que por um longo tempo esteve deixando seus gostos de lado. A morte de sua mãe contribuiu para isso. Perder alguém que se ama e sentir-se culpado por isso, estava entre as piores sensações do mundo, principalmente para um adolescente que mal sabia sobre a vida, e de repente se viu com tamanha responsabilidade.

Aquilo acabou desenvolvendo um trauma muito grande em Park.

Era como se ele estivesse morto mesmo estando vivo.

Por isso, foi deixando de fazer as coisas que gostava aos poucos. Já nem se conhecia mais e, o recomeço dele com Jeon estava o ajudando nessa área também.

A se (re)conhecer.

Depois de pensar muito sobre tudo isso. E com "muito", quer dizer muito. Noites sem dormir, dias cansativos e sua disposição em ser alguém melhor eram parte disso.

Ele decidiu que estava mais que na hora de voltar a viver da forma que vivia, ou pelo menos tentar.

A vida continua.

Ele podia assistir um filme que gostava, podia escutar uma música de seu gosto e podia voltar a beber e comer as suas comidas favoritas sem culpa.

Pensar que se deixou de lado por tanto tempo sem perceber, fez ele acordar pra vida.

Queria contar um pouco de si para Jeon. Queria que Jeon olhasse para algo e pensasse:

"isso é a cara do hyung"

"Jimin-hyung gostaria disso"

"Olha só...é o filme favorito do Ji!"

Essa era uma de suas motivações. Queria ser lembrado por ele.

— Hyung, por que você disse que a gente não vai assistir a próxima sequência? - A voz melodiosa e curiosa de Goo tirou sua atenção de seus pensamentos.

— Porque depois desse, a saga perde a graça pra mim.

— Por quê?

— Meu ator favorito morreu perto do final das gravações. - Respondeu, triste. — Paul Walker.

— Na vida real? - Remexeu-se, levando sua atenção para o rosto do loiro.

— Sim.

— Então...por que esse continua sendo um dos seus filmes preferidos?

Jimin parou com o carinho, pensativo.

Bom...Essa realmente era uma ótima pergunta. Era difícil, porque não era bem um negócio que ele conseguiria explicar.

Jeon abraçou o pescoço dele, ficando próximo o suficiente para conseguir sentir a respiração quente batendo em seu rosto.

Fitou as lumes de Park, esperando uma resposta.

— Acho que ele merece ser lembrado pelas coisas boas que fez e não por sua morte, entende? - Respondeu. — Paul Walker deixou um legado aqui na terra, sua memória tem que ser honrada.

— Entendi, Ji. Você tem razão. - Colocou o rosto na curvatura do pescoço dele. — Isso me lembrou da minha falecida vó.

— Sinto muito, Kook. - Apertou o garoto em seus braços. — Quer falar sobre isso?

Jeon pensou e repensou sobre aquilo vezes demais para poucos segundos. Não sabia se estava preparado para contar sobre sua avó, porque, consequentemente, teria que falar sobre outros assuntos que envolviam seu passado.

Quando sentiu Park deixar um beijo suave em sua testa, e começar a balança-lo como se estivesse colocando um bebê pra ninar, seus músculos, antes completamente tensionados, de repente se aliviaram.

Um suspiro baixinho escapou de sua boca, e ele fechou os olhos enquanto afundava o rosto ainda mais no pescoço do mais velho.

—Eu quero te falar sobre muitas coisas, hyung. Não quero esconder nada de você agora que a gente teve um recomeço. - Disse, de maneira lenta. A voz arrastada e baixinha. — Podemos ter essa conversa séria outro dia? Eu não quero mais fugir, mas é tão bom ficar assim com você, que não quero pensar em nada a não ser nós dois. Eu prometo que vou falar.

Foi difícil fazer aquela promessa. Kook sabia que ela não poderia ser quebrada.

Mas, mais difícil do que isso, era saber que estava adiando o assunto. Queria falar tudo para Jimin, confiava nele para isso como nunca confiou em ninguém. Sua avó devia estar orgulhosa dele lá no céu.

Aos poucos, estava superando. No entanto, toda vez que pensava sobre falar do seu passado, um desespero muito grande batia em seu peito, não existia uma só parte do seu corpo que não ficasse tremendo.

