Dakota Tanner
Quatro meses depois
A turnê estava indo muito bem e bem divertido. Evoluí algumas coreografias para o show ser mais chamativo e visitei os lugares que eu já sentia falta. E hoje estávamos em Lexington e de folga. Então eu e a Tina fomos visitar alguém que senti muita falta.
— Ding dong! — Tina fez o som junto com a campainha e ouvimos alguns passos se aproximarem.
— Espero que não seja encomenda… — Judy abriu a porta e quase caiu pra trás. — Ai meu Deus!
Nós duas a abraçamos e entramos na casa da mesma que parecia estar tudo em ordem.
— Pensei que vocês tinham se esquecido de mim! Nem me ligaram para saber como é que foi, como a menina tá, mas tudo bem! — Disse revoltada como sempre.
— Posso ver ela? — Tina pediu e a mesma apontou para o berço que estava perto do sofá. — Ela é tão linda… ainda bem que puxou ao pai.
— Você não vai mais pegar ela no braço!
Me aproximei pra ver a pequena, era muito fofinha. Poderia ser bem branquinha como o Brian, mas esses fios de cabelo levemente escuro é da Judy, com certeza.
— Ela vai parecer com os dois, Tina. — Digo vendo a mesma dormir.
— Foi difícil escolher um nome bom pra ela. — Judy afirmou e nos sentamos juntas.
— E qual é o nome dela?
— Jessie. — Sorriu. — Faz duas semanas que ela já está no mundo e vou dizer que não imaginava como iria ser cansativo cuidar dela. Eu e o Brian fizemos um acordo. De manhã eu fico com ela, de tarde é nós dois e de noite é ele.
— E cadê ele? — Perguntei.
— Dormindo lá em cima. Jessie ficou acordada a noite toda. — Riu como estivesse se lembrando.
— Você viu o clipe de Naughty Girl?! — Tina questionou e a Ju fez que sim. — O que achou?
— Incrível, vocês arrasaram mais ainda na apresentação no programa da Ellen. — A morena afirmou. — E como está sendo a experiência, Dakota?
— Incrível, eu comecei a me ver de que estou evoluindo no trabalho e a Beyoncé é ótima, pega de primeira e as dançarinas vão indo bem. — Afirmei e a mesma olhou pra mim, com um leve sorriso.
— Você deve estar cansada.
— É inevitável, mas é por uma boa causa. — Afirmei sorrindo de volta.
— Mas você está se cuidando, tomando alguma vitamina?
— É obrigatório, Judy. — Tina respondeu. — Todas nós ganhamos uma caixa com seis pacotes de vitaminas, incluindo vitamina C. Exercícios aeróbicos antes dos ensaios e tomar aqueles negócios que tem sais minerais.
— Nossa, eles sabem preparar e cuidar de vocês. Enfim, vocês estão com cara de que têm alguma novidade.
Eu e a Tina nos olhamos e rimos.
— Como estamos em uma turnê nacional, ela vai se encerrar no dia oito de janeiro.
— E a nossa patroa providenciou quatro ingressos para cada dançarina e a Dakota ganhou mais uma extra que dá no total de nove ingressos juntando com os que ganhei. — Tina continuou.
— E nós duas estamos convidando vocês para ver o show da gente. — Sorri e já percebi que ela iria perguntar aonde vai ser. — Vai ser em Las Vegas, querida!
— Las Vegas?! — Os olhos da Judith brilharam. — Caramba, os rapazes vão surtar!
— Tina trouxe três para você, Brian e Kev; e eu já mandei para a Lucy e o AJ.
— Então faltam três. — Ela afirmou e assentimos. — Vocês estão com mais um aqui? Eu posso mandar para ele e você não precisa vê-lo.
— Muito obrigada, Judy. Aqui está. Mas eu duvido muito que ele vá, depois disso tudo…
— Mas algo me diz pra mandar para aquele idiota. Nunca se sabe, Dakota. — Ela fez uma carinha triste. — Nick quer saber de ninguém. Depois que os rapazes puxaram a orelha dele, ficou lá e a última conversa que tive com ele foi quando a Jessie nasceu, foi um simples SMS dizendo “parabéns, Judy”.
