❛CHOICES ── Crepúsculo ❥ [Set...

由 madsmatic

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❛ ꧇ 🌲 ՚՚ ✦ 𝗖𝗛𝗢𝗜𝗖𝗘𝗦 ❙ Amélia Vallance - ou Mia, como é conhecida - é uma garota mandona e mimada que... 更多

𝗖𝗛𝗢𝗜𝗖𝗘𝗦
❚ 𝗖𝗔𝗦𝗧 + playlist
❚ 𝗘𝗣𝗜́𝗚𝗥𝗔𝗙𝗘
ESPECIAL 10K!
𝗣𝗔𝗥𝗧𝗘 𝗜: ──── 𝐜𝐫𝐞𝐬𝐜𝐞𝐧𝐭𝐞
2020, Toronto
1896, Aspen - Parte I
1896, Aspen - Parte II
1911, Columbus
1921, Ashland
1962, Montpellier
𝗣𝗔𝗥𝗧𝗘 𝗜𝗜: ──── 𝐜𝐫𝐞𝐩𝐮́𝐬𝐜𝐮𝐥𝐨
01. Pressentindo o perigo
02. A aluna nova
03. A fatídica aula de Biologia
04. Uma semana no inferno
05. Ciclo sem fim
06. Carros e comida
07. Gangue dos desajustados
08. Tentando entender
09. Abstinência
10. Teorias
11. Rebeldia
12. Visita da humana
13. Pré-jogo
15. Um final inesperado
𝗣𝗔𝗥𝗧𝗘 𝗜𝗜𝗜: ──── 𝐥𝐮𝐚 𝐧𝐨𝐯𝐚
16. À deriva
17. Devagar
18. Espaço vazio
19. Corpo sem alma
20. Normalidade forçada
21. O suficiente
22. Sempre de volta à La Push
23. É assim que termina
24. Triste, lindo, trágico
25. Fenda no sol
26. Indiscutivelmente errado
27. Dentro da floresta
28. Tragédia grega
(Especial 100k) Extra: versão de Seth
29. Anjos como você
30. Lidando com um monstro
31. Dentes no lugar do coração
32. A beira de um colapso
33. Um garoto com grandes sonhos
34. Fique comigo

14. A caçada

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由 madsmatic


CHOICES

╭────────────────⠀:⠀✦⠀⌇

▬▬▬▬▬ capítulo quatorze
Mia Cullen;

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⚠️ Alerta de gatilho: capítulo com cenas e linguagens violentas, tortura e outros equivalentes.
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⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

   SENTI GALHOS DE ÁRVORES E PAREDES ALTAS DE SAMAMBAIA SE ARREBENTAREM CONTRA MINHA PELE DE MÁRMORE A MEDIDA QUE CORRIA EM DIREÇÃO À PHOENIX.

   Uma sensação horrível de pavor apertou meu peito enquanto eu observava os rostos de todos aqueles que eu amo aparecerem em minha mente, sem saber se o que eu faria teria resultados positivos ou estragaria tudo ainda mais.

   Eu sabia que era uma criatura terrível por usar minha própria família como isca. Mas sem o jogo, eu não sabia o que poderia acontecer e isso era ainda mais perigoso do que seguir o curso natural.

   Calculei minha rota mentalmente, ciente de que o Sul do país era um ambiente consideravelmente mais arriscado para uma criatura como eu, e a sombra teria que ser minha aliada constante – não que houvesse muito espaço para sombras em Phoenix.

   Aproveitei as florestas enevoadas do oeste de Washington e corri de Forks para os arredores de Portland em pouco mais de 1 hora. O clima em Oregon era relativamente ameno, muito mais quente do que a ponta noroeste do país e um pouco mais ensolarado também. Mesmo estando fora do alcance da grande massa da população, optei por levantar o capuz preso à minha jaqueta, escondendo o máximo que pude de meu rosto perigosamente peculiar.