— Então, que tal você só ouvir o que eu tenho pra dizer? - Jimin compreendia completamente, compartilhava do mesmo pensamento. Era muito mais fácil na teoria do que na prática. — Acho que estou pronto para te falar sobre o meu. Quando tomei a decisão de ter esse recomeço, estava falando sobre tudo. Quero que saiba tudo sobre mim.

Jungkook sentou-se no sofá, ajeitando os fios de cabelos soltos que ficaram em sua testa. Jimin fez o mesmo antes de dar pausa no filme.

A sala ficou em completo silêncio. A única coisa que se conseguia ouvir, era o som das respirações.

Jimin já não conseguia ficar longe de Jeon, queria o menino perto a todo instante, principalmente quando iria falar de um assunto um tanto delicado para si. Por isso, puxou Jeon até que ele estivesse com a cabeça escorada em seu ombro e a perna por cima da sua coxa, o trazendo para seu colo.

— Pode me deixar um beijinho antes, hyung? Preciso me preparar para a conversa.

Jeon achou que a resposta seria negativa, até já tinha voltado a enfiar o rosto no ombro Park. Mas sentiu o mais velho afrouxar o aperto e depois massagear sua nuca, trazendo a sua atenção para ele. Com os olhos fechados, se deixando ser guiado pelo mais velho, Jeon deixou que uma risada gostosa escapasse de seus lábios.

Era impossível controlar. E...nossa, era tão bom sorrir por ter um motivo.

Jimin era seu motivo.

Fez um biquinho grande quando sentiu a respiração de Park bater em seu queixo, e antes de receber o beijo que pediu, Jimin puxou seu lábio inferior entre os dentes. Beijou sua bochecha, seu nariz, seu queixo, e trilhou um caminho do pescoço até os lábios finos.

Sentir Jimin deixando um selar molhando em seu pescoço, uma parte tão sensível, arrancou um arfar alto de Jeon. O inquilino segurou os ombros do mais velho com uma força exagerada, que consequentemente arrancou um arfar de Park também, este que aproveitou para trazer Kook para ainda mais perto.

O beijo que Goo ganhou após quase derreter-se no colo alheio, foi um beijo afobado, não tinha lentidão ou paciência. As línguas se movimentavam de maneira rápida e ágil. Jimin apertava a cintura com a mesma força que puxava os longos fios do menino.

Os pulmões estavam implorando por ar, mas eles não pararam, estavam imersos demais. O beijo causava euforia neles, a cada vez que provavam da boca um do outro, queriam mais.

Nunca parecia o suficiente.

As mãos impacientes de Jeon abrigaram as bochechas de Park, fazendo um carinho gostoso naquele local.

Ele poderia dizer, sem dúvidas, que a melhor parte do beijo era quando Jimin usava sua experiência para brincar com sua língua, ou quando abusava do poder que tinha sobre si.

Gostava de quando Park puxava e sugava seu lábio inferior entre os dentes, para dar-lhes um tempo de recuperar o ar antes de atacar os lábios mais uma vez.

Parecia tão irreal, que Goo se via na obrigação de fazer o mesmo. Os lábios grandes de seu hyung eram tão chamativos e saborosos, tão macios.

Jeon suspirava alto a todo momento. Tentava se conter, mas era impossível, quando se dava conta, já estava arfando alto o suficiente para Jimin lhe responder com um sorriso no meio do beijo, e depois sugar sua língua com vontade, como pediu mais cedo.

Estava tão entregue a todas as sensações que o beijo lhe proporcionava, que esqueceu-se que estava há algum tempo no colo de seu hyung. Circulava a cintura dele com suas pernas, e apoiava seu peso sobre o ombro dele.

Foi algo tão natural, que nem teve tempo de se sentir desconfortável. Sabia do respeito que Park tinha consigo, e que não havia malícia alguma em qualquer que fosse os movimentos, pelo contrário.

Estar com Jimin era como esquecer de tudo e de todos os problemas. O passado não importava, Kook só queria aproveitar o presente e viver um futuro com ele. E o loiro jamais tocou-lhe além do limite que ele estipulou.

Quando não conseguiam mais respirar e se viram obrigados a se afastar para recuperar o ar, se separaram com um estalar alto, com direito a vários selinhos para finalizar.

Havia um pequeno fio de baba que ainda os unia. Eles sorriram.

— Tudo bem? - Perguntou Jimin, trazendo a atenção do garoto para si mais uma vez.