— Eu soube que ele mal sai de casa. — Tina afirmou. — E a Cora anda fazendo tudo pra ele, claro, ela é obcecada.
— Vocês acham isso também?! — Ela se empolgou na fofoca. — Sério, como alguém pode ter causado isso tudo fazendo absolutamente nada?
— Porque ela vinha planejando isso. — Respondi prendendo o meu cabelo. — E aproveitou que ele anda confuso de tudo.
— Eu acho que ele queria que você ainda estivesse lá. — A nossa atenção foi toda para o Brian que estava no topo da escada. — Ele não pode ver ou ouvir o seu nome que já procura saber o que é. E no dia do SNL, ele dispensou a Cora, pois estava vendo você dançar na televisão. Já tentou falar com ele?
— Não, Bee. — Judy já percebeu de que não estou muito confortável.
— Ela não tem tempo, meu amor. — Ela olhou pra ele que assentiu. — E também, poderia dar em outra discussão e outras coisas. É melhor deixar quieto por enquanto.
Vi ela mexer nos ingressos e achei estranho. Ela tem um plano, só pode.
— Dak, são duas horas. — Tina me chamou, olhando para o seu relógio. — Nós temos que ir porque vamos pegar estrada no início da noite.
— Tudo bem, vocês terem vindo aqui fico muito feliz. — Judith se levantou com a gente e nos abraçou novamente. — Eu vou até a porta.
— Dakota, espere. — Ouço o Brian vir correndo em minha direção, quando já estávamos atravessando a rua. — Me responde uma coisa.
— Pode falar.
— Quando vocês vão entrar de férias?
— Eu não sei dizer, acho que depois do último show. Ainda não falaram nada sobre isso.
— Entendo, é que… você não me parece bem. Qualquer coisa pode falar.
— Okay. — Sorri e o loiro me abraçou. — Por que você acha isso? De que não estou bem?
— Porque eu percebo quando tem algo de errado em cada um de vocês. E eu não tô falando sobre o seu trabalho e nem do Carter. Fique atenta, okay? Se cuide. Até logo.
— Até, Brian. — Me afastei dele e fui até a Tina começando a andar.
Como assim eu não pareço bem? Será que a minha cara de cansaço não tá me valorizando? Ou é sobre o que fiquei ouvindo da mídia sobre mim até me deixarem em paz? Caramba, fiquei confusa agora.
Nick Carter
— Nick, teu celular está tocando. — Ouço a Cora e vejo que é a Judy. É melhor atender, senão ela não me deixa em paz.
— Oi, Judy. Como vai o bebê?
— Ela vai muito bem, sabendo como nos deixar acordados. — Respondeu e sorri fracamente. — Olha, eu tenho algo pra você.
— Pode ser mais específica, por favor?
— Tudo bem, é… em janeiro, no dia oito, todo mundo vai para Las Vegas passar uma semana lá, sabe? E a gente queria que você fosse com a gente, relaxar um pouco, curtir um pouco… nós sabemos que você não perde uma festa por nada.
— E como vai ser ainda em janeiro, por que tá me falando isso?
— É que estamos planejando há uns dias. E como os rapazes não queriam ligar pra você porque também são quatro idiotas, aqui estou eu convidando você.
— Mais alguém vai?
— Tina, Ally e Lucy vão, acabaram de confirmar e estão bem ansiosas. — Espero que ela não esteja me motivando de propósito a minha pergunta, olhei para os lados e nada da Cora, então…
— A Dakota vai?
— Ela disse que não, porque vai estar ocupada com as coreografias do último show da Beyoncé. Mas por favor, não vá por causa dela? Nós queríamos que você participasse disso, já que andou tão distante.
— Eu vou pensar sobre isso, Judy. Ainda estamos em outubro, dá pra planejar mais coisas nessa viagem. Quando tudo estiver certo, eu ligo pra você.
— Vou estar te esperando, Nick. Boa tarde.
— Boa tarde, Ju. — Desliguei e deitei a minha cabeça no sofá.
Alguma coisa dizia pra mim de que essa viagem não vai ser ruim. Está me dando um ânimo que eu não sentia há meses.
— Quem era? — Cora se sentou do meu lado, olhando pra mim.
— Judith. — Afirmei, olhando pra ela. — Ela me convidou para uma viagem em Las Vegas no próximo ano.