   Desci pela vegetação costeira que margeava as bordas do continente em direção ao Oceano Pacífico. O caminho era um pouco mais longo que em linha reta, mas ainda me restava um pouco de tempo e precisava que a natureza me camuflasse até o anoitecer. Eu ainda não estava brilhando, mas pequenos raios de sol estavam começando a perfurar as rachaduras nas copas das árvores enquanto me aproximava da Califórnia, deixando-me mais exposta do que deveria.

   Quase 4 horas depois e eu já tinha cruzado mais da metade da Califórnia, sem fazer uma única parada. A noite caía lentamente diante de meus olhos e aproveitei esse tempo para apreciar a abundância da fauna na floresta de Mendocino. O pequeno cervo de cauda preta parecia estar esperando por mim quando mostrei minhas presas e descarreguei toda a minha fúria em seu couro macio, como um presente divino.

   Naquele momento – enquanto o sangue quente do animal lavava minha garganta – eu me permiti pensar sobre o que deixei para trás em Forks e que provavelmente se desenrolaria em pouco tempo. Imaginei os três vampiros nômades deslizando pelas árvores em direção ao prado; o cabelo de Bella sendo levantado por uma forte rajada de vento e os olhos vermelhos e determinados de James, prontos para caçá-la até o fim do mundo, como se aquele fosse o melhor evento da sua existência.

   Ainda que a humana fosse um poço de inconveniência e Edward estivesse agindo como um idiota e não merecesse minha ajuda, eu nunca quis tanto acabar com alguém. Só de pensar no instinto rastreador cruel e sanguinário de James, tudo em meu corpo se agitava de ódio.

   Depois de me alimentar, limpei a boca e as mãos na nascente de um pequeno riacho que se estendia pela região e me preparei para enfrentar a noite cheia das grandes cidades da Califórnia.

   Um ligação perto de Clearlake me fez parar contra vontade. Não foi até que eu li o nome que cintilava após o ícone de chamada que me toquei que ainda estava esperando uma ligação de Rosalie. Isso me fez tremer da cabeça aos pés e, ansiosa, eu atendi.

   A periferia da cidade parecia muito silenciosa quando ouvi a voz de Rose, tão clara e selvagem que quase me perguntei se aquilo não era a minha mente pregando alguma peça.

   — Mia! — ela me chamou outra vez. — Mia, você está aí?!

   — Oi, Rose... — limpei minha garganta, tentando recuperar o foco. — Pode falar.

   Percebi que já estava com saudades de casa e louca de preocupação quando deixei a concentração se esvair e dar lugar aos sentimentos que não tinha notado que estava enterrando todo esse tempo. Ouvir a voz de Rose havia me desestabilizado muito.

   — A Swan está sendo caçada por um vampiro rastreador. Ela foi se esconder em Phoenix com Alice e Jasper até resolvermos as coisas por aqui — Rosalie disse secamente.

   — E o vampiro? — eu perguntei, mais ou menos ciente da resposta.

   — Estamos espalhando o cheiro da humana para confundi-lo, mas honestamente não sei até quando isso vai durar — ela fungou, parecendo aborrecida.

   — Ótimo — respondi.

   — Suponho que já sabia disso e agora eu me pergunto o que você pretende fazer — a voz afetada de Rose rompeu depois de um curto período de silêncio. — Diga-me que você não vai procurá-lo sozinha, Mia. Não faça isso!

   Olhei para a paisagem bucólica que emergia dos limites da cidade. Imaginei James novamente, desta vez seguindo os rastros falsos que minha família havia espalhado pela cidade de Forks. Senti o veneno ferver em minhas veias como um vulcão prestes a entrar em erupção, e cerrei o punho.

   — Eu vou matá-lo, Rose — avisei sombria. — Este pesadelo vai acabar em breve, eu prometo...

   Antes que Rose pudesse protestar, desliguei o celular, enfiando-o no bolso da jaqueta novamente. Corri minhas mãos tensas pelo cabelo e me joguei de volta na caçada implacável com toda a força que eu tinha.

   Contornei as cidades de Sacramento à Los Angeles no escuro da noite pelas florestas adjacentes, e não precisei ser muito cuidadosa quando o deserto árido começou a abrir caminho para o Arizona.