Jungkook, ainda com a respiração desregulada, esfregou os narizes de maneira lenta. Adorava fazer isso.

E respondeu não só para Jimin, mas para si mesmo:

— Estou bem, hyung. Fico ainda melhor quando recebo beijos.

— Você é muito articulado.

— Você não gosta? - Questionou em uma fala inocente.

Jimin soltou um riso soprado. Estavam com as bocas quase coladas, mas toda vez que o mais novo ameaçava avançar, o outro afastava-se mordendo os lábios, em uma clara provocação.

— Do que? Da maneira que você me controla assim?

— Não sei do que fala.

— Será que não mesmo? - Com a boca, trilhou um caminho da bochecha, até chegar na orelha de Kook, onde mordiscou, sentindo o outro arrepiar-se por completo.

— N-não.

—  Que feio, Jeon. Mentindo desse jeito pro seu hyung. - A voz tão grossa bem ao pé do seu ouvido, fez Kook jogar a cabeça para trás e morder os lábios para descontar em algo tudo aquilo que estava sentindo.

— Não estou m-mentindo, Ji. Por que não me explica?

— Porra, garoto. Você sabe muito bem que eu faço qualquer coisa por você.

— Mesmo? - Perguntou Jungkook. Quase pediu por um beliscão para confirmar se não estava sonhando. Ouvir aquilo não parecia real.

— Infelizmente, sim. Eu te acostumei mal.

— Mas eu gosto...

— Eu sei que gosta, docinho. - Deixou um selar demorado bochecha gordinha. — Eu gosto de te mimar, queria poder fazer mais por você.

— Você já faz, hyung. Me faz a pessoa mais feliz do mundo. - Sorriu, o abraçando. Desejou mentalmente que Park sentisse o mesmo.

—  De verdade? - Devolveu o abraço. - Você é feliz morando comigo?

– A pessoa mais feliz do mundo.

Com os olhos fechados, balançando para lá e para cá, eles ficaram assim. De vez em quando Jungkook deixava alguns beijinhos no pescoço do mais velho, e era retribuído com um longo selar na bochecha.

— Gosto de assistir documentários sobre assassinos, filmes de suspense, terror, ação. Meu tipo de filme favorito, é aqueles que têm algum psicopata, palhaço ou canibais assassinos. A maioria é ruim, mas eu gosto. - Soltou as informações do nada. Goo precisou prestar bastante atenção para não perder nada. O gosto de Park era totalmente o oposto do seu. — Escuto qualquer tipo de música, não tenho uma favorita, ela muda de acordo com meu humor. Minha bebida favorita é café, mas eu tive que parar de tomar tanto depois da morte da minha mãe, aquilo começou a me fazer mal, não dormia direito já que tomava quase sete xícaras por dia.

Parou um pouco, pensando em mais informações sobre si mesmo.

— Minha cor favorita é azul por causa da minha mãe, ela sempre usava uma peça de roupa toda azul, essa era a cor dela. Depois que ela se foi, toda vez que eu olhava pro céu, me confortava, sabe?

Dizia as palavras uma atrás da outra para não correr risco de ficar emocionado ou algo assim, não queria tornar o clima leve em algo triste.

Estava indo bem. O carinho que o mais novo começou a fazer em sua bochecha, lhe deu força para não desabar.

— Que lindo, hyung...sua mãe deve estar muito feliz lá no céu, ele é todo azul. - Sorriu reconfortante. — Ela está no mesmo lugar que minha avó, elas vão se encontrar lá!

Jeon não sabia muito a fundo sobre a família de Jimin. Claro que já tinha escutado alguns boatos pela escola, já que o loiro era super popular, as pessoas tinham interesse em sua vida, mas era bom saber que, aparentemente, seu hyung estava melhor.

— Espero que sua avó fale muito de você pra ela. - Comentou Jimin, tomando Kook em um abraço. — Meu pai deixou a gente pra fugir com a amante, foi muito difícil, Kook. Minha mãe ficou depressiva, doente, totalmente dependente de mim, não conseguia nem falar mais, tomava muitos remédios, ficou sensível demais, envelheceu, tudo por causa do choque que a ida do meu pai causou . Aquilo foi tão chocante para nós dois. E de repente, eu estava sozinho nessa. Parei de estudar para me dedicar a única que não tinha me abandonado. Consegui me virar sozinho por bastante tempo, mas meu emocional estava tão abalado, eu não tinha forças pra caminhar mais. Ver minha mãe sofrendo e morrendo aos poucos era tão difícil pra mim.

