Behind Blue Eyes

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Stiles Stilinski e Lydia Martin estacionaram e saltaram para a calçada. A manhã avançava e fazia quase quarenta graus naquela parte da Califórnia. O sol da manhã castigava a lataria escura do carro. Lydia Martin fechou a porta e acionou o alarme, não que tivesse medo de que o carro fosse roubado, conhecia aquela cidade como a palma da mão, da mesma forma que toda a cidade conhecia o casal. O casal número um de Beacon Hills. O desregulado filho do xerife e a queridinha filha dos Martin. Amados por uns enquanto outros contavam histórias estranhas sobre o tempo em que eles eram alunos do colégio de Beacon Hills e toda semana pessoas morriam dilaceradas.

Stiles esticou as costas em movimentos pouco confortáveis e assim ouviu o som que duas costelas, castigadas pela noite no banco do passageiro, fizeram. Ele tinha pouco mais de quarenta anos, não tinha mais idade para viagens tão repentinas. Tinha uma vida fora de Beacon Hills ou fingia ter.

—Tem certeza que o Argent marcou aqui? —Ela disse depois de examinar a sua volta e não encontrar nenhum outro carro naquele estacionamento.

—Sim. Esse lugar também me dá arrepios.

A construção a sua frente guardava segredos horrendos de tempos não tão distantes onde os noticiários daquela cidade de interior tinham como capa, todos os dias, ataques animais misteriosos. Quanto choro e praguejar aqueles tijolos tinham ouvido ao longo de anos? Ninguém saberia dizer. Stiles e Lydiam podiam apenas imaginar.

Então eles entraram num petshop fechado.

A porta não estava trancada por mais que a placa avisasse que voltariam depois do almoço. Lydia e Stiles encararam uma linha escura feita de poeira brilhante e desenhada no chão, na soleira da porta. Quando viram aquilo, que aos olhos desatentos pareceria apenas sujeira, mas a olhos atentos seria uma sujeira muito organizada, perceberam que o petshop estava fechado para um tipo específico de clientes.

Conheciam o caminho para os fundos, a sala de cirurgia e tomografia. Atravessaram a recepção e abriram as portas certas. O petshop era um conjunto de gaiolas vazias e sacos de ração fechados. Stiles e Lydia entraram na sala ampla, no fim do corredor, com uma maca no meio, a luz de cirurgia estava apagada e as bancadas vazias.

—Eu tava esperando outra coisa.

Uma música tocava no fundo, o volume era baixo e Lydia e Stiles não reconheceram a canção. Não se importaram, pois logo viram um homem na sala junto com eles.

Argent tinha envelhecido mais do que eles esperavam, em pé junto a luz da janela vestia um sobretudo de couro. Os poucos cabelos que sobraram estavam branco, de barba feita ele lembrava vagamente o pai, não fosse pelos olhos bem mais amistosos e confiáveis. Lydia correu para abraçá-lo.

—Armas. Muitas armas. Armas por toda parte.

—Também é bom te ver Stilinski.

—Qual é Chris, cadê todo aquele ar de mistério e ameaça? A parte de ficar nas sombras, de apontar uma arma pra gente ou até amarrar e tudo mais.

—A gente pode até voltar a brincar disso... —Argent se aproximou— Mas dessa vez Stiles eu não vou errar nenhum tiro.

Aqueles homens se encararam por alguns segundos para se abraçarem em seguida.

—Por que nos chamou aqui? —Lydia interrompeu os velhos conhecidos.

—Eles chegam amanhã, os outros. Os metamorfos. Eu queria um encontro com vocês antes disso. Como vai a pequena Allison?

—Bem, ela gostou do presente de quatorze anos.

—Que bom, mas espero que ela nunca precise usar o arco.

—Nós também. —Lydia meneou a cabeça.

Depois de alguns segundos de silêncio embaraçoso Argent continuou.

—Eu estava caçando algo no sul quando fui chamado pelo Deaton, assim como vocês, no meio da noite, sem mais informações, apenas um chamado para voltar pra Beacon Hills. A voz dele tremia e eu entendi o motivo quando vim pra cá.

Argent abriu uma pasta de papel pardo com fotos de lugares e pessoas de Beacon Hills sobre a mesa de cirurgia de aço inoxidável. Stiles e Lydia tentaram reconhecer alguém, mas os anos longe de tudo que se referia aquela cidade impossibilitaram a procura.

—Não existe nenhuma criatura sobrenatural em Beacon Hills há quase vinte anos, desde o que aconteceu com a Alcateia de vocês, e antes disso ao que aconteceu aos Hale. Beacon Hills esqueceu o sobrenatural, mas o sobrenatural não esqueceu Beacon Hills. As pessoas estão se transformando em metamorfos, de forma aleatória e por curtos períodos de tempo, nada de quimeras dos Médicos do Medo, nada de possessão de Nogetsune, nada de um Alfa novo, eu já chequei todas essas possibilidades. —Chris pegou uma das fotos, era a imagem de um braço magro e pequeno dilacerado— Uma criança de oito anos, com um estranho brilho amarelo nos olhos, quase devorou o braço de um amigo na escola.

Lydia pegou a foto para olhar mais de perto.

—Somos expulsos, mas eles sempre arranjam uma forma de nos trazer de volta. —Stiles cruzou os braços e ergueu o queixo, gostava daquela situação, gostava daquela maldita cidade que sempre precisava dos Stilinski.

—E o que estamos enfrentando? —Lydia deixou a foto de volta.

—Deaton acha que tem algo a ver com o Nemeton.

A temperatura na sala caiu ou foi o que os três perceberam.

—Não sabemos o que essa situação, ou essa coisa, pode causar aos nossos amigos que já estão transformados, mas o Deaton quer todos aqui em duas semanas. Eu consegui até mesmo falar com a Kira...

—Não foi só isso, você chamou a gente aqui pra dizer que a qualquer instante o Stiles pode virar um lobisomem sanguinário e me degolar enquanto durmo? Bom, acho que se você fez isso pra tentar me tranquilizar de algum jeito, não conseguiu.

Antes de sair Stiles ouviu o ruído longe de novo.

—Você é fã de música desde quando?

—Hábitos que surgem depois de velho... Ajuda a pensar que não se está tão só.

—Pode até ajudar, só acho que The Who não seja, sabe... O mais indicado pra isso, que tal Taylor Swift?

Argent sorriu, ao menos era isso que parecia. Os cantos da boca se afastaram, os olhos encolheram e o cenho enrugou para responder:

—Quem, diabos, é Taylor Swift?

O casal se despediu do velho caçador e saíram da clínica.

—Você dirige. —Lydia arremessou as chaves para Stiles do outro lado do carro.

De volta às ruas de Beacon Hills, Stiles procurava casas conhecidas, procurava um lugar onde pudessem ficar até o dia seguinte. Lydia apoiou a cabeça no vidro do carro e deixou que o vibrar do motor, através do vidro da janela, ressoasse na cabeça.

—Verdes... —Stiles não entendeu, continuou a dirigir sem tirar os olhos da rua— Os olhos do Argent são verdes.

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⏰ पिछला अद्यतन: Dec 20, 2018 ⏰

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