   Corri o mais rápido que pude, esperando chegar a Phoenix antes do amanhecer, sem que o sol me encontrasse na grande cidade. Senti um peso saindo do meu corpo quando avistei as palmeiras e as fileiras de campos de golfe e ainda eram pouco antes das 4h da manhã, conforme os números que piscavam na tela do meu celular.

   Meus irmãos e Bella provavelmente já estavam hospedados em um hotel não muito longe dali e James estaria seguindo o cheiro da humana em lugares aleatórios, levando-o para longe do ponto certo. Agora eu só tinha que me esconder e esperar o momento adequado.

   Atravessei a cidade na quietude da madrugada com passos rápidos, atenta aos caminhos e rotas que poderiam ser úteis em algum momento daquela caçada. A extensão plana coberta de grandes palmeiras me deu uma sensação incomum de estranheza, como se algo me prendesse à base de uma grande maquete alaranjada, e dentro dela eu fosse apenas um peão dentro de um jogo bizarro do universo. Escolhi esquecer a paisagem estranhamente perturbadora e voltei a correr.

   Cheguei em Scottsdale em poucos minutos, antes que o céu cinza se transformasse na imensidão iluminada de calor que cobria o estado do Arizona. Lá eu teria que ter mais cuidado, observar de longe, antes que meu cheiro ficasse registrado no caminho para a casa de Isabella e estragasse meus planos.

   Apostei tudo na pequena brecha que criei quando decidi não ir ao jogo de beisebol naquele dia. Até então, James não sabia da minha existência e isso me daria uma grande vantagem quando eu o encontrasse sozinho e desprevenido, não imaginando que haveria um obstáculo em seu caminho que ele nunca poderia ver chegando.

   Diante de meus olhos ágeis, as ruas pareciam muito secas; duras, intransigentes. Nada – na minha perspectiva distorcida pelo medo e desespero – poderia representar o pingo de esperança que eu ansiava para tornar tudo um pouco mais fácil de suportar.

   Minha memória excepcional, estimulada pelos efeitos colaterais do veneno, mantinha muitas informações arquivadas, apenas esperando uma boa oportunidade para serem reviradas. Quando eu me vi precisando encontrar o esconderijo de James – o maldito estúdio de balé – isso provou ser um ótimo momento para vasculhar todo o conteúdo armazenado por pouco mais de um século. Não foi fácil chegar à imagem da recordação que definiria meu destino, mas encontrei-a entre minhas vagas lembranças humanas, as mais especiais, como meu antigo livro favorito. Ali, em uma das centenas de páginas, estava o endereço: Rua Cinquenta e Oito com Cactus.

   Eu me dirigi para o endereço que passou pela minha mente como a seta de um localizador. Tentei não pensar muito no que estava prestes a fazer, porque acho que se pensasse provavelmente entraria em pânico. Isso era irônico para uma criatura como eu, criada para supostamente não temer nada e nem ninguém. Mas o medo da perda é um sentimento desolador que pode consumir qualquer um, mesmo aqueles que pensam que estão preparados para isso, ou aqueles que acreditam que não há mais nada para renunciar. Mesmo que tudo corresse bem e minha família estivesse à salvo, eu sabia que ainda poderia me perder no processo.

   As casas desapareceram da minha vista em um borrão de tons quentes. Todas pareciam iguais, o mesmo estilo de arquitetura metódica e sem graça que teria deixado Esme desapontada. A casa de Renée e Phil se misturava com a vasta extensão de terrenos secos, desertos áridos e casas comuns, e teria passado despercebida se não fosse pelo número 5821, que brilhava na chapa de metal presa à entrada da casa.

   Meus sentidos entraram em alerta máximo, examinando o local com mais precisão do que há alguns minutos, quando eu ainda não tinha tanta certeza de estar no lugar certo. Como eu havia previsto, o lugar estava limpo. Não havia nenhum sinal de James.