Os olhos de Jungkook se encheram de lágrimas, mas os de Jimin não. O loiro estava sendo forte. Arrancou forças da onde não tinha, mas estava sendo forte. Aquilo foi o que mais chocou Kook.

Não quis interromper para tentar confortá-lo, porque ele parecia perdido em pensamentos, e Jeon sabia que nada do que dissesse seria o suficiente para cobrir os danos. Se limitou apenas em abraçá-lo forte, admirando ainda mais aquele hyung.

— E aí vem a pior parte...eu comecei a desejar que ela morresse, não porque eu não a amava mais, mas estava tão difícil pra mim e pra ela, minha mãe estava sofrendo tanto. Eu queria que ela descansasse em paz, e foi o que aconteceu. - Preparou-se mentalmente para soltar a próxima frase. — Não muito tempo depois, ela partiu, me deixando sozinho no mundo. - Houve uma pausa. Park fechou os olhos com força, para conseguir continuar. — Foi quando eu comecei a me culpar, sabe? Desejei que ela voltasse, prometi que cuidaria melhor dela, mas era tarde...

Um sorriso carregado de arrependimento brincava em seus lábios.

— Me culpei por muitos anos. Em pouco tempo, estava irreconhecível, parei de fazer tudo que eu costumava fazer, tudo que eu gostava de fazer. - As lembranças ainda estavam vivas em sua mente, da mesma maneira que dor que sentia ao lembrar-se de tudo. — Eu comecei a afastar qualquer pessoa que tentasse ter algum vínculo comigo. Se o meu pai, meu herói, a pessoa que eu mais admirava conseguiu me decepcionar a esse ponto, então qualquer pessoa seria capaz. E eu não queria sofrer mais. Não queria ver as pessoas que eu amava partindo.

Jeon colocou a mão sobre a própria boca, com medo de que um soluço alto saísse dali, não era forte o suficiente para ouvir toda aquela história sem chorar. A cada palavra que saía dos lábios alheios, uma lágrima rolava por seu rosto.

Ele entendeu, entendeu tudo...Jimin era tão forte.

Tinha se machucado tanto, tanto.

— Eu sabia de todos os seus passos, Kook. - Sorriu, tentando esconder a dor. Mas teria que conviver com aquilo, estava acostumado, já tinha chorado muito. A dor não iria embora nunca, ele teria que aprender a conviver com ela. E estava. — Sabia onde você comia, qual era seu lanche, reconhecia você de longe por causa das suas bandanas. Eu te observava também, mas você parecia alguém tão doce. Eu não queria ter mais uma decepção. Amorosa ainda, piorou. - Riu soprado. — Me desculpe por ter te tratado mal, aquela foi a única maneira que encontrei de fazer você parar de correr atrás de mim. Todo aquele esforço que você usava para tentar me conquistar, deveria ser usado com aquele que valesse a pena. Era assim que eu pensava.

— Que bom que eu não desisti de você, hyung. Que bom que eu não desisti de nós. - Agora sim, as lágrimas ameaçaram rolar pelo rosto de Jimin.

"Que bom que você não desistiu de nós, Jungkook."

— Você é a pessoa mais forte que eu já conheci. Minha admiração por você vai muito além de palavras, hyung. - Os olhinhos estavam inchados pelo recente choro. — Você é meu orgulho, azedinho. Eu nunca desistiria de você, mesmo depois de tudo aquilo. Lembra que eu te disse que concordava em substituir as memórias ruins por memórias boas? - Park assentiu, piscando forte para impedir que as lágrimas caíssem. — Eu só tenho boas memórias agora. Eu gosto desse Jimin que está na minha frente, o Jimin que faz de tudo para arrancar um sorriso meu. - Ele nunca havia sido tão sincero em toda a sua vida. — Obrigado por não ter desistido de você.

E mais uma vez, eles se abraçaram.

Era nos braços um do outro que eles se sentiam em casa.

— E obrigado por ter confiado em mim pra contar sobre isso, Ji. - Sussurrou em meio ao abraço. — Eu te gosto, muito.