— E nós vamos?
— Eu não sei, tô pensando. — O ânimo foi embora agora. — Não sei se vai ter lugar para mais uma pessoa, mas como ainda tá longe, nunca se sabe.
— Eu tenho certeza que sim. — Ela sorriu e beijou o meu rosto. — Sempre existe lugar para mais um.
É, e seria da Dakota se não tivesse recusado.
— Ai Cora, talvez não seja uma boa ideia porque eles mal conhecem você.
— Você quer que eu não vá, né? Porque ela… vai estar lá.
Queria eu.
— Ela não vai.
— Eu ouvi você perguntar por ela, Nick. Você acha que eu não vejo o quão descarado você fica quando vê a cara dela na televisão?! Eu pensei que você tinha superado, já que está comigo.
Cora faz a mínima ideia de que eu penso que estou beijando a Dakota ao invés dela.
— E eu superei, Cora. Eu odeio me lembrar dela, pois me lembro da última vez que a vi pessoalmente e fico muito mal. Você não entende isso?!
— É que já fazem quatro meses que terminaram e você fica aqui no sofá ou deitado na cama olhando pro nada. Você sonha acordado pensando nela e teve uma vez que estávamos juntos e você falou o nome dela.
— Quer que eu fale a verdade, Cora?! — Me levanto. — Eu sempre vou amar a Dakota, não importa se ela é a minha ex, se está longe de mim. Você aqui em casa não é… não é bom pra mim! Eu nunca me senti tão incomodado dentro da minha própria casa, porque Dakota não está aqui. Fomos nós dois que escolhemos morar aqui e tem partes da casa que lembra das atividades que ela fazia. Você estragou o jardim dela, estragou a cozinha com a comida horrível que você faz que não se compara quando nós dois cozinhamos, e quando você deita na minha cama, a vontade de ir embora com o tamanho desconforto é grande. Eu tô cansado de te ver entrando na minha casa achando que tudo está perfeito! Eu tô cansado de ver você se aproveitando da minha vulnerabilidade pra fazer o que vier na sua mente!
— Você me amava! — Ela gritou ficando com a cara toda vermelha.
— No pretérito perfeito! — Gritei de volta. — No início eu achei que era só pena, mas eu não posso nem acordar direito que você já fica no meu pé perguntando com que eu estava sonhando, quem se importa?! Eu ainda estava digerindo o que tinha acabado de acontecer e você ficou relembrando coisas que fazem oito anos me deixando completamente confuso! Você Cora, estragou tudo! Eu perdi o amor da minha vida por sua causa! Se você não tivesse aparecido, eu ainda estaria ouvindo a voz dela pelo telefone, eu estaria sabendo se ela vai indo bem… eu estaria feliz só com isso. Mas isso não vai mais acontecer porque está tudo acabado! Eu sou um fodido mesmo.
Fui subir as escadas, limpando o meu rosto e senti ela me abraçar por trás.
— Nick, não fique assim. Eu quero muito te ajudar…
— Eu vi você no sótão ontem de noite. — Tirei os seus braços que envolviam a minha cintura. — E você pegou o mural de fotos da Dakota. O que você fez?
— Eu… estava arrumando lá em cima e como era uma coisa velha, eu joguei no lixo.
— O que você disse?! — Isso foi pra ter um infarto. — Você…
— Eu joguei fora, as fotos nem davam pra ver alguma coisa.
— Nunca mais pise nessa casa a partir de agora. Entendeu?! Ou quer que eu desenhe?
— Nick, eu sinto muito.
— Esse mural era a coisa mais importante dela! Só ela podia mexer naquilo. — Eu tô me sentindo sufocado. — Aquelas fotos têm um significado grande pra ela porque foi quando encontrou a sua família, que somos todos nós e você sem ter o que fazer, pôs as mãos e ainda teve a audácia de jogar no lixo?!
— Nick…
— A porta é bem ali, au revoir. — Fui andando e entrei no meu quarto, sentindo tudo ficar turvo depois de ter colocado isso tudo pra fora para quem merecia ouvir há um bom tempo.
Depois que me senti mais calmo, eu liguei para a Judy afirmando de que eu vou para Las Vegas. E agora, eu tenho uma missão a fazer: conseguir o perdão da minha garota.