   Olhando ao redor com um pouco mais de clareza, ouvi passos distantes e batimentos cardíacos ainda muito quietos nas primeiras horas da manhã. Para minha sorte, nove casas abaixo da antiga residência de Isabella, uma casa à venda sem sinal de vida chamou minha atenção, revelando o possível esconderijo que me seria útil nas próximas horas. Não demorei muito para correr até lá, fazendo o meu melhor para me mover pelas sombras, embora não houvesse ninguém na área àquela hora.

   A casa vazia – completamente destituída de móveis ou vestígios de moradores – era tão horrível por dentro quanto por fora, com papéis de parede e pisos de diferentes formas e padrões em cada cômodo. Olhei cada janela e a vista que ofereciam para o lado de fora, e encontrei uma na lateral da casa que me deu uma boa noção do que estava acontecendo na vizinhança. Baixei a persiana até o fim e a deixei quase completamente fechada para poder espiar livremente sem correr o risco de ser vista. Agora era só esperar.

   As horas pareciam passar lentamente enquanto eu encarava aquela rua deserta. Não me movi por um segundo e passei a manhã inteira observando as pessoas deixarem suas casas para correr ou trabalhar, alheias ao perigo que poderia estar à espreita.

   Eu precisava esperar que James fosse até a casa da mãe de Isabella, que ele a ligasse e tivesse certeza de que nada poderia estragar seus planos além da má sorte da humana destrambelhada. Eu usaria o próprio plano de James para dar o bote, e isso surpreendentemente parecia a ideia mais sensata de todas as coisas que eu havia considerado.

   Tinha certeza que James não apareceria lá nas primeiras horas do dia, pelo menos não enquanto o sol ainda estivesse a pino, e isso abriu espaço para diferentes paranóias na minha cabeça. Fiquei imaginando como Alice deveria estar com tudo isso, sentindo-se tão responsável e ao mesmo tempo tão impotente diante daquela situação. Rose deveria estar ainda pior e eu sabia que o que eu estava fazendo a deixava ainda mais chateada (eu deveria me desculpar por isso mais tarde, se tudo corresse bem). Mesmo sem querer, minha mente acabou voando para Edward. Sua teimosia e desprezo pelos meus constantes alertas de perigo me deixavam louca de ódio, mas o pior de tudo, também me deixavam triste. Não era minha intenção que as coisas ficassem tão ruins entre nós, mas nosso relacionamento estava se deteriorando cada vez mais, como um destino ao qual você está amarrado e não tem como escapar. Eu me perguntei se esse era realmente o nosso futuro e me encolhi com o que passou pela minha mente.

   Tentei não pensar muito nisso quando a tarde chegou e o momento em que escolhi agir estava se aproximando. Eu esperava que o fato de James estar tão extasiado com sua caçada e a falta de conhecimento sobre mim me deixasse camuflada dentro daquela residência vazia, mesmo que alguns de meus rastros ainda estivessem frescos no caminho. Meu palpite pareceu ser preciso quando o aroma doce e sutil roçou minhas narinas — eu teria perdido se não estivesse tão focada em procurar por ele.

   Apurei minha audição na direção da casa de Renée, procurando pelo comando de James, a voz que daria a sentença final. O som abafado e leve da porta abrindo e fechando fez meu corpo ficar tenso. Eu escutei atentamente enquanto a voz suave e falsamente agradável do vampiro loiro transmitia seus comandos para Isabella. Por um momento quase pude sentir pena da garota, tendo que responder ao chamado de um vampiro implacável sobre a possível captura de sua mãe. Mas isso logo passou, porque os sentimentos da humana não chegavam nem perto de estar na minha lista de preocupações.

   Quando James desligou o telefone, percebi que, em uma tentativa de barrar qualquer emoção, havia levado as costas da mão à minha boca em um reflexo puramente humano e automático. Eu ainda não conseguia acreditar que tinha chegado tão longe, apesar de todos os anos em que vivi me preparado para este momento. A memória da conversa que tive com Carlisle quando nos conhecemos, em 1896, parecia fresca dentro de mim. A atmosfera de eras passadas e o cheiro do jardim florido que cercava a casa vitoriana afundaram meus sentidos em uma memória nostálgica e incerta. Eu nunca soube o que me trouxe a este mundo, muito menos a razão por trás de tudo, ainda sim, me vi prestes a interferir naquela história novamente. O medo que senti na primeira vez que decidi intervir não diminuiu. Na verdade, parecia ficar cada vez pior, ainda mais aterrorizante e irracional.