— Eu te gosto também. A única pessoa que consegue me controlar na palma da mão.

Jimin sorriu descontraído, se afastando e mudando de assunto. Já tinha decidido, nada de tristeza.

Só queria felicidade.

Jungkook queria prolongar o assunto, queria continuar dizendo a noite inteira o quanto ele era forte. Queria chorar o abraçando, mas entendeu que aquele não era o desejo do seu hyung.

Em poucos segundos, o clima mudou completamente. Era como se nunca tivessem tido aquela conversa triste.

Jimin agradeceu por isso. Agradeceu por Jeon esquecer as coisas facilmente.

— Eu consigo te controlar?

— Existe outra pessoa que consiga me controlar? ‐ A pergunta foi retórica, porque acreditava que Jungkook já sabia que ele era a única pessoa, mas surpreendeu-se quando o garoto respondeu.

— Eu não sei. E a garota bonita?

— Porra, tá com isso no coração ainda?

— Desculpa, hyung. É difícil pra mim esquecer isso. Eu sou um pouco inseguro, sinto que facilmente seria trocado por alguém. - Jimin se amaldiçoou mais uma vez ao ouvir tal confissão sair dos lábios alheios com tanta sinceridade. — Me senti tão pequeninho naquela hora...

Apenas de querer bater em si mesmo por causar aquilo. Ficou feliz de Jeon ter trazido aquela assunto à tona. Aquilo que estava lhe incomodando. O recomeço deles se tratava sobre isso. Era bom, Jimin conseguia saber em que aspecto deveria mudar para se tornar uma pessoa melhor para Goo.

— Me perdoa, por favor. ‐ Sussurrou antes de esconder o rosto na curvatura do pescoço de Kook. — Por favor. Não deveria ter dito aquilo, não achei que ia ter tanto efeito negativo. Só queria saber se você se sentia da mesma forma que eu, porque, porra...eu quase ficava louco toda vez que você dava mais atenção para o Bogum do que pra mim. Ficava louco quando sentia que você merecia algo melhor e que perceberia isso em breve. Não costumava ser ciumento, mas acho que isso é uma consequência do medo de perder alguém. - Despejou as palavras uma atrás da outra. Estava tirando a coragem que não tinha para confessar aquilo em voz alta. — Tenho medo de te perder, mas acho que acabei fazendo com que você tivesse medo de me perder. Me desculpe mais uma vez.

Jeon afagou o cabelo loiro quando sentiu Jimin apertar os braços em volta da sua cintura, com uma força exagerada, ao mesmo tempo em que cheirava o pescoço cheiroso.

Era tão, tão, tão bom.

Se perguntava onde estava o velho Jimin, o Jimin que não gostava de sua companhia, o Jimin rude, que parecia lhe repugnar, o Jimin grosseiro que fazia questão de deixar bem claro que ele não era bem vindo.

Não sabia onde estava, mas desejava nunca mais encontrá-lo.

Se já era apaixonado por Park, a paixão tinha triplicado agora. O coração praticamente esmurrando seu peito e o sorriso largo em seu rosto, que era tão grande que deixavam suas bochechas doloridas, eram a prova disso.

— Você sempre será meu número um, hyung. Não existe ninguém que te substitua. - Deixou beijinhos na bochecha de Park, até que este revelasse seu rosto, voltando a posição de antes. Narizes se encostando, testas coladas, respirações descompassadas e quentes batendo na pele um do outro, e os sussurros, como se estivessem segredando algo.

Jeon continuou:

— Aqui... - Conduziu a mão do mais velho até seu coração, que batia forte e rápido. Unicamente por causa daquele loiro azedo. — Existe um lugar reservando pra você, Ji. Esse espaço cresce a cada dia...

Park retiriu sua mão do local, colocando-a de volta na cintura dele.

— Posso ouvir?

— Meu coração?

— Sim, eu posso?

— Pode, hyung.

Jeon deitou no sofá, abrindo os braços para acomodar o mais velho em seu peito. Jimin deitou com cuidado em cima dele, posicionando o ouvido onde ficava o coração do Kook.

Fechou os olhos, suspirando baixinho em sinal de alívio. Jeon levou os dedos longos de encontro com os fios loiros, e penteou a cabeleira para trás, para em seguida massagear abaixo de sua nuca.

Park ficou ali, sentindo o coração de Jeon bater sincronizado com o seu. Tão forte...