   Percebi que fiquei paralisada por mais tempo do que deveria – ainda tentando processar tudo o que estava acontecendo e o que estava prestes a acontecer – e me recompus, preparando-me para enfrentar minhas escolhas e suas consequências.

   Ouvi outra vez quando a porta se fechou, tão rápida e sutil que nenhum humano jamais notaria que ela havia sido aberta. Olhei para o céu rosado do fim da tarde enquanto o sol se punha e bufei quando o acaso, aparentemente dotado de grande ironia, me fez assistir ao crepúsculo. Fechei os olhos rapidamente e respirei fundo. Independentemente do que estava esperando por mim, meu plano não poderia falhar. Eu não podia. Não havia essa opção.

   Me pus a correr assim que tranquei a porta da casa vazia, a deixando exatamente como havia a encontrado. O caminho até o estúdio de balé era tão curto que não tive tempo para raciocinar direito qual seria meu primeiro movimento quando chegasse lá.

   Entrei na sala de recepção escura com passos sutis, mas determinados. O aspecto sombrio com que James preparou o local para receber Isabella enviou uma onda de angústia através de mim. O momento tão esperado finalmente havia chegado e eu não tinha certeza se realmente conseguiria fazê-lo. Porém, não consegui pensar em mais nada quando, ao chegar à sala dos espelhos, me deparei com olhos negros me observando com curiosidade e surpresa. Lá estava ele, tão incrivelmente petulante quanto estúpido. Um tom de rubi enfeitava os olhos escuros de sede, e seu rosto confuso tinha um olhar presunçoso que Bella nunca seria capaz de descrever com sua pobre visão assustada. James sabia muito bem o que estava fazendo e confiava que nada poderia detê-lo; era bastante explícito que era o que ele sentia.

   Apenas pensei em minha família quando corri furiosamente até o vampiro, agarrei-o pelo pescoço enquanto mostrava minhas presas e arremessei seu corpo em direção a uma das paredes laterais com brutalidade.

   — Você vai pagar pelo que fez, James — eu rugi, a fúria vazando de cada um dos meus poros. — Prometo que será uma morte lenta e desagradável.

   James se recompôs em questão de segundos e seu rosto antes curioso agora tinha uma pontada de irritação.

   — Tenho certeza que teria me lembrado se tivesse feito algo com você — ele disse com algum humor, apesar do cenho franzido — Agora, se me dá licença, tenho assuntos mais importantes para tratar. Eu não quero ter que arruinar meu pequeno palco antes do show.

   Ódio corria em minhas veias junto com o veneno em uma mistura letal. O cabelo loiro de James agora caía sobre seu rosto diante do ataque inesperado. Sua roupa amarrotada e fora de lugar era evidência do que um pouco daquele ódio dentro de mim poderia fazer com ele. Pensando nas infinitas possibilidades de como eu terminaria isso, sorri cruelmente.

   — Infelizmente eu não posso fazer isso — eu disse com frustração simulada. — Acho que você vai ter que lidar comigo agora.

   Eu queria acabar com ele lenta e dolorosamente. Queria torturá-lo, arrancar suas partes pouco a pouco e fazê-lo sofrer como nunca tinha experimentado antes. Isso é o que o ódio e a perversidade poderiam fazer comigo: tornar-me um monstro ainda pior.

   Meu sorriso se alargou quando sua máscara de tranquilidade se transformou em uma carranca impaciente, como se eu fosse um pequeno obstáculo irritante que ele teria que se livrar em breve. James não sabia nada sobre mim e parecia subestimar minha força, mas eu queria que ele soubesse com o que estava lidando.

   Cruzei meus braços esperando seu próximo movimento e não lutei quando James correu até mim e enroscou meu pescoço em um aperto firme enquanto ele prendia minhas mãos com o outro braço.

   — Não tenho tempo para brincadeiras agora, mas confesso que você me deixou curioso — ele disse cortês, quase gentilmente, sua respiração soprando no meu ouvido com cada palavra. — Eu gostaria que você me dissesse o que eu fiz. Para que eu possa saber por que estou matando você. Pode fazer isso?

   Ri de sua polidez fingida. O aperto no meu pescoço ficou cada vez mais forte, como se James estivesse me dando tempo limitado para fazer isso antes de acabar comigo.

   — Perdoe minha falta de modos — meus olhos se estreitaram para ele através da parede de espelhos na nossa frente. — Meu nome é Amelia Vallance Cullen... — ele me apertou ainda mais com isso. A pressão de sua mão contra minha jugular abriu pequenas rachaduras em ambos os lados do meu pescoço e ficou difícil continuar falando. — e você mexeu... com minha... família!

   O aperto de James ficou tão forte em mim que eu já podia sentir as rachaduras se espalhando pela minha bochecha. Não foi doloroso e não me incomodou porque minha motivação serviu como um anestésico para tudo o que ele fez comigo. Eu simplesmente não podia me dar ao luxo de perder.

   Usei minhas pernas para nos empurrar para trás e nós dois voamos em direção à parede lateral, também coberta de espelhos que se estilhaçaram em todas as direções. Com agilidade, me libertei de seus braços e nos engajamos em uma luta pelo domínio que durou alguns segundos, até que ele me agarrou pelo pescoço novamente e eu perdi completamente a paciência.

   — Pare! proferi raivosa quando as rachaduras que estavam começando a cicatrizar mais uma vez gravaram minha pele de mármore. — Me solte.

   Senti as mãos de James me soltarem em um gesto robótico, seu rosto expressando uma mistura de choque e raiva, produzindo uma careta indignada.

   — O que...? — ele começou a dizer, mas não conseguiu terminar.

   — Primeiro eu vou me livrar desse seu rostinho arrogante — disse, segurando o queixo dele com força. — Então eu vou atrás da ruiva. E prometo que ela sofrerá tanto quanto você. — Os cantos da minha boca se repuxaram em um tipo estranho de sorriso que eu mesma não pude reconhecer no espelho. Vi de relance os meus olhos faiscarem com selvageria e teria me assustado se eu não estivesse tão focada em terminar aquilo. — De joelhos!

   Os joelhos de James fizeram um baque audível contra o piso de madeira, que rangeu com a impetuosidade do movimento. Era engraçado e até improvável, mas ainda assim, eu vi o rosto de James se contorcer de puro medo. Eu tinha certeza de que ele podia ver como eu realmente era agora e ele pareceu entender que não devia mexer comigo.

   — Bom garoto — eu ri de novo, ainda mais alto. Observei o corpo inerte do vampiro na minha frente, acariciando seu braço esquerdo com alguma diversão, então voltei a olhá-lo nos olhos. — Arranque-o para mim.

   Arregalando os olhos, o vampiro levou a mão direita ao antebraço esquerdo e começou a puxá-lo com toda a força, sem sequer hesitar. Seus gritos seguiram logo depois, junto com as rachaduras que apareceram na área logo abaixo de seu ombro. Ali eu percebi do que meu poder era capaz. Do que eu era capaz.

   — "Ninguém mandou achar que era dono do mundo e nada podia acontecer" — eu citei, andando ao redor de James enquanto ele gritava. — É Hamlet. Não acha adequado?

   O deixei gritar por mais tempo, em uma tentativa fracassada de fazer o que eu tinha ordenado. Então resolvi intervir. Revirei os olhos para a cena que se desenrolava diante de mim, antes de arrancar seu braço eu mesma. Tirei do bolso de trás da calça uma pequena caixa de fósforos que havia roubado a caminho de Phoenix e ateei fogo ao membro decepado. Os gritos de James ficaram ainda mais altos quando o fogo envolveu seu braço esquerdo, como se o resto de seu corpo pudesse sentir as chamas se espalhando por ele também.