Assim como o que sentiam um pelo outro.

— Pode deixar meu espaço reservado pra sempre? - A pergunta soou mais como uma súplica.

— Meu coração está tomado por você, hyung. Ele pertence a você. Já te disse que ninguém é capaz de roubar seu lugar, será pra sempre seu, mesmo que o seu ainda não pertença a mim. - E era a mais pura verdade. Jeon já não controlava as palavras que saíam de sua boca. — Então...se seu coração escolher outra pessoa, ainda sim...por favor, pode me guardar em algum lugar nele?

— Você é tão idiota. - Murmurou, segurando o queixo do garoto.

Queria tanto, tanto conseguir dizer naquele momento: "eu gosto de você, Jungkook" mas em seu coração, ele sentia que Jungkook merecia uma declaração bonita. Ele faria daquele momento especial, sua confissão deveria ser tão especial quanto o primeiro beijo.

Era uma promessa que tinha feito para si mesmo, não poderia quebrá-la.

— Desculpa... - Kook estava confuso a todo momento. Não sabia se beijar Jimin era o suficiente para dizer alguma coisa.

Quer dizer, ele nunca tinha beijado ninguém antes, nunca gostou de ninguém antes, e não tinha experiências com isso.

Era lerdo, isso é um fato, mas se alertava às vezes, trazendo o que ele acreditava ser a realidade à tona. Com medo de se machucar ainda mais, tentava convencer a si mesmo de que aquilo que tinham poderia não significar absolutamente nada para Park, mas ao mesmo tempo podia...

Era tudo tão confuso!

— Não vou te pedir algo assim mais, hyung.

Jimin ficou indignado. Depois de ter praticamente se declarando, Jeon ainda achava que seu coração pudesse perceber a outro alguém?

— Ei, Kook. Você pode parar de criar paranoias nessa sua cabecinha? - Mais uma vez, ele colou as testas. Os corpos sendo tomados por sensações inebriantes que eram causadas unicamente por aquele mínimo contato.

— Hyung, o que nós somos? - Foi direto ao ponto.

— Amigos... - Hesitou.

Também não sabia como rotular a relação deles, deu -lhe uma resposta óbvia e rasa.

Mas a resposta não pareceu ser aquilo que Kook gostaria de escutar, pois após sua fala, o garoto soltou um suspiro alto e cansado, enquanto saía do seu colo e se sentava no sofá novamente, tomando Mike nos braços.

"Foi o que eu pensei", dizia Kook para si mesmo, tentando a todo custo continuar com os olhos nas lumes de Park, e ignorando a maneira que seu rosto pegava fogo de vergonha. Jimin devia estar o achando patético.

Apesar da frustração, um sorriso mínimo se rasgou em seus lábios. Queria mostrar para Park que ele não tinha culpa de nada. Não tinha feito nada de errado. Não estava bravo.

Mas escutar que eles eram apenas amigos depois de criar tanta expectativa, foi frustrante.

O loiro ficou paralisado, sem saber o que fazer para remediar a situação.

Afinal, o que eles eram?

Porra...era sempre tão burro! Não sabia se expressar, e acabava por ferir Jeon.

— Ei, hyung... - Jimin não gostou do sorriso forçado que ele lhe lançou.

— Nós temos uma amizade colorida! - Jimin praticamente gritou quando o rótulo veio em sua mente. — Eu e você não somos apenas amigos, Kook.

— Amizade colorida? - Tombou a cabeça pro lado.

– Sim, amigos que se beijam. - Puxou Goo para seu colo novamente. — Eu só beijo você e você só beija eu, entendeu?

— Tipo pessoas que ficam?

— Tipo pessoas que ficam sério. A gente já é isso há algum tempo. E se você puder esperar mais um tiquinho assim - Gesticulou com os dedos. — Eu prometo que vou te dizer o que quero da melhor maneira possível.

— Está fazendo muitas promessas hoje, hyung.

— E eu vou cumprir todas.

Jungkook sorriu, assentindo.

— Você quer me beijar agora?

— Muito.

Jimin ameaçou avançar, mas assim que se lembrou de algo, parou imediatamente. Goo olhou-lhe com as sobrancelhas franzidas.

— Kook, vai colocar o Mike de volta no seu quarto, ele tá me julgando com aquele olho.

Okumaya devam et

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