   Olhei para o espelho que ainda não tinha quebrado. As rachaduras ainda estavam cicatrizando no meu rosto e pescoço como resultado da tentativa quase bem-sucedida de James de arrancar minha cabeça. Mudei meu olhar de volta para o vampiro e voltei a terminar o que tinha começado. Arranquei parte por parte e gostaria de ter feito com mais calma, como havia prometido, mas a humana estava a caminho e eu não podia correr o risco de ela chegar na hora errada.

   O fogo crepitava na fogueira improvisada, feita com pedaços do piso de madeira, e o corpo de James queimava nela, sendo devorado pelas chamas. Usei a mesa em que ele apoiava a pequena TV com o vídeo da mãe de Isabella para colocar sua cabeça decepada, quase como um troféu de fim de batalha.

   Fiquei mais aliviada. Parte do meu plano, afinal, tinha funcionado e minha família estava a salvo das ameaças de James. Eu queria dizer que parte disso não era por causa de Edward ou Bella, mas eu estaria me enganando se dissesse que não fiz isso por eles também. Se alguma coisa acontecesse com algum deles, minha família ficaria devastada e seria minha culpa. Apesar de tudo, a raiva ainda fervia dentro de mim porque eu sabia que não tinha acabado. Ainda havia uma criatura para destruir e eu temia que esta fosse ainda pior.

   Não me surpreendi quando uma cabeleira vermelha surgiu em uma das janelas de clerestório, parada apenas o suficiente para eu ver seu rosto enfurecido. Ao mesmo tempo, ouvi o som de um carro e portas se abrindo. Bella apareceu no meu campo de visão parecendo muito chocada com a cena que se desenrolava na frente dela. Eu assisti pelo espelho enquanto, ainda atrás de mim, seu rosto empalideceu ao olhar para a cabeça decepada de James e ela ela desabou no chão. Quando olhei de volta para a janela, Victoria já tinha ido embora.


━┅━┅━ ˚༷🌲。˚༷༅ ━┅━┅━

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Notas;

Enfim, vemos o plano da Mia se desenrolar. E agora?! *música de suspense* 😨.

Estou realmente com medo de ter sido muito dura com as descrições, especialmente na parte de James. O que vocês acham? Por favor, deixem-me saber se foi exagerado. Acho que me empolguei rsrs.

Uma pergunta totalmente aleatória: vocês gostariam de ter cenas quentes em Choices? Escrevi uma esses dias, a primeira da minha vida, e gostei do resultado. Deixem-me saber se isso é bom para vocês e eu posso tentar incorporá-las na fanfic — enfatizando o "tentar" *rindo nervosamente* 🫣.

Choices atingiu 50 mil visualizações e 5 mil votos recentemente e não posso agradecer o suficiente por isso. Sei que muitas vezes sou falha e tenho meus defeitos, mas vocês continuam aqui firmes e fortes, não me deixando desistir desse projeto tão especial para mim — e acredito para muitos que acompanham também. Eu nunca tenho certeza de quando ou quanto eu posto; principalmente porque a faculdade não me deixa descansar muito e no meu tempo livre acabo tendo minhas ideias esgotadas. Portanto, não tenho certeza de quando Choices terminará, mas posso dar uma coisa com certeza: vou até o fim e farei bem feito. Uma das razões pelas quais demoro tanto para atualizar é que, se não for inteiramente do meu agrado, não vou entregar um capítulo meia boca só para preencher as lacunas. Vou terminar Choices — com isso vocês não precisam se preocupar —, mas quero que seja bem feito, para que eu possa olhar para trás depois e me orgulhar do que fiz, mesmo com algumas falhas. Então, sim, Choices vai continuar até o fim. Mesmo que leve tempo, terá um final adequado. Só peço a paciência de vocês, que são tão bons comigo, mesmo quando eu não mereço. Aos leitores assíduos: meu muito obrigada e a certeza de que terão a história que merecem. E para quem está chegando: bem-vindo(a) ao nosso mundinho especial! Muito, muito, muito obrigada a todos vocês! Parabéns para nós (porque vocês também merecem)!

Por hoje é só! Até o próximo e último capítulo de Twilight (a 1ª parte da fanfic) 💚